quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Alguém tinha que perder

É uma pena que um enorme jogo de futebol como foi este tenha ficado marcado por erros de arbitragem que acabaram por ter (óbvia) influência no resultado final. Foi um grande Sporting, foi um grande Braga, foi um grande jogo. E, na minha opinião, nem o árbitro merecia os erros que cometeu. 

Ao longo de várias décadas de roubos descarados vamos ganhando uma sensibilidade especial para perceber quando um árbitro nos quer prejudicar propositadamente, e sinceramente não me pareceu o caso de Fábio Veríssimo, mesmo considerando que os principais erros que cometeu foram a nosso desfavor.

Custa ser eliminado da Taça depois de termos jogado tão bem? Custa. Mas por outro lado é impossível não ficarmos confiantes para o que resta da época depois de vermos uma exibição tão personalizada como a desta noite. E aposto que houve muito boa gente de outros clubes a ficar preocupada. Não só pelo que o Sporting jogou, mas também porque são menos três jogos de intensidade elevada que vamos ter que fazer no resto da época. Considerando as limitações físicas de determinados jogadores do plantel do Sporting, as nossas aspirações para o campeonato agradecem essas folgas forçadas entre fevereiro e abril.


Positivo

Que jogo! - duas equipas a praticarem um futebol de grande qualidade - não estarei a cometer uma grande incorreção se disser que são as duas equipas que melhor jogam em Portugal -, dinâmicos e criativos no ataque, pressionantes e concentrados na defesa, com várias oportunidades de golo para ambos os lados, grandes golos, três reviravoltas no marcador e emoção até ao último minuto. Foi um hino ao futebol, de longe o melhor jogo da época até ao momento em Portugal.

Leões no campo, leões na bancada - depois do 2º golo do Braga apercebi-me, apesar do fraco som ambiente da transmissão, do incrível apoio leonino que vinha da bancada. Os jogadores conseguiram reagir rapidamente ao golo sofrido, mas foram os leões que estavam presentes no estádio não deixaram de demonstrar imediatamente que acreditavam na equipa. Como sempre: na rua, no estádio, onde for...



Negativo

Os erros de arbitragem - infelizmente são incontornáveis dois erros que tiveram influência direta no resultado final. No lance do 1º golo do Braga há uma falta clara sobre o William, no momento em que o Braga recebe a bola e lança o contra-ataque. E há um golo mal invalidado a Slimani, pois o argelino não estava em fora-de-jogo. Não quer dizer que o Braga não tivesse hipóteses de disputar o resultado, mas podemos afirmar com grande grau de certeza que estes erros nos custaram a eliminatória. E, já agora, os dois minutos de descontos dados no final do prolongamento foram absurdos. Por que é que, apesar de tudo isto, acho que a arbitragem não foi mal intencionada? Porque pareceu-me que Fábio Veríssimo dirigiu bem o encontro, foi consistente nos critérios disciplinares, e resistiu sempre à pressão enorme que era feita pelos bracarenses sempre que um dos nossos amarelados fazia uma falta. Tenho a certeza que o Duarte Gomes do dérbi da Taça de há dois anos ou o João Capela do dérbi do campeonato de há três anos, ou o Jorge Sousa e o Pedro Proença das nossas visitas ao Dragão nunca deixariam que chegássemos ao fim da partida com onze jogadores.

A forma como sofremos o 3º golo - a nossa exibição foi altamente personalizada, mas creio que tivemos excesso de confiança na forma como gerimos a vantagem após o 3-2. Continuámos a meter demasiada gente na frente, mesmo sabendo que os 2 golos do Braga tinham surgido depois de transições rápidas. E no 3º acabou por ser igual. Perda de bola, contra-ataque e a nossa defesa não se conseguiu organizar a tempo. Com um pouco mais de pragmatismo, talvez tivéssemos saído de Braga com a vitória.

As limitações físicas do plantel - é um problema que não podemos ignorar: jogadores como Ruiz, Aquilani, Jefferson e Ewerton têm limitações físicas e não aguentam 90 minutos de alta intensidade. Isso não só limita a performance da equipa em campo como também as opções do treinador para mexer no jogo. Daí que talvez não se compreenda a retirada de João Mário (apesar de não estar a ter uma exibição ao seu nível), que poderia ser importante para o prolongamento. Por outro lado, não podemos censurar Jesus por ter tentado ganhar o jogo em 90 minutos, e a verdade é que não esteve muito longe de o conseguir. 



Não consigo explicar porquê, mas fiquei 5 vezes mais chateado com os empates com o Paços e com o Boavista. Não tem nada a ver com a competição em si, porque a Taça de Portugal era o 2º objetivo da época e é uma desilusão enorme não podermos continuar a lutar pela sua revalidação. Mas olho para esta equipa e vejo que tem uma qualidade e personalidade que nos poderão dar alegrias ainda maiores.

Nunca mais é domingo...