quarta-feira, 25 de maio de 2016

Capas que não fizeram história, nº 54: E vão quatro!

Já se sabe que A Bola é um jornal com lealdades muito bem definidas. Dias de jogo à parte, a atenção da publicação liderada por Serpa, Delgado e Guerra costuma ser dividida entre Benfica, Benfica e Benfica. No caso de haver um slow news day para as bandas da Luz, lá acabam por pintar as capas de verde, só para desenjoar. Capas com o Porto, apenas quando o rei faz anos. 

Sim, capas com o Porto são uma autêntica raridade. Quando acontecem, normalmente é por uma de três razões: ou o assunto é absolutamente incontornável (como a troca de treinador, a participação na final da Taça de Portugal ou o rescaldo de clássicos), ou é para explorar as misérias do Porto, ou então serve para meter carvão noutra direção (que já se está mesmo a ver qual é).

Nos últimos meses, esta regra tem sido seguida religiosamente. Ora vejam as capas que A Bola fez sobre o Porto:

18 de maio: Porto tenta Jesus, que não só servia para desestabilizar o treinador e plantel do Porto a poucos dias da final da Taça, como também para meter carvão no Sporting

22 de abril: Declarações de Lopetegui: "Pinto da Costa agora dá-me pena"

8 de abril: Pinto da Costa envergonhado: "Batemos no fundo"

8 de fevereiro: Desnorte, sobre a derrota caseira do Porto com o Arouca, uma semana antes da ida à Luz

No entanto, de todas as capas que A Bola fez com o Porto em 2016, a mais deliciosa foi esta:

Janeiro de 2016

Há dois comentários que quero fazer em relação a isto.

Em primeiro lugar, o objetivo da capa: é evidente, pelo título escolhido e pelas imagens colocadas, que a mensagem mais importante a passar não era a contratação de Marega e Sá pelo Porto. O que se queria relevar era o facto de os jogadores terem sido desviados do Sporting, ou seja, ampliar tanto quanto possível o efeito da alfinetada. A utilização de Danilo nesta composição - cujo "roubo" tinha ocorrido 6 ou 7 meses antes - é a melhor prova disso. Carvão, portanto.

Pelos vistos, longe vão os tempos em que o roubo de jogadores, em vez de ser celebrado, era reportado pelo jornal A Bola com uma imensa azia.

Julho de 2009

O segundo comentário é em relação ao proveito que o roubo destes jogadores deu ao Porto. Danilo foi, indiscutivelmente, uma boa contratação. Mas os três reforços de inverno do Porto foram um retumbante fracasso. Não quer dizer que não tenham valor e que não possam vir no futuro a dar algum retorno desportivo e financeiro, mas é um castigo divino aos dirigentes que, no momento de definir o reforço do plantel, privilegiaram o efeito da alfinetada a um rival sobre a necessidade de fortalecer outros setores do plantel que estavam, visivelmente, mais necessitados.

Nem tudo se perde, no entanto: ganhámos (mais) uma capa ridícula que não ficou para a história e momentos de futebol puro para a posteridade. :)



(entretanto, Marega participou ontem num particular do Porto contra o Oliveira do Douro, e fechou a época da melhor forma)