segunda-feira, 27 de abril de 2015

Heróis da Catalunha


Há certos momentos na vida que nos marcam que nunca esquecemos. Lembro-me perfeitamente de há 31 anos ter passado uma noite na casa dos meus tios, sentado a um canto da sala com o meu pai a ouvir o relato daquilo que viria a ser a conquista da primeira Taça CERS da história do Sporting. Sim, leram bem, relato. O hóquei em patins era a 2ª modalidade mais popular em Portugal e as transmissões televisivas eram algo de extraordinariamente raro, pelo que a rádio estava sempre presente nas grandes ocasiões. Não víamos o jogo, mas isso não interessava: o sofrimento e a exultação nunca precisaram dos olhos para tomar conta de nós em momentos destes.

Os detalhes dessa noite foram desaparecendo da memória com o passar do tempo, mas o sentimento de alegria que vivi - e que viria a repetir-se um ano depois com a conquista da Taça das Taças - ficou guardado para sempre. Felizmente que acontecimentos deste calibre eram quase rotineiros naquela primeira metade da década de 80. Foi um verdadeiro privilégio para mim e para os outros miúdos sportinguistas da minha geração que cresceram a poder admirar figuras como Livramento, Ramalhete, Agostinho, Chagas, Lopes, Mamede, Lisboa ou Manuel Fernandes. 

31 anos depois, as responsabilidades familiares são outras pelo que não pude dar-me ao luxo de ficar sentado a um canto da sala durante duas horas a ver a final da Taça CERS. Os relatos de hóquei já são coisa do passado, mas hoje fui acompanhando como pude através do tablet ou do telemóvel em várias divisões da casa. Fosse pelo canto do olho nos momentos mais atarefados, fosse totalmente focado nos momentos livres, sofri e vibrei com os heróis da Catalunha que ganharam hoje o direito de figurar na gloriosa história deste grande e centenário clube.

Tive o privilégio de ver uma equipa de verdadeiros leões, escudada por uma exibição de antologia de Ângelo Girão, que conseguiu, contra todas as adversidades - incluindo uma arbitragem inacreditável que conseguiu não marcar diversas faltas que seriam a 10ª do Reus durante o final do tempo regulamentar e todo o prolongamento -, devolver-nos a glória europeia que, há dois anos, parecia uma autêntica impossibilidade. Deram um exemplo de esforço, dedicação e devoção para o qual todos os atletas do clube devem olhar - nomeadamente os do futebol.

Esta equipa merece uma receção digna do feito que alcançaram, no aeroporto às 13h. Quem não puder lá estar pode agradecer-lhes de uma forma igualmente importante: contribuir para a Missão Pavilhão. Estes rapazes (sem esquecer os do futsal, andebol, e de todas as outras modalidades) justificam todo o nosso apoio.

Para quem não viu, aqui ficam os vídeos com a marcação dos penáltis, a entrega do troféu e as entrevistas no final.


Penáltis

Entrega do troféu

Entrevistas