segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Justiça poética a castigar o de(lito)

Como se esperava, o jogo não foi bonito. O Sporting defrontou um Arouca bem organizado, que soube tirar o melhor proveito de um relvado impraticável que tornava qualquer tentativa de combinação de ataque dos nossos jogadores uma missão praticamente impossível. Mas também houve demérito nosso, pois perante a sólida muralha amarela que enfrentávamos talvez se aconselhasse a partir de certa altura a colocação de mais jogadores na área e um futebol mais direto. E numa altura em que já se adivinhava o 0-0 final, Lito Vidigal decidiu mexer com o jogo de forma inadvertida ao expulsar Naldo e baralhou a estratégia da sua equipa: o Arouca, perante a recém-conseguida superioridade numérica, esticou-se mais no terreno e colocou mais jogadores em pressão mais adiantada, o que acabou por ser decisivo para que Ruiz, Montero e Slimani tivessem o espaço necessário para construir o golo da vitória.



Positivo

O golo - pelas circunstâncias em que aconteceu, é um daqueles momentos que também fazem parte da construção de um campeão. A tal estrelinha, se preferirem. Aos 90 minutos, Ruiz vê Montero a desmarcar-se e pica a bola por cima da defesa. O colombiano controla-a de forma perfeita e tenta o remate, que é bloqueado por Velasquez. Mas a felicidade acompanhou-nos nesse momento, pois a bola faz um segundo ressalto em Hugo Basto e acaba por ficar mesmo à frente de Slimani, que vinha em corrida de trás e deu o pontapé que nos assegurou três pontos preciosíssimos.

João Mário e William - João Mário foi sempre o jogador mais esclarecido na construção de lances de ataque. Teve que desempenhar várias funções durante os 90 minutos, esteve incansável no apoio à defesa e foi . William teve uma primeira parte pouco feliz ao nível do passe, mas na segunda parte arrancou para uma exibição seguríssima que foi decisiva para matar a maior parte das iniciativas atacantes do Arouca.

A gestão do plantel - sim, é verdade que o golo apareceu de uma forma algo fortuita, mas será que jogadores como Bryan Ruiz e Slimani teriam tido a mesma disponibilidade física ao fim destes 90 minutos se tivessem jogado na Albânia? Nunca saberemos a resposta, mas acredito que 180 minutos de competição em dois batatais separados por 3.000 kms no espaço de dois dias poderiam deixar algumas marcas - marcas essas, que poderiam ser suficientes para que não tivesse existido este bocadinho suplementar de força, resistência e esclarecimento que nos ofereceu os três pontos ao cair do pano.


Negativo

Lito Vidigal - reconheço-lhe mérito na forma como organiza as suas equipas - que são sempre um osso duro de roer (no ano passado não lhe ganhámos nenhuma vez em três ocasiões) -, mas teve uma atitude absolutamente vergonhosa ao provocar Naldo, atitude que acabaria por estar na origem da expulsão do brasileiro. Exige-se um castigo exemplar por parte da FPF, caso contrário qualquer elemento que esteja no banco pode começar a achar que compensa tentar provocar a expulsão de um jogador que esteja em campo. Pelo de(lito) cometido, a forma como acabou por perder o jogo soa a justiça poética.

Adrien - o capitão não teve um jogo feliz, cometendo demasiadas perdas de bola em lugares "proibidos" que poderiam ter causado problemas à nossa defesa.

Teo - depois de três jogos consecutivos a marcar, ficou em branco. Apesar dos golos que vai acumulando, continuo a não estar convencido em relação ao seu estatuto de titular: complica frequentemente e hoje esteve particularmente infeliz nas poucas ocasiões que teve para rematar.

A expulsão de Naldo - é verdade que foi provocado, mas não podia reagir daquela forma. Para além disso, podia ter comprometido quando derrubou perto do fim um adversário na área após se desequilibrar.



Uma vitória importantíssima que permite atravessar a pausa das seleções e a preparação do jogo com o Benfica com tranquilidade e confiança. Não é difícil imaginar a avalanche de críticas que cairia sobre a equipa e sobre Jesus caso não saíssemos de Arouca com a vitória...