quinta-feira, 14 de abril de 2016

Notas soltas sobre os quartos-de-final da Champions

1. Desde que a UEFA abandonou o antigo formato da Taça dos Campeões Europeus e criou a Liga dos Campeões (já lá vão 23 ou 24 anos), nunca nenhum clube conseguiu vencer a competição em dois anos consecutivos. Com a eliminação do Barcelona, essa tradição manter-se-á esta época. Não estou a ver competição, seja em que modalidade for, em que exista esta tendência. Esta estatística é o melhor tributo possível à competitividade da Champions. De lamentar, apenas, que a disputa pela prova esteja cada vez mais restrita a um pequeno conjunto de clubes endinheirados. Imaginem o que seria se as condições financeiras fossem mais equilibradas entre todos.

2. Em cima dos 90', há um penálti claro não assinalado a favor do Barcelona que, tendo havido decisão correta, muito provavelmente levaria a eliminatória para prolongamento. Antes, no entanto, já Iniesta devia ter sido expulso e Suarez também devia ter ido para o balneário mais cedo. Na Luz, Javi Martinez deveria ter sido expulso por falta sobre Gonçalo Guedes, que seguia isolado. Incrível como se chegou a 2016 sem que se tenha implementado o vídeo-árbitro no futebol. Quantos jogos e, em última análise, competições, teriam tido uma história diferente caso se tivesse dado mais cedo a decisão de implementar as novas tecnologias no futebol?

3. Depois do hat-trick de ontem (e estando a arrasar na lista de melhores marcadores da Champions), com o Real com bons argumentos para vencer a Champions e com o Barcelona em queda livre, Cristiano Ronaldo viu, num curto espaço de tempo, disparar as hipóteses de vencer a sua 4ª bola de ouro. Não lhe fugirá se vencer a Champions e levar a seleção longe no Euro 2016. Se conseguir manter a sua melhor forma até ao final da época, tudo é possível.

4. O Atlético Madrid acaba por ser um outsider no meio dos zilionários Real, City e Bayern, mas não há palavras para descrever aquilo que Simeone tem conseguido fazer com recursos incomparavelmente inferiores. Depois do pequeno milagre que foi a carreira feita em 2013/14 (em que conquistou La Liga e ficou a um mínuto de ser campeão europeu), eis o Atlético novamente a lutar nas duas frentes até ao fim.

5. O Benfica foi eliminado, como seria expectável, mas superou as expetativas generalizadas neste duplo confronto com o Bayern. Foi uma equipa muito competente e solidária sob pressão (atributos que já tinha demonstrado em Alvalade) perante uma das melhores equipas europeias. O Bayern pode ter muitos jogadores fora de forma, mas disso o Benfica não tem culpa.

6. Convém, no entanto, que não se faça um filme de jogo / eliminatória que não existiu. O Benfica fez o jogo que lhe interessava, conhecendo bem as suas limitações, correndo muito poucos riscos, e está de parabéns por isso. Mas não faz qualquer sentido que se diga que jogou de igual para igual (ou de olhos nos olhos) com o Bayern. As estatísticas da partida desmentem essa argumentação.

(via goalpoint.pt)

7. Rui Vitória optou por não colocar Mitroglou e Gaitán. Ou seja, ao não arriscar a inclusão de dois jogadores-chave num jogo absolutamente crucial, demonstrou que está mais preocupado com o campeonato - o que é perfeitamente natural. Pena apenas que o jogo não tenha ido para prolongamento, sempre era mais desgaste físico acumulado.

8. Palpita-me, depois dos excelentes jogos feitos por Ederson nestas partidas de exigência máxima, que a famosa caneta Montblanc que Júlio César irá usar para rubricar o novo contrato nunca irá aparecer. E também me parece que Luisão será encorajado a ir procurar a sua própria caneta Montblanc para a China.

9. O hiper-hype à volta de Renato Sanches é uma desconsideração para o futebol. Mais uma vez - pode ser defeito meu -, não consegui ver nele nada de extraordinário que não seja a sua capacidade física e disponibilidade para o confronto corpo-a-corpo. De resto, continua a defender com os olhos se não estiver a perseguir o portador da bola - é ver aquilo que (não) fez no golo de Vidal -, gosta de forçar duelos em posse que demasiadas vezes acabam com a perda de bola - algumas das quais em zonas pouco recomendáveis -, e pouco eficaz no passe médio / longo. Tem tempo para evoluir, mas para já está muito, muito longe daquilo que certa imprensa diz que é.

(via squawka.com)


10. :)