quinta-feira, 3 de julho de 2014

Gauld Rush

Sobre a contratação de Ryan Gauld                                                                                                     
O que significa para o Sporting a contratação de Ryan Gauld?

O Sporting terá provavelmente que vender 2 jogadores

Em primeiro lugar, os €2,5M + €0,5M por objetivos acordados com o Dundee fazem com que se trate da contratação mais cara da presidência de Bruno de Carvalho. Por um lado, significa que existe uma grande crença no potencial do jovem jogador e que deverá fazer parte do plantel principal já no imediato - um clube com as dificuldades do Sporting não pode gastar €3M num jogador para a equipa B. Por outro, juntando-se às contratações de Tanaka, Geraldes, Slavchev, Oliveira e Rosell, faz com que o clube já tenha à volta de €8,5M em novos jogadores para o plantel principal, o que significa que o Sporting terá obrigatoriamente que vender jogadores.

Não acredito que William, que é o jogador que previsivelmente renderá mais dinheiro em caso de venda, saia do Sporting já neste verão. O jogador com mais probabilidades de ser vendido é Rojo, não só pelo grande mundial que está a fazer, mas também pelo facto de ser um fundo o principal detentor dos seus direitos económicos. Se o Sporting vendesse Rojo por €20M (o valor mais alto que se vai falando nas especulações dos media, e que seria excelente), caber-nos-ia uma fatia de €5M, que não é suficiente para cobrir o que já gastámos em contratações. O Sporting terá provavelmente que vender ainda outro jogador.


Confirmação na aposta em mercados de menor visibilidade

Parece evidente que o Sporting descobriu nos mercados com menor visibilidade a forma de se reforçar sem ter que competir com outros clubes. Este ano fomos reforçar-nos ao Japão (Tanaka), EUA (Rosell), Bulgária (Slavchev) e Escócia (Gauld). No mercado de inverno fomos ao Egipto contratar Shikabala. No verão passado recrutámos Slimani num desconhecido clube argelino, Montero nos EUA e Maurício na 2ª divisão brasileira.

Parece-me uma atitude muito inteligente: é cada vez mais comum vermos jogadores das mais diversas nacionalidades nos campeonatos mais mediáticos, o que é sinal de que o talento está cada vez mais espalhado pelo mundo. Aliás, este mundial tem vindo a provar precisamente isso. Preconceitos de que os bons jogadores só podem vir da América do Sul ou da Sérvia já não fazem sentido - basta lembrar que o Porto descobriu Hulk na 2ª divisão japonesa.


Expetativas altas: o mini Messi

Não gosto deste tipo de alcunhas, porque põem automaticamente um peso enorme nos ombros do jogador e elevam as expetativas dos adeptos para níveis pouco aconselháveis. Não nos podemos esquecer que Gauld tem 18 anos e terá a sua primeira experiência num país que não o seu, em que o nível de competição é bastante mais exigente daquilo a que está habituado.

É verdade que se torna difícil não ficarmos entusiasmados com os vídeos do jogador que se encontram na internet, mas devemos estar preparados para a possibilidade de o Sporting optar por integrar o jogador de forma gradual nos convocados e depois no onze.

Consiga o Sporting ajudar o jogador a concretizar o enorme potencial que aparentemente tem e ficaremos certamente todos imensamente satisfeitos, mesmo não se tratando de um Messi. Messi só há um e pertence ao Barcelona.


Conflito com a aposta na formação?

Não há nenhuma incompatibilidade na contratação de jovens provenientes de outras origens que não Alcochete, com o princípio fundamental de aproveitamento da nossa formação. O talento nunca é demais, e surgindo boas oportunidades o Sporting deve procurar aproveitá-las.

No entanto, creio que o Sporting deverá sempre reservar espaço para integrar pelo menos 2 novos jogadores da formação no plantel principal. Por uma questão de cultura, para dar sinal aos jovens dos vários níveis da formação que o clube continuará a dar oportunidades aos melhores, e porque os nossos jogadores mais promissores nunca poderão atingir o seu potencial completo se não tiverem oportunidades para serem testados ao mais alto nível.

Segundo o que foi noticiado, Marco Silva incluirá na pré-época vários jogadores da formação: João Mário, Iuri, Chaby, Esgaio, Tobias e Semedo. João Mário já provou que está preparado, mas seria bom que pelo menos mais um destes jogadores ficasse no plantel principal. Os outros deverão ser colocados a rodar em clubes da primeira divisão (portuguesa ou estrangeiras) com quem tenhamos boas relações para crescerem e poderem ser opções válidas para 2015/16.