segunda-feira, 27 de março de 2017

Os incidentes à margem do Portugal - Hungria

A ideia de "recrutar" elementos de claques para apoiar a seleção no Euro '2016 foi inteligente e deu bons resultados. Funcionou porque se tratava de uma competição especial, disputada no estrangeiro, de acesso mais restrito aos adeptos mais fervorosos, e - muito importante - jogada numa altura em que a temporada dos clubes já tinha terminado. Mas achar que a mesma ideia poderia funcionar em solo nacional numa fase em que as competições de clubes estão ao rubro, foi, pura e simplesmente, ingenuidade.

Obviamente que todas as pessoas, mesmo as que fazem parte da claque de um qualquer clube, são livres de assistir a jogos da seleção disputados no estádio de um rival. Se vão para um jogo da seleção entoam cânticos a provocar ou insultar equipas rivais, isso apenas revela a sua falta de capacidade de se comportar de forma cívica. Mas a partir do momento em que são apoiados de alguma forma pela FPF (nem que seja apenas através da oferta de bilhetes), não é tolerável que tenham comportamentos como aqueles que aconteceram no sábado - mesmo podendo haver atenuantes pelo facto de a claque ter sido também alvo de provocações por parte de adeptos presumivelmente benfiquistas. Depois disto, não é compreensível que a FPF continue a recorrer a esta estratégia de animação de jogos.

Infelizmente, não foi o único episódio lamentável que sucedeu à margem do Portugal - Hungria:


Aquilo que se passou com Jaime Marta Soares é inaceitável. Aconteceu na Luz, mas infelizmente é algo que nenhum adepto de Sporting ou Porto pode garantir que não acontecerá no seu estádio. Energúmenos existem em todo o lado, e basta um pequeno punhado de indivíduos mal intencionados para provocar uma situação deste tipo.

Agora, o que aconteceu é indesmentível. Tão mau como estes episódios terem acontecido é haver dirigentes que desdramatizem ou ignorem o que se passou. Veremos, portanto, como reagirá a FPF a estes incidentes. 

O mais provável é que não reaja de todo, porque a federação de Fernando Gomes é perita em fingir que nada de anormal se passa no mar de anormalidades que ocorrem no futebol português - e essa é a melhor forma de garantir que episódios semelhantes acontecerão no futuro, seja na Luz, seja no Dragão, em Alvalade ou em qualquer outro estádio.

E, já agora, também ajudava se os jornalistas não tentassem reescrever a história de uma forma que lhes seja mais conveniente, como sucedeu na edição de ontem do jornal A Bola...