quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Nem por linhas tortas se conseguiu escrever direito

Ao ver o onze que Mourinho escolheu para entrar em campo contra o Sporting, ficou imediatamente evidente que ou fazíamos o jogo da nossa vida, ou acabaríamos dependentes do resultado final na Eslovénia. Sim, o Chelsea deixou Hazard, Terry e Willian de fora, mas as poupanças ficaram-se por aí, com todos os outros pesos pesados que o mundo do futebol tão bem conhece. São, simplesmente, de outro campeonato - para se ter uma noção das diferenças, o miúdo inglês de 18 anos que entrou a 15 minutos do fim ganha €2M / ano (muito mais do que qualquer jogador do Sporting que não se chame Nani).

Para além da diferença de nível de plantel, também há a questão da diferença de experiência a este nível. Tudo somado, e ao fim de 20 minutos as nossas esperanças já se tinham transferido para o resultado que pudesse sair da Eslovénia.

Não foi hoje que a qualificação ficou comprometida. Os nossos rapazes bem tentaram dar a volta aos acontecimentos, mas a classe de um adversário tranquilo que nunca facilitou e a falta de inspiração de alguns dos nossos elementos dificilmente poderiam levar a outro desfecho mais favorável para o nosso lado.



Positivo

"... eu vou lá estar" - perdemos dentro das quatro linhas, mas ganhámos por goleada nas bancadas. Impressionante o apoio dos 3000 leões que estiveram no estádio. Pareciam 30000.

A serenidade de Paulo Oliveira - muito concentrado durante todo o jogo, demonstrou uma enorme lucidez nas abordagem aos lances e raramente perdeu num duelo com o adversário direto - fosse no centro do terreno fosse nas dobras a Esgaio. Excelente exibição de um jogador que aos poucos nos vai convencendo que é nitidamente uma parte da solução para aquele que tem sido o nosso maior problema está temporada.

Carrillo a fazer de Nani - uma primeira parte de grande nível, assumindo o papel de Nani na construção de jogo. Infelizmente os colegas não o ajudaram nessa difícil e ingrata tarefa. Na segunda parte baixou de produção mas esteve no 2º golo e ainda causou alguns calafrios à defesa adversária. 

Ressurgimento de Jonathan - bem mais assertivo que no passado recente, revelando uma boa dose de agressividade a defender e bastante mais consequente nas incursões pelo ataque. Tirou alguns bons cruzamentos e voltou a aparecer com alguma frequência pelo meio (naquilo que é uma das suas características diferenciadoras), de onde faria o golo do Sporting.


Negativo

As ausências não forçadas - na primeira parte foram vários os jogadores que simplesmente não apareceram, fosse por nervosismo ou por ação do meio-campo adversário. Mas a verdade é que Capel, João Mário, William e Slimani, apesar de terem trabalhado muito, exibiram-se vários furos abaixo do que seria necessário para um jogo destas características. Com bola estiveram quase sempre complicativos e pouco esclarecidos.

Aquele penálti de Esgaio - o miúdo pareceu acusar a responsabilidade da ocasião e teve muitas dificuldades em conter o jogo ofensivo do Chelsea pelo seu flanco. O penálti que cometeu foi desnecessário e certamente que não o terá ajudado a tranquilizar-se. Com o passar do tempo foi subindo de rendimento e acabou por terminar muito bem o jogo. Não merece ser crucificado pelo erro que cometeu - não é possível exigir-se muito mais de um jogador que nos últimos tempos tem estado em regime de exclusividade na equipa B. Espero que seja emprestado em Janeiro.


É uma desilusão ser eliminado e a Liga Europa não é para mim nenhum prémio de consolação, mas penso que podemos fazer um balanço positivo desta participação. Um conjunto de jogadores com pouca ou nenhuma experiência nestas andanças conseguiu dar muito boa conta de si num grupo com um tubarão e outra equipa que está habituada a chegar longe na Liga dos Campeões - e algumas vezes com brilhantismo. O crescimento de uma equipa também passa por isto.