quinta-feira, 14 de maio de 2015

A notável recuperação dos juniores

Depois de uma participação dececionante na Youth League que envolveu várias derrotas pesadas, depois de uma surpreendente troca de treinador (José Lima por Luís Boa Morte) e depois de uma primeira fase do campeonato de juniores em que terminámos a 20 pontos do Benfica, seriam poucos aqueles que acreditariam que o Sporting teria capacidade para estar a disputar a conquista do título a uma jornada do fim.

A verdade é que a janela de transferências de janeiro foi bem aproveitada para arrumar a casa - à semelhança do que também aconteceu na equipa B: após a renovação de contrato, Matheus Pereira foi integrado em part time (tem passado a maior parte do tempo na equipa B), foram contratados Touré e Dialló ao Oeiras, mas também se conseguiu recuperar a confiança de vários jogadores que agora vemos a jogar no máximo das suas capacidades - com destaque, na minha opinião, para o capitão Rafael Barbosa.

O Sporting está neste momento a 2 pontos do Porto (chegámos a ter 10 pontos de desvantagem à 8ª jornada) mas arrancou para uma ponta fina de prova absolutamente notável, que só não foi ainda mais positiva por termos sido espoliados de uma vitória em Barcelos devido a um penálti inexistente aos 98 minutos (!) de jogo.


Não fossem estes dois pontos, e estaríamos hoje a depender apenas de nós próprios para conquistar este título.

Ontem, os rapazes voltaram a conquistar mais 3 pontos ao vencer por 3-1 em Vila do Conde, e só não passaram para o 1º lugar porque o Porto, a jogar com 10, conseguiu virar o resultado contra o Guimarães a poucos minutos do fim. A Sporting TV mostrou poucas imagens do jogo com o Rio Ave (nem sequer de todos os golos), mas aqui fica o que foi transmitido, incluindo as entrevistas a Luís Boa Morte e Matheus Pereira.


Na última jornada recebemos o Benfica em Alcochete e o Porto desloca-se a Barcelos para defrontar o Gil Vicente, que é o 3º classificado (mas que já não tem hipóteses de vencer o campeonato). Para ser campeão, o Sporting precisa de vencer o seu jogo e ficar à espera que o Porto não ganhe em Barcelos. Numa situação de igualdade pontual a vantagem é do Sporting, pois respondeu na 2ª volta com uma vitória por 2-0 no Olival a uma derrota por 2-1 em Alvalade na 1ª volta.

Atendendo a tudo o que se passou com esta equipa, gostaria de deixar as seguintes reflexões:
  • Em primeiro lugar, e independentemente do desfecho do campeonato, há que reconhecer o bom trabalho feito por todo o grupo (jogadores, técnicos e dirigentes) na inversão de um percurso bastante negativo e depressivo. Foram alvo de inúmeras críticas vindas dos mais variados quadrantes - comunicação social e comentadores, que rapidamente passaram uma certidão de óbito à qualidade da nossa formação, a troça dos rivais do cubo mágico devido aos 20 pontos de avanço que alcançaram sobre nós na 1ª fase, e também - há que dizê-lo - de nós próprios, os adeptos sportinguistas.
  • O mais importante continua a ser a preparar os jovens de forma que um dia tenham capacidade para subir à equipa principal. Um desígnio de que o Sporting Clube de Portugal se orgulha e cujos resultados ao longo das últimas décadas são ímpares no panorama nacional. Conquistar títulos nas camadas jovens será a cereja no topo do bolo - não há nada melhor que formar, vencendo - mas não é de todo fundamental. Figo e Cristiano Ronaldo ganharam apenas um título cada (o primeiro nos iniciados e o segundo nos juvenis), mas não se pode dizer que essa escassez de conquistas nas camadas jovens tenha sido propriamente desastrosa para o seu desenvolvimento enquanto jogadores.
  • Os bons resultados que os juniores e os iniciados estão a conseguir (e que poderiam estar a ser também alcançados pelos juvenis se tivessem tido um pouco mais de sorte na 1ª fase) não invalidam que existam aspetos a melhorar pelo Sporting na forma como se trabalha em Alcochete. Isso já foi assumido pela própria direção, que reconheceu a necessidade de voltar a montar uma rede de scouting eficaz e concretizou alterações na estrutura do futebol jovem (que envolveu não só treinadores, como também o próprio coordenador técnico). Fica o desejo que as mudanças tenham os efeitos pretendidos e que exista estabilidade para continuarmos a manter a melhor formação em Portugal - que ao contrário do que muitos tentam vender, continua a ser a nossa. O dinheiro não compra cultura.