domingo, 21 de dezembro de 2014

Pressão máxima

Há três dias atrás a situação não era simpática: atraso considerável para a liderança, quatro pontos de atraso para o 2º lugar e uma sequência de dois jogos com exibições pobres e resultados descoloridos que foram uma desilução para todo o universo sportinguista. Mesmo assim, ainda ia havendo alguma coisa a que nos podíamos agarrar: uma participação honrosa na Liga dos Campeões que nos permite continuar nas andanças europeias, continuidade numa Taça de Portugal cada vez com menos povoada com ameaças fortes à nossa progressão até ao tão desejado troféu, e a ideia de que se trata apenas de um ciclo menos positivo que em breve poderá ser quebrado com o regresso da equipa às boas exibições que caracterizaram os meses anteriores.

No entanto, após as declarações de Bruno de Carvalho, é inevitável que o jogo de logo seja disputado sobre um barril de pólvora com um fuso bem curto já ateado. As consequências de um mau resultado poderão ser devastadoras, e tornarão a semana dos sportinguistas num autêntico inferno, adivinhando-se uma semana de rejubilo para os Pratas, os Daniéis, os Goberns e os Rodolfos, entre tantos outros, e em que a especulação e a maledicência atingirão níveis absolutamente insuportáveis - e sempre atacando o lado mais sensacionalista possível, ou seja, uma eventual frágil posição do treinador.

Eu gosto de Marco Silva. É um treinador que não tem medo de assumir o risco, que procurou implementar um sistema de jogo mais arrojado e positivo que o de Leonardo Jardim - que já estava esgotado -, e acredito que é o homem certo no lugar certo. Como tal, será muito duro para mim (e creio que para a maioria dos sportinguistas) estar a ler e a ouvir repetidamente em como o seu lugar estará em causa ou em como já não há entendimento possível com o presidente - não sejamos ingénuos, quer seja ou não verdade, é isso que nos esperará ao longo da próxima semana.

Só há uma forma de atenuar o bombardeamento que nos espera, e isso será ganhando. Não ajuda ser num dos campos mais chatos que existem no nosso campeonato. O Nacional pode não estar a fazer uma carreira ao nível do que é habitual, mas Manuel Machado é um treinador que já nos causou vários amargos de boca no passado e que certamente procurará explorar as nossas debilidades sempre que tiver oportunidade.

Mas o resultado dependerá sobretudo da atitude com que os jogadores do Sporting entrarão em campo. Dando 45 minutos de avanço ao adversário, conforme tem sido demasiado comum, dificilmente a história acabará bem. O Nacional não nos vai deixar jogar à bola (adivinha-se uma arbitragem bastante permissiva do inenarrável Duarte Gomes), pelo que será fundamental compensarmos com uma concentração e espírito de sacrifício permanentes.

Qual dos Sportings entrará logo em campo? O macio e desinteressado, ou o aguerrido e motivado? Será inaceitável se não for o segundo.