quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Evolução dos proveitos e custos operacionais

Após duas épocas de uma apertada contenção de custos, o Sporting aumentou de forma significativa o investimento no futebol. Isso traduziu-se num aumento de custos que os colocam acima dos registados na última época de Godinho Lopes. Há, no entanto, uma diferença fundamental: a SAD está hoje a gerar mais do dobro dos proveitos em relação a esse período.

Os valores dos gráficos que se seguem estão em milhões de euros.

Começando pelas receitas:


Direitos TV: A renegociação do contrato atual com a PPTV fez disparar em 50% as receitas dos direitos televisivos em relação à época passada. Em 2016/17, este valor aumentará devido à fatia do market pool da UEFA, o que deverá elevar os valores para cerca de 29 milhões de euros.

Bilhetes de época / bilheteira: Neste bolo estão incluídos os bilhetes de época, camarotes, business seats, lugares de leão e a bilheteira normal. É importante recordar que os preços das Gameboxes baixaram em relação ao ano passado (pois incluíam os 3 jogos da fase de grupos da Liga dos Campeões). Como tal, esta evolução registada ao nível da bilheteira durante os últimos quatro anos é muito positiva, e um sinal inequívoco do retomar do hábito de os sportinguistas marcarem presença em Alvalade. É certo que haverá esta fonte de receita renderá mais dinheiro em 2016/17, face ao aumento das vendas em Gameboxes, quer em quantidade, quer no seu preço médio.

Patrocínios: O Sporting registou uma ligeira quebra em relação a 2014/15, devido ao facto de não ter conseguido um patrocinador para as camisolas no início da época - o contrato celebrado com a NOS acabou por abranger apenas o 2º semestre. Este valor crescerá seguramente em 2016/17, graças ao patrocínio das camisolas a tempo inteiro.

Camarotes / Business Seats: houve um aumento muito ligeiro, que deverá ter ficado abaixo dos objetivos da SAD em função das altas expetativas com que se entrou para a temporada passada. Muito trabalho a fazer neste departamento. Continuam a haver demasiados camarotes vazios no estádio.

Merchandising: Houve um salto significativo na época que acabou. As expetativas são para um aumento sustentado, já que começou, finalmente, a haver algum investimento em canais de vendas alternativos - desde a loja online até quiosques em centros comerciais.

Prémios UEFA: o aumento dos prémios da UEFA para a Liga Europa e a participação no playoff da Liga dos Campeões acabou por atenuar o efeito negativo da não qualificação para a fase de grupos. Esta época, com a participação na fase de grupos da Liga dos Campeões, este valor disparará.


A evolução nas principais rubricas de custos foi a seguinte:


Custos com pessoal: Depois de dois anos de uma clara contenção salarial, o Sporting formou, na época de 2015/16, o plantel mais caro da sua história. É provável que, em 2016/17, o valor gasto em salários suba. A dúvida, para mim, está na percentagem de crescimento desta rubrica: o aumento salarial de Jorge Jesus e os salários de jogadores como Dost, Castaignos, Campbell, Markovic, Elias e Douglas (e ainda Coates, Schelotto e Bruno César durante uma temporada inteira) deverá superar aquilo que se deixou de gastar com jogadores como Aquilani, Teo, Labyad, Naldo, Barcos, Ewerton ou Slimani.

Fornecimentos e Serviços Externos: Voltou a haver um aumento em relação à época anterior. É normal que assim seja, explicando-se parcialmente pelas longas deslocações que o Sporting teve de realizar nas competições europeias. Ainda assim, mantém-se ao nível dos valores de 2012/13.


Concluindo:



Depois de duas épocas de forte contenção de custos, o Sporting decidiu aumentar significativamente a competitividade da sua equipa através da contratação de jogadores de maior cartel. Para além disso, por uma questão de justiça, aumentou significativamente o salário de vários jogadores da formação ou que tinham entrado no clube com vencimentos baixos. Parte desta aposta encontra sustento no gradual, mas significativo, aumento de receitas. A outra parte contou com o sucesso desportivo e valorização de atletas para obter mais-valias de jogadores e garantir a presença na Liga dos Campeões.

No gráfico acima, à direita, pode-se avaliar, de uma forma mais ou menos simplista, o nível do risco assumido. Não contando com as receitas da UEFA e as mais-valias com jogadores, os resultados operacionais teriam sido de -29 milhões de euros. Ainda assim, um risco inferior ao que foi assumido no mandato de Godinho Lopes e, acima de tudo, calculado. O Sporting apurou-se para a Liga dos Campeões e conseguiu 56 milhões de mais-valias no defeso, o que garantirá, juntamente com todas as outras rubricas em crescimento, um recorde esmagador de receitas na história do clube.