quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O tempo dos faraós já vai longe...

                                                                                                                                                     
... e alguém esqueceu-se de o dizer a Shikabala.

Nunca tive muitas expetativas sobre aquilo que o egípcio poderia trazer para o Sporting. Na altura em que se anunciou a sua contratação preferi manter-me cauteloso porque vinha de um período demasiado prolongado sem competir e pelo feitio especial que se dizia que tinha. Mais tarde, devido à hesitação que Leonardo Jardim revelava em dar-lhe minutos, mesmo em jogos teoricamente mais acessíveis, o que seria sinal de que as carências táticas ainda estariam longe de ser compensadas pela fantasia e imprevisibilidade que seria as imagens de marca do jogador.

O único jogo oficial de Shikabala

Uma pré-temporada e um treinador mais tarde, Shikabala continuou a não demonstrar melhorias assinaláveis, mesmo tendo algumas oportunidades para jogar. O episódio da retenção no aeroporto foi outra bizarria inesperada que não augurou nada de bom para o futuro de Shikabala no clube - e confirmando-se que o jogador provocou a situação de forma consciente para prolongar a sua estadia no Egipto por mais alguns dias, deixa definitivamente de haver qualquer espaço para ele no Sporting.

Resta à direção procurar resolver rapidamente a situação, que será dificultada pelo problema dos quatro anos de contrato ainda por cumprir - olhando agora para essa decisão e sabendo o que se sabe, foi uma imprudência ter-se assinado um compromisso tão prolongado.

De qualquer forma não é nenhum caso para que se façam grandes dramas à sua volta: a direção viu em Shikabala uma oportunidade, arriscou e falhou. A intenção era boa - reforçar uma lacuna do plantel sem recursos financeiros - mas o resultado desiludiu. Sem dinheiro é mais fácil falhar do que acertar, mas felizmente o rasto deste tipo de falhanços acaba por não pesar muito nas finanças do clube. Que se tenham aprendido as lições devidas para que no futuro não voltem a acontecer.

P.S.: O mais curioso, no meio dos últimos desenvolvimentos, acaba por ser o facto de o comportamento de Shikabala ter sido denunciado por um dos empresários (Paulo Faria) que intermediou a vinda do jogador para Portugal. Este agente tem em carteira vários jogadores egípcios, mas também é o representante de Zezinho, que foi cedido ao AEL Limassol recentemente. Declarações destas não são feitas de forma inocente. O facto de o agente optar por se demarcar do jogador na praça pública significa que já percebeu que se trata de um caso perdido, preferindo salvaguardar-se junto da direção do Sporting para não comprometer oportunidades de negócio futuras.