sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Rola la pelota!

                                                                                                                                                               
Após meses de notícias de especulações, contratações, rescisões e suspensões, eis que finalmente vai começar a bola a sério.

Como aperitivo para o jogo que realmente interessa, que decorrerá sábado em Coimbra, temos já hoje a estreia dos nossos rivais espanholeses da Invicta no seu primeiro jogo a doer da nova era.


Este Oporto, ou Puerto, como preferirem, está a fazer uma aposta considerável na época desportiva que hoje principia. Procederam a uma profunda renovação do plantel, mantendo um conjunto de jogadores de qualidade indiscutível (quem não gostaria de ter Jackson, Danilo, Alex Sandro ou Quintero no plantel?) e juntando-lhe uma série de reforços de créditos firmados que fazem com que, à primeira vista, seja a equipa que mais e melhores soluções apresenta no seu plantel.

Apesar disso, vejo o Porto como a maior incógnita do campeonato que agora começa. Não embarco na corrente de opinião de muitos comentadores que colocam o Porto uns bons furos à frente de todos os outros. Parece-me que ainda é cedo para dizer se isso é ou não verdade, pois existem muitas coisas que poderão correr mal na época do Porto (já chega de brincar com a espanholização do plantel), algumas das quais poderão impedir que o projeto de Lopetegui atinja o ponto de maturidade que os portistas desejam.

Em primeiro lugar, é inegável que o Porto está a correr riscos financeiros elevados com a engorda que fez ao plantel, e tem um teste fulcral já na próxima semana quando defrontar o Lille para o apuramento para a Champions. Pela experiência na competição, é natural que o Porto seja considerado favorito, mas não se podem fiar em ter jogos fáceis contra o 3º classificado da liga francesa (que ficou apenas atrás dos clubes dos bilionários). O Porto terá valores individuais superiores, sem dúvida, mas é uma equipa ainda em construção que enfrentará um adversário com valor e perfeitamente rotinado, pois conseguiu manter todos os titulares da época passada. Será portanto um desafio importantíssimo - e não se pode menosprezar o efeito psicológico e financeiro que uma eventual eliminação poderá provocar. Não é provável que aconteça, mas também não é impossível.

Depois há um ponto de interrogação chamado Lopetegui. Os princípios de trabalho podem ser bons, o pensamento estratégico para o futebol e a construção do plantel podem fazer todo o sentido no papel (tenho gostado de o ouvir nas conferências de imprensa), mas é um treinador sem experiência relevante de clubes, e muito menos de emblemas com a pressão para ganhar que existe no Porto. Para além da questão da gestão do balneário (é claro para todos que está a trazer jogadores SEUS, e isso poderá não ser bem aceite por outros que já lá estavam), será que Lopetegui está perfeitamente consciente do tipo de desafios e adversários característicos do nosso futebol que vai apanhar pela frente?

Para já estranho a falta de preocupação em ter um médio defensivo puro. Jogar com uma defesa alta e com um pivot com mais características de distribuidor do que varredor poderá ser um problema no momento de parar os contra-ataques adversários - e como sabemos, 90% dos equipas nacionais tentarão explorar esse tipo de situação de jogo até ao tutano.

Treinador novo, muitos jogadores recém-chegados, e demasiado trabalho ainda pela frente deixam a dúvida: teremos o temível Miúra anunciado ou um cabresto desorientado à imagem do fecho da época passada?

De saudar a inclusão de Rúben Neves no plantel - digo isto sem qualquer tipo de hipocrisia. É bom ver os nossos rivais apostarem na prata da casa, já que o futuro da nossa seleção dependerá muito do que os grandes fizerem nesse sentido. Para ser ainda melhor podiam vender Jackson e promover Gonçalo Paciência e o puto dos sub-19, para se dividir minutos entre os dois - ficaríamos todos a ganhar com isso. :)

Deixando as amabilidades de lado, resta-me desejar para o jogo de logo que o Marítimo espete uma ou duas bandarilhas no lombo da equipa da casa, para servir de aperitivo para um desaire nos jogos europeus contra os franceses. Seria interessante ver um Porto em modo de auto-destruição ainda em agosto...