segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Era uma vez um campeonato

Apesar de ainda não termos chegado ao fim do mês de dezembro, ou seja, numa altura em que estamos a chegar a meio da época, o Sporting já comprometeu dois dos seus objetivos: as competições europeias e, agora, o campeonato. É importante discutir aquilo que nos conduziu a um estado que a maior parte, há três meses, julgaria impensável, mas, para já, fico-me pela minha análise ao jogo de ontem com o Braga.


Infelizmente, nada do que aconteceu na noite de domingo foi propriamente novidade. Os sinais da quebra de rendimento eram evidentes, e atingiram, contra o Braga, o seu ponto de expressão máxima (ou mínima, se preferirem): uma equipa a que falta dinâmica e sentido prático, mas que nem por isso deixa de jogar no limite do risco, sujeitando-se a dissabores destes.





Muito público em Alvalade - apesar da derrota na semana passada, do muito frio e de ser um horário pouco simpático, as bancadas estiveram (mais uma vez) bem compostas. Foi o único facto positivo numa noite tenebrosa.



Equívocos atrás de equívocos - quando se coloca em campo jogadores fora de forma, acompanhados de jogadores fora da sua posição preferencial, e insistindo-se num jogo mastigado sem que haja capacidade de explosão e rasgos criativos que criem desequilíbrios na linha defensiva, estamos a dar todas as condições a um adversário minimamente competente para nos fazer a vida negra. O que se passou na primeira parte foi sintomático: apesar de ter tido quase 70% da posse de bola na primeira parte, o Sporting praticamente não causou situações de perigo, e acabou por ter sorte pelo facto de o Braga não ter conseguido aproveitar várias situações contra-ataque. Mais uma vez, destaca-se pela negativa a péssima definição no último terço (preferimos rodar a bola para trás quando se está em boa posição para cruzar, incompetência total no aproveitamento de situações de contra-ataque, e uma incapacidade angustiante nos cruzamentos) e aquela sensação de falta de urgência em resolver o jogo o mais rapidamente possível. Na segunda parte, a equipa pareceu tentar colocar outro ritmo na partida, mas manteve todos os outros defeitos.

A arbitragem de Hugo Miguel - mais uma vez, o Sporting é prejudicado de forma gritante pela arbitragem. É verdade que Hugo Miguel não assinalou uma falta de Coates sobre Wilson logo no princípio (o que daria amarelo, pois Rúben Semedo estava também a disputar o lance), mas teve dois erros escandalosos que prejudicaram o Sporting: perdoou uma expulsão a Marcelo Goiano numa entrada assassina sobre Gelson (aos 40'), e não assinalou um penálti mais que evidente por agarrão sobre André aos 90'. Houve outros dois lances duvidosos na área do Braga: uma falta sobre Bryan Ruiz, em que parece que há toque faltoso, e uma bola no braço de um defensor bracarense que, para mim, não é falta para penálti. Tudo somado, há claro prejuízo para o Sporting. E já vamos em quatro jogos consecutivos com o Sporting a ser prejudicado: dois golos mal anulados e cinco penáltis por assinalar. Não desculpa a falta de futebol da equipa, mas outros há que, jogando igualmente pouco, lá vão ganhando - bastando, para tal, não serem prejudicados pelos senhores do apito. Não admira que façam campanha contra o vídeo-árbitro. Bastava terem apanhado os dois erros claros, e provavelmente o Sporting teria ganho o jogo.



O campeonato passou a ser pouco mais do que uma miragem. Uma enorme desilusão, considerando as expetativas que existiam para esta equipa no final de agosto.