quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Dia de tributo ao jornal A Bola, capítulo I: Laços de solidariedade

As últimas semanas têm sido pródigas em acontecimentos, pelo que algumas reações que se têm registado na nossa imprensa - e que em condições normais seriam referidas aqui - não tiveram o reconhecimento que mereciam da minha parte. Quero corrigir essa injustiça, em particular a um órgão de comunicação social que tem estado fortíssimo nos últimos meses: o jornal A Bola.

Como tal, dedicarei vários posts ao longo do dia como tributo ao magnífico trabalho que Vítor Serpa, José Manuel Delgado e Fernando Guerra têm desenvolvido no mais antigo diário desportivo ainda em circulação.

Capítulo I - Laços de solidariedade 
22 de dezembro de 2015


Nada como duas derrotas consecutivas do Sporting e uma vitória difícil do Benfica sobre o Rio Ave para trazer ao de cima o poeta e o hipócrita que existe dentro de Fernando Guerra. Quando uma pessoa que, ao que se diz, já foi (e continuará a ser?) presença em reuniões de Estado do Benfica e que é, à vista desarmada, um dos mais convictos promotores das virtudes do vieirismo (o que não é fácil, considerando a falange de graxistas e avençados que pululam por aí), fala na tentativa da máquina de propaganda do Sporting em abater o Benfica, só pode ser mesmo um enorme hipócrita. Se existe algum tipo de comunicação concertada do Sporting para fazer passar uma determinada mensagem (vulgo propaganda), é porque foi necessário reagir de alguma forma à barragem incessante de propaganda benfiquista que tinha como alvo o Sporting e o seu treinador. Propaganda benfiquista que, como todos sabemos, tem em Fernando Guerra um dos seus principais coronéis e no jornal A Bola uma das suas principais armas.

Regressando ao texto de Guerra: todo ele é uma ode à força da família benfiquista em manter-se firme, que se destaca das famílias de outros emblemas por ser "capaz de resistir a resultados agrestes e de compreender a importância da mudança que está a ser operada na política do futebol". Referiu ainda a "cultura muito própria que conduz ao reforço dos laços solidários nos períodos de maior perturbação".

Que bonito. Aliás, apenas seis dias antes da publicação deste texto de Fernando Guerra, o país já tinha tido a oportunidade de ver a força desses laços solidários, quando Rui Vitória e o plantel saíram do estádio após o empate com o União da Madeira:


Guerra deve ter-se esquecido de tomar o Memofante. Assim como se esqueceu do que têm sido os favorecimentos que a arbitragem tem concedido ao Benfica nos últimos dois anos. A referência a "arbitragens infelizes" - assim mesmo, em itálico, que é como quem quer insinuar outra coisa - é de uma desonestidade horrível para um indivíduo que devia manter um certo nível de isenção e equilíbrio.

Uma última observação: quando Fernando Guerra se refere à mudança que está a ser operada no futebol do Benfica, presume-se que esteja a falar, por exemplo, da anunciada redução de orçamento (que, até ver, tem sido muito suavezinha) e na aposta da prata da casa imposta por Vieira. Segundo o jornalista, a compreensão dos benfiquistas em relação a este processo é aquilo que os diferencia dos adeptos de outros emblemas. 

Eu esperaria para ver como será o nível de compreensão se não ganharem campeonatos. Uma coisa sei: o Sporting já teve que passar por um processo muito mais violento e doloroso, durante um longo jejum de títulos, e nem por isso perdeu o apoio dos seus adeptos. Mais uma vez, a memória a falhar a Fernando Guerra. Em itálico, pois claro.