sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Com amigos destes, quem precisa de inimigos?

Merece uma leitura atenta o post de ontem do blogue Leoninamente, de autoria de Álamo, que, no seu estilo inconfundível, faz algumas considerações sobre o artigo de opinião que Carlos Barbosa da Cruz escreveu ontem no Record: LINK.

Não poderia estar mais de acordo com Álamo. Confesso - e não é de agora - que me mete uma enorme confusão o facto de determinados sportinguistas, com espaços de opinião nos media, revelarem uma total incapacidade (ou falta de vontade) de levar em linha de conta os interesses do clube quando escolhem os temas que irão abordar nos seus artigos.

Não me entendam mal: não é uma questão de querer impor algum tipo de censura aos sportinguistas que têm acesso a esses espaços. Cada um é livre de escrever aquilo que entende, seja sobre questões positivas da vida do clube, seja sobre assuntos mais polémicos. No entanto, esses sportinguistas já deveriam ter percebido que, de há anos para cá, não falta quem faça questão de explorar, até à exaustão, todas as polémicas e pseudo-polémicas que envolvem o Sporting, seja nos espaços de opinião dos notáveis rivais, seja nas próprias linhas editoriais daqueles (demasiados) jornais, rádios e televisões que têm, nos ataques ao Sporting, um dos seus objetivos primordiais.

Se ainda existe uma réstia de desejo em ajudar o clube nas suas inúmeras batalhas, seria razoável que, pelo menos, pensassem duas vezes antes de partir para a crítica. É um assunto incontornável? É importante alertar os seus leitores para um problema pertinente? Então critique-se. É um tema secundário no meio de muitas outras questões tão ou mais relevantes? Então siga-se em frente e coloque-se o foco nessas outras questões.

Neste caso em particular, Carlos Barbosa da Cruz ocupou metade do seu espaço de ontem a criticar Frederico Varandas, um elemento da estrutura que tem feito, desde que chegou ao clube, um trabalho notável, por algo que aconteceu há mais de três semanas. Pior: chegou ao ponto de recomendar a Frederico Varandas que meta o sportinguismo na gaveta (!!!), como se o sportinguismo fosse algo incompatível com a competência e um obstáculo ao profissionalismo. A meu ver, é ao contrário: a paixão ao clube só pode fazer disparar a determinação e a vontade de ajudar o clube nas piores das circunstâncias. Se a um sportinguismo incondicional juntarmos níveis elevados de competência, então estaremos perante a combinação ideal de qualidades que um funcionário do clube pode ter. 

Contra o Porto, Frederico Varandas fez, de facto, algo que não devia. Mas, considerando que se tratou de um episódio inédito no seu percurso, que a suspensão de um médico é uma questão completamente secundária, e que é algo que ocorreu há várias semanas, havia alguma necessidade de Carlos Barbosa da Cruz recuperar este assunto, nestes termos? Era assim tão difícil encontrar um tema mais atual, ou - agora para algo completamente out of the box - tentar ajudar a relançar a confiança dos sportinguistas na equipa após uma semana muito complicada? 

Com amigos destes, quem precisa de inimigos?