terça-feira, 1 de março de 2016

18 milhões de prejuízo

Ter 18 milhões de prejuízo é sempre um fator de grande preocupação, mas há que perceber uma coisa essencial: este buraco nas contas não é crónico e deve-se na sua esmagadora maioria a um factor extraordinário que não mais se irá repetir. Falo, claro, da decisão do caso Rojo.

Na época passada, por motivos políticos, a administração do Sporting decidiu não constituir a provisão que anteciparia os prejuízos de uma eventual decisão negativa no TAS. Tivesse sido tomada a opção de colocar a provisão, o Sporting apresentaria em 2014/15 um lucro de cerce de €5M em vez dos €19,3M com que se fechou as contas.

A opção tomada foi a que foi, e por isso a provisão foi agora constituída, afetando por isso as contas de 2015/16. No R&C pode-se ler que 14,2 dos €18,1M de prejuízo dizem respeito ao processo Doyen. Não fosse isso, o prejuízo teria sido de €3,9M.



Do ponto de vista estrutural, isto significa que as finanças do clube continuam relativamente equilibradas. Não totalmente equilibradas, porque isso implicaria a não existência de prejuízos. Mas é preciso recordar que:
  • O Sporting não se qualificou para a Liga dos Campeões
  • O Sporting não vendeu nenhum jogador importante no 1º semestre de 2015/16
  • O Sporting ainda não está a considerar as receitas do patrocínio da NOS, que só entrou em vigor em 1 de janeiro de 2016


Ou seja, apesar de ter havido um disparo nos custos com pessoal - para cerca do dobro em relação a 2014/15 -, e apesar de não haver a receita extraordinária da Champions ou da venda de jogadores chave, o clube conseguiu encontrar receitas que tornam a situação perfeitamente controlada - a parcela da renegociação com a PPTV acabou por ser particularmente importante.

Claro que, graças a esta situação da Doyen, haverá provavelmente que vender um jogador para cobrir o buraco criado. Mas isso é uma situação perfeitamente normal na vida de um clube. Não estamos a contar que jogadores como Slimani, William ou João Mário acabem a carreira no Sporting. A boa notícia é que bastará vender um deles para regularizar este desequlíbrio das contas. Depois disso, o problema desaparecerá em definitivo.

São 18,1 milhões de prejuízo que, por exemplo, pouco têm a ver com os 17,6 milhões de prejuízo que o Porto apresentou. O Porto, mesmo tendo vendido Alex Sandro em 2015/16 por €26M e participado na Champions, acumulou em Outubro, Novembro e Dezembro uns desastrosos €27,2M de prejuízos (o clube tinha apresentado um lucro de €9,5M no primeiro trimestre), sem que nenhuma despesa extraordinária tivesse ocorrido.

Nos próximos dias farei a habitual série de posts sobre os R&C, abordando com maior detalhe os pontos mais importantes das contas apresentadas pelos três grandes.