domingo, 14 de maio de 2017

A bem do equilíbrio

A bem da preservação das rotinas da equipa e de tudo aquilo que há para ganhar esta época, Jesus apostou num onze relativamente previsível e (na sua cabeça) equilibrado: voltaram Gelson e Podence após o cumprimento do jogo de suspensão, e a única (meia-)surpresa foi a utilização de Jefferson na esquerda. No banco ficaram Palhinha, Matheus e Gelson Dala, enquanto Francisco Geraldes ficou na bancada.

Este onze previsível correspondeu uma produção futebolística também ela previsível. A duas jornadas do fim, quando não há motivação maior do que deixar correr os minutos para acabar uma época desapontante, surpreendente seria se os jogadores - a maior parte dos quais sente que não tem nada a provar ou a mostrar ao treinador - decidissem comer a relva e tentar conquistar os três pontos como se a sua vida dependesse disso. Se qualquer adepto já sentia que isto iria acontecer, resta-nos perguntar por que razão o treinador, que já tem anos suficientes disto para não confiar em milagres -, não aproveitou para dar minutos a outros jogadores.

Não posso dizer que, apesar da insistência numa fórmula pouco aconselhável, estivesse à espera que o Sporting perdesse mais um jogo... mas também não posso dizer que tenha ficado surpreendido.


Patrício não chegou para tudo - foi o melhor jogador do Sporting, o que é sintomático da qualidade do nosso jogo. Fez uma mão cheia de grandes intervenções, impedindo que a vitória do Feirense tivesse números mais expressivos.

A reincarnação parcial de Jefferson - a espaços, fez lembrar o Jefferson de há três anos, jogando com uma raça e confiança que há muito não se via. Para a reincarnação ser completa, faltou acertar nos cruzamentos. Ainda assim, nota positiva para o lateral, mas que não é suficiente para colocar-nos na dúvida sobre se ainda haverá espaço para si no Sporting na próxima época.

O regresso de Gelson - marcou um golo e esteve à beira do segundo, com um remate fortíssimo que embateu na barra e no poste. Isto significa que, à sua conta, dispôs de 50% das oportunidades de golo que criámos.



Viva o equilíbrio! - para além de tudo o que já escrevi sobre o onze, os sportinguistas ainda tiveram a oportunidade de ver o seu treinador a fazer uma arrojada substituição, numa altura em que o jogo estava empatado: Podence, tocado, teve que sair, e para o seu lugar entrou... Bryan Ruiz. Como seria de esperar, a entrada do costa-riquenho não serviu de nada. Não quer dizer que teria sido melhor se Jesus tivesse lançado logo Matheus ou então Dala, mas pelo menos ficaríamos na dúvida. Não faz qualquer sentido que, em maio de 2017, o treinador ainda ache que Bryan pode acrescentar o quer que seja à nossa frente de ataque. Mas pronto, o equilíbrio tático ficou assegurado e assim só sofremos mais um golo e não marcámos mais nenhum.

Podia ter sido pior - o árbitro podia ter mostrado o segundo amarelo a Gelson por cortar um contra-ataque e o vermelho direto a Rúben Semedo pelo penálti (não tentou jogar a bola, e o adversário estava isolado).



Dia absolutamente desastroso para o Sporting: eliminação nas meias-finais da Taça de Portugal em futsal nos penáltis; empate de 1-1 nos juniores, com o golo a ser sofrido nos descontos (ainda assim, a derrota do Belenenses significa que uma vitória frente ao V. Guimarães, na próxima jornada, poderá significar já a vitória no campeonato); vitória por 1 no andebol (quando necessitávamos de vencer por 2 para depender de nós) com posse de bola a 10 segundos do fim, uma perda de bola idiota a 5 segundos do fim, e um golo surreal sofrido no último segundo; e derrota no futebol. Que sequência de resultados...