quinta-feira, 9 de julho de 2015

Contratações cirúrgicas

Este verão não tem sido pródigo em movimentações de mercado para os lados de Alvalade. E ainda bem. Parece que estamos a assistir a uma inversão da política que foi seguida no último defeso: aquisições em quantidade que consistem sobretudo em jovens desconhecidos de preço relativamente reduzido, mas que todos somados acabam por totalizar uma verba nada negligenciável. Uma estratégia bastante discutível, ainda para mais atendendo ao facto de que o Sporting 2014/15 teve que se desenrascar sobretudo com o plantel que já vinha da época anterior, acabando por pagar caro a falta de alternativas no banco nas fases de maior exigência.

Pior é quando comparamos o rendimento desses reforços desde a sua contratação com a evolução que os jovens da nossa formação revelaram no mesmo período de tempo. Confrontando um Rabia com um Palhinha, um Slavchev com um Wallyson ou um Francisco Geraldes, um André Geraldes com um Riquicho, um Dramé com um Iuri, ou um Sacko com um Gelson, fica bem claro que os jovens estrangeiros - por mais potencial que possam ter - precisam de passar por todo um processo de adaptação a um novo clube, futebol e cultura que a prata da casa já traz no software base.

Não quer dizer que alguns deles não possam vir a ser úteis, mas para já o saldo não lhes é propriamente favorável.

Voltando a falar na nova época, o Sporting apresentou apenas dois reforços até ao momento. O primeiro foi o desconhecido Azbe Jug, que chegou a custo zero poucos dias depois do final da época passada, e cuja contratação parecia indiciar uma continuidade da aposta em jovens estrangeiros e baratos para desenvolver. Parece óbvio que o esloveno não foi contratado para ser titular. Na melhor das hipóteses vem para ser a alternativa a Patrício no caso de Marcelo sair.

Entretanto as semanas foram passando sem qualquer novidade. Muitos rumores, vários jogadores que estiveram por horas, mas nada fechado. Mas o perfil dessas hipóteses parece mostrar que este defeso a estratégia privilegia as tão faladas contratações cirúrgicas, ou seja, a ideia passará por concentrar o dinheiro disponível num número reduzido de jogadores que acrescentem de imediato valor ao plantel em posições que estejam pior servidas. 

Bryan Ruiz é claramente um desses casos. Jogador muito experiente, com provas dadas, e que acima de tudo parece encaixar na perfeição no sistema de jogo de Jorge Jesus. 1 milhão de euros pela transferência é um valor bastante acessível, apesar de ser certo que o salário esteja ao nível dos mais bem pagos do plantel.

Fala-se também insistentemente em Teófilo Gutierrez e Van Wolfswinkel. Não conheço bem o colombiano, mas o facto de ser presença habitual na seleção colombiana é um bom cartão de visita. Fica a dúvida no entanto de nunca se ter conseguido impor no futebol europeu. Quanto ao holandês, não morro de amores pelo seu regresso. É verdade que marcou muitos golos de rampante ao peito - mesmo na pior época da nossa história -, mas vejo-o como um jogador pouco combativo e intenso para aquilo que o nosso ponta-de-lança deve ser. Para além disso, as últimas duas épocas não lhe correram nada bem, pelo que não deve ser melhor jogador agora do que quando nos deixou. Se vier, que seja por empréstimo com opção de compra. Os 5 milhões de que se fala para a transferência parecem-me um exagero. E os 2,6M de salário anual que pediu (mais 1M que o valor previamente acordado com o Sporting) são um exagero face ao rendimento que podemos esperar dele.

De qualquer forma, qualquer um destes jogadores será um upgrade para o plantel, pois necessitamos de um homem de área que seja uma verdadeira alternativa a Slimani - algo que nem Montero nem Tanaka são verdadeiramente.

Resta referir que estamos numa fase em que o tempo joga contra nós. O mês de agosto será demasiado importante para deixarmos arrastar a maioria dos processos até ao fim da janela de transferências.

Arrumar a questão do ponta-de-lança, renovar com Carrillo, contratar um defesa direito para ser titular e mais um central para lutar por um lugar no onze com Paulo Oliveira e Ewerton. Depois disto, por mim fechava a loja.