quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Capas que não fizeram história, nº 40: Iván, el Temible

                                                                                                                                                         
Outubro de 2013
Há muito, muito tempo, numa época distante em que um iluminado estudioso chamado Jorge ainda não tinha apresentado um dos seus célebres ensinamentos que ficaram para a história da humanidade, na qual expunha cientificamente que os jovens escudeiros teriam que obrigar as suas mães a parirem-nos mais 9 vezes antes de poderem ambicionarem ser cavaleiros de top, havia um rapaz chamado Ivan que começou a dar nas vistas na liga dos escudeiros.

Num piscar de olhos, os arautos do reino mandaram tocar os sinos a rebate e ocuparam as praças das principais cidades e vilas proclamando aos sete ventos que Ivan Cavaleiro, qual novo Barristan Selmy ou Jaime Lannister com duas mãos, tinha lugar nos torneios reais ao lado dos heróis que preenchiam o imaginário das indefesas e sonhadoras donzelas trancadas no alto de uma torre guardada por um maléfico dragão. Ivan, o Temível era o novo campeão dos fracos e oprimidos.

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Na realidade, tudo isto se passou há menos de 10 meses e todos estamos bem lembrados do vendaval mediático que os jornais fizeram ao reclamar uma oportunidade para Ivan Cavaleiro integrar o plantel principal do Benfica. Foi, na prática, o primeiro capítulo de uma obra que se poderia chamar Tudo o que Não se Deve Fazer ao Lançar um Jovem da Formação.

Perante um destaque desta dimensão (que não me lembro que tenha sido dado a algum jogador com 0 minutos na I Liga), era inevitável que as expetativas dos adeptos disparassem. Primeiro erro. Jesus acabou por ceder às pressões (mais internas do que externas, como é evidente, mas resta saber até que ponto é que o parceiro Cofina não fez um favor a Vieira para colocar pressão sobre o seu treinador) e lá promoveu o jovem ao plantel principal do Benfica.

Passados 13 dias desta capa de jornal, Ivan teve a sua primeira oportunidade contra o Cinfães, para a Taça de Portugal, num jogo em que foram utilizados 0 jogadores habitualmente titulares. Na prática foi outro jogo ao nível de um Benfica B, mas em que pode alinhar ao lado de vários suplentes da equipa principal. Alguns dias depois, o primeiro jogo a doer: o Benfica recebia o Olympiakos para a Liga dos Campeões, numa noite de tempestade, com um relvado completamente alagado. Os gregos venciam ao intervalo por 1-0. Ivan Cavaleiro estava no banco. Certamente que Jesus não cometeria a crueldade de lhe proporcionar uma estreia num jogo que estava a correr mal e com um terreno onde era impossível dar dois toques seguidos na bola. Certo? Errado. Jesus lançou mesmo Cavaleiro ao intervalo. Seguiram-se dois jogos para o campeonato a titular, mas foi sol de pouca dura. A partir daí Ivan Cavaleiro foi desaparecendo gradualmente dos jogos e das convocatórias.

Este ano, com a saída de um grande número de jogadores influentes, poder-se-ia espera que Cavaleiro pudesse ter mais espaço para se tentar impor. Nada disso. Ontem foi noticiado que vai ser emprestado ao Dep. Coruña, supostamente para ganhar minutos, mas já todos percebemos que dificilmente voltará ao Benfica. A partir de agora só haverá direito a Iván, el Temible.

No fundo, será uma espécie de Nélson Oliveira - parte II. Nélson, que para já vai se mantendo no Benfica à espera que outro clube o aceite por empréstimo. Será uma grande surpresa se Jesus efetivamente estiver a contar com ele para fazer parte do plantel.

Como representantes das camadas jovens do Benfica sobram Bernardo Silva, que parece ser uma imposição da direção do Benfica e a quem Jesus raramente dá oportunidades, e Cancelo e Teixeira, que ocuparam o lugar dos mundialistas no grupo de trabalho no início da pré-época e que continuam a fazer pela vida. Quantos deles ainda permanecerão no plantel principal quando a janela de transferências encerrar?