quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Dost e Patrício contra o karma

Vou ser sincero. Ao intervalo, depois de um par de sustos resolvidos por Rui Patrício, depois de um penálti defendido a dois tempos de forma brilhante por Trigueira, vendo um Sporting com dificuldades de mandar no jogo perante uma equipa do V. Setúbal muito pressionante e aguerrida, adivinhando-se o desgaste físico após dois jogos exigentes na Polónia e na Luz - e com o V. Setúbal com mais dois dias de descanso - e sabendo do karma sportinguista de ter jogadores emprestados a marcarem-nos golos, via os astros a alinharem-se para fechar da pior forma aquilo que seria uma semana de pesadelo. Aliás, não seria a primeira vez que perderíamos três objetivos no espaço de uma semana.

Felizmente, enganei-me. Não que a segunda parte tenha sido melhor do Sporting do que a primeira - não o foi -, mas porque, numa altura em que o V. Setúbal começava a quebrar fisicamente, acabou por se impor a qualidade de Bas Dost - um jogador que, apesar de estar a corresponder plenamente às expetativas dos adeptos, ainda não está a ser bem aproveitado pela equipa.



O golo de Dost - para o melhor e para o pior, o holandês não é Slimani. Percebo que Jesus tente trabalhar Dost de forma a dar algumas das coisas que Slimani também dava, mas também está à vista de todos que Jesus devia adaptar o sistema de jogo da equipa de forma a proporcionar mais ocasiões a Dost de fazer aquilo que sabe melhor: finalizar. Bas Dost é um fantástico finalizador,  já leva 10 golos, apesar da reduzida quantidade de bolas que, em média, lhe chegam em condições por jogo - e apesar de não ser marcador de penáltis. Não ajuda o facto de não termos jogadores que sabem cruzar bem, mas a própria filosofia de jogo da equipa não faz nada para aproveitar o target man que temos lá na frente. Ao excelente cruzamento de Zeegelaar, Bas Dost correspondeu com um disparo fulminante de cabeça. Bom golo, que valeu o apuramento.

Rui Patrício decisivo - teve duas intervenções absolutamente cruciais na primeira parte. A primeira foi uma defesa perante um isolado Edinho, que se viu na cara do 12º melhor jogador do ano graças um passe disparatado de Rúben Semedo. Depois, fez muito bem a mancha perante Ryan Gauld, que se isolou após uma boa combinação na esquerda. Parece estar a regressar à sua melhor forma.

A oportunidade de rever Gauld - fiquei agradavelmente surpreendido pela exibição do escocês. Depois de ter passado os primeiros meses da época sem jogar, parece finalmente ter conquistado o seu espaço na equipa de Couceiro. Ontem fez um excelente jogo e, continuando assim, não sairá do onze tão cedo. Aproveitando bem esta época e ganhando experiência de primeira divisão, ficará mais perto de, no próximo ano, seguir as pegadas de João Mário e Rúben Semedo.



Perdas de bola - a grande pressão feita pela linha atacante do V. Setúbal ajudou à festa, mas houve demasiadas perdas de bola não forçadas protagonizadas por vários jogadores do Sporting. Rúben Semedo foi o que mais cabelo me fez perder, mas não foi o único. William e Adrien também estiveram muito mais inseguros na condução de bola e passe do que é normal. Sinal de cansaço físico ou insegurança causada pelas últimas duas derrotas? Provavelmente, uma mistura das duas.

A recarga - Adrien bateu bem o penálti, mas houve muito mérito de Trigueira na defesa. No entanto, o capitão foi muito displicente na recarga, mesmo considerando o duplo mérito de Trigueira. Na pequena área, com o guarda-redes no chão, não se pode falhar daquela forma. Felizmente, o falhanço acabou por não ter consequências.



A tarefa não era simples, mas foi superada. E isso era algo fundamental, não só pela continuidade na competição, mas também para quebrar a sequência de duas amargas derrotas - não é difícil adivinhar o impacto que uma eventual derrota e eliminação da Taça de Portugal teriam no clube.

O sorteio dos quartos-de-final será realizado no dia 20. Juntamente com o Sporting, estão o Benfica, Chaves, Estoril, Sp. Covilhã (!), Académica e Leixões. Falta disputar o V. Guimarães - Vilafranquense. Considerando que a próxima eliminatória se disputa a 18 de janeiro, ou seja, no pico do inverno, prevejo uma viagem a Chaves, de forma a cumprir a fatal atração do Sporting por Trás-os-Montes nesta época do ano. Melhor do que um jogo em Chaves no pico do inverno, são dois jogos em Chaves no pico do inverno, separados por apenas 3 dias - é que o Sporting já lá vai jogar a 15 de janeiro para o campeonato.