quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Evolução dos custos com pessoal

Com a divulgação do relatório e contas do Porto, já é possível ter uma imagem completa daquilo que os clubes gastaram com salários na época passada. Os valores dos quadros abaixo estão em milhões de euros:



Sporting

A quase duplicação dos encargos salariais confirma a tendência que já se conhecia desde que foram publicados os resultados do 1º semestre de 2015/16. Este nível de subida de custos era previsível com a chegada de Jorge Jesus, a contratação de jogadores como Ruiz, Teo, Aquilani ou Barcos, e as renovações de contrato de Jefferson, Carlos Mané, Slimani, João Mário, William, Adrien e Patrício. 

Os 32 milhões de prejuízo que o Sporting apresentou demonstram que o clube correu riscos, apesar de relativamente controlados. Muita coisa que poderia correr mal, acabou mesmo por correr mal: a eliminação nos play-offs da Champions e a derrota no TAS no caso Rojo, explicam a quase totalidade do prejuízo. Isso acabou por ser compensado pela excelente prestação desportiva da equipa e a consequente valorização dos jogadores - não a tempo do fecho das contas de 2015/16, mas que acaba por ter um peso muito relevante no panorama geral da situação financeira da SAD.

Registe-se que, apesar deste enorme aumento de custos, o Sporting continua a gastar significativamente menos que Benfica e, sobretudo, Porto. Há, no entanto, que dizer que se o Sporting tivesse conquistado o campeonato, então os custos com pessoal seriam bastante mais próximos dos do Benfica (não só pelo que o Sporting gastaria a mais em prémios variáveis, mas também pelo que o Benfica gastaria a menos).

A tendência para esta época será para um aumento menos acentuado. Não havendo mexidas significativas ao longo da época, arrisco que os custos com pessoal em 2016/17 irão subir para a ordem dos 55 milhões, aos quais (desejavelmente) se poderão acrescentar prémios variáveis pela conquista de títulos.


Benfica

Ficou provado que a tal mudança de paradigma, anunciada por Vieira no final da época de 2014/15, ficou na gaveta. Não só o investimento na aquisição de atletas aumentou, como também os custos com pessoal aumentaram ligeiramente. É caso para dizer que, com a saída de Jorge Jesus para o Sporting, valores mais altos se levantaram.

Os cerca de 12,5 milhões que o Benfica gastou a mais do que o Sporting explicam-se, em grande parte, pelos objetivos alcançados (vitória no campeonato e Taça da Liga, e a presença nos quartos da Champions).

A tendência para esta época deverá ser de um aumento moderado, no que aos vencimentos fixos diz respeito. Gaitán foi o único jogador, de entre os que ganham mais, a sair. Em contrapartida, Carrillo entrou direto para esse patamar, Rafa (pelas verbas envolvidas na transferência) e Zivkovic (por ter assinado a custo zero) também deverão entrar para a lista dos mais bem pagos do plantel.


Porto

Ao contrário do que se esperava, as poupanças feitas na janela de transferências de janeiro com a saída de alguns dos jogadores mais bem pagos - como Tello, Osvaldo e Imbula -, o Porto terminou o ano gastando quase mais 6 milhões do que na época anterior. Esse aumento explica-se, parcialmente, pelas indemnizações pagas a Helton, Lopetegui, Peseiro e respetivas equipas técnicas - a rubrica das indemnizações foi 4 milhões superior em relação a 2014/15.

A diferença para o Sporting é significativa: o Porto gastou mais 55% em salários do que o clube de Alvalade.

Foi o maior orçamento da história do futebol português, sem que qualquer retorno desportivo fosse obtido. 

A tendência para 2016/17 deverá ser de uma descida moderada nos gastos, favorecida pelo alívio na folha salarial dos jogadores acima referidos (Tello, Osvaldo, Imbula e Helton), e, previsivelmente, pela descida do valor das indemnizações. Essa eventual descida dependerá, obviamente, daquilo que os reforços vieram ganhar, e de eventuais renovações de contrato que se façam com alguns dos jovens que estão a impor-se na equipa principal. De qualquer forma, o Porto deverá continuar a ter, com alguma distância em relação aos rivais, o maior orçamento do futebol português.