terça-feira, 8 de novembro de 2016

O Sporting e a comunicação social: respeitar apenas quem nos respeita


O momento que podem ver em cima aconteceu na noite de domingo, pouco depois da conferência de imprensa de Jorge Jesus, e já depois de Joel Pinho e Nuno Saraiva terem apresentado as respetivas versões sobre os problemas ocorridos no final do Sporting - Arouca. Nuno Saraiva preparava-se para fazer uma nova intervenção, quando respondeu de forma agressiva ao repórter José Chorão, da TVI, que o abordou de forma pouco respeitosa.

Alguns canais de "informação", como a TVI24 e a CMTV, fizeram questão de apontar o dedo à atitude de Nuno Saraiva em blocos noticiários posteriores.

Na minha opinião, há aqui uma dupla falta de respeito intolerável, mas não é da parte de Nuno Saraiva. 

Em primeiro lugar, se alguém se dirigisse a mim, na minha casa, com um "anda lá, ó", levava, no mínimo, com uma resposta igual. Mas o caso piora de figura se considerarmos que a pessoa em causa é um jornalista, que tem o dever de se comportar de forma neutra perante as pessoas com quem interage. Não é admissível que se tenha dirigido desta forma a Nuno Saraiva, mas isso acaba até por nem ser surpreendente, face ao contínuo tratamento diferenciado (para pior) que grande parte da comunicação social dispensa ao Sporting. Alguém acredita que este sujeito abordaria da mesma forma um diretor do Benfica ou do Porto em plena Luz ou Dragão?

Em segundo lugar, é de uma enorme sacanice que canais como a CMTV ou a TVI24 dêem destaque a algo que se passou nos momentos prévios de uma declaração pública. A notícia deveria centrar-se naquilo que foi dito formalmente, e não na troca de palavras entre jornalistas e o diretor de comunicação do Sporting nos segundos que antecederam a declaração.

Mas todos sabemos que esta falta de respeito não é um ato isolado. Em certos órgãos de comunicação social, este tratamento diferenciado é uma regra, e não uma exceção. Ainda recentemente, soube que um certo jornalista mentiu deliberadamente a um dirigente do Sporting que o tinha abordado por telefone para obter esclarecimentos sobre um artigo publicado nesse dia - o que é uma atitude que só posso interpretar como sendo uma tentativa do jornalista em levar o clube a reagir publicamente de forma errada, para depois o poder desmentir posteriormente (o que, parcialmente, foi o que se veio a verificar, poucas horas mais tarde).

Infelizmente, a realidade mostra-nos, numa base diária, a diferença de tratamento que é dada ao Sporting em relação a outros clubes: enquanto, para uns, é garantido o direito de resposta em simultâneo com o momento da divulgação de notícias que lhes poderiam ser prejudiciais, para outros não existe a mesma cortesia; enquanto, para uns, há o cuidado de não dar relevo de versões que não lhes sejam favoráveis, para outros faz-se precisamente o inverso; enquanto os presidentes de uns são tratados de forma quase reverencial, o presidente do Sporting é constantemente desrespeitado, até na forma como é mencionado (o Bruno isto e o Bruno aquilo).

Bruno de Carvalho é o único que pode ser castigado?
Não sei como resolver o problema da falta de imparcialidade da comunicação social, mas não podemos tolerar as contínuas faltas de respeito ao clube. E como não é justo colocar todos os jornalistas no mesmo saco, porque ainda há os que são profissionais, há que começar a não tratar bem aqueles que não nos respeitam. Isto não é um apelo a apertos ou a outras abordagens violentas, que fique bem claro, mas sim a um tratamento recíproco: o clube deve privilegiar os órgãos de comunicação social que não lhe faltem ao respeito. Se não podemos barrar o acesso de quem não nos respeita por causa do princípio da liberdade de imprensa, por que não passar a limitar a quantidade de eventos em que esta malta pode estar presente? Por exemplo, por que não transformar conferências de imprensa em entrevistas de acesso restrito, por convite? Se os jornalistas não gostarem e preferirem boicotar, pior para eles. O Sporting tem um canal de televisão e outros meios de comunicação para fazer chegar tudo aos sócios e adeptos. A comunicação social precisa mais do Sporting do que o Sporting precisa da comunicação social.

Claro que isto poderia levantar questões sobre um excessivo controlo de comunicação (falta de contraditório, etc.), mas, perante a vontade férrea da comunicação social em explorar e alimentar polémicas que afetam o Sporting, parece-me um risco que, neste momento, vale a pena correr, porque isto já excedeu todos os limites razoáveis.