quinta-feira, 18 de maio de 2017

A data da Gala Honoris

Foi ontem anunciado que a Gala Honoris vai-se realizar a 30 de junho. Não colidirá, portanto, com a data de casamento do presidente. É uma decisão que lamento, mas acho que Bruno de Carvalho é quem tem mais a perder com esta decisão. Com isto e com os últimos posts em que disparou críticas em todas as direções - adeptos incluídos -, está a arranjar lenha para se queimar.

Não há nada que obrigue que a gala se realize no dia 1 de julho. Nos estatutos do Sporting Clube de Portugal está escrito que a gala deverá "ter lugar preferencialmente na data de aniversário do clube", ou seja, a 1 de julho. Portanto, ao tomar esta decisão, a direção não está a incorrer em nenhuma ilegalidade. No entanto, é legítimo que os sócios a questionem, já que, apesar de ser um evento muito recente, a Gala Honoris conquistou um espaço importante na vida do clube - e a data de 1 de julho tem um simbolismo importante.

A interpretação que 99% das pessoas farão (nas quais eu me incluo) é que o clube está a mudar a sua agenda para que esta encaixe na agenda da vida privada do presidente, que reservou a data para o seu casamento. Como é evidente, não é nada reconfortante assistir a estes tiques de quero, posso e mando, pois nada nem ninguém deve colocar-se acima do clube.

Consequentemente, é natural (e saudável) que esta decisão seja contestada por muitos sportinguistas. Mas convém colocar as coisas nas devidas proporções: não me parece que a alteração de data da gala seja, em si, uma situação muito grave. Muito grave seria se o presidente tentasse blindar os estatutos para se eternizar no poder ou se o presidente antecipasse eleições por lhe ser mais conveniente - realidades incontornáveis noutros clubes, onde os atos eleitorais têm sido meras formalidades de interesse puramente estatístico -, muito grave seria se a direção optasse por uma gestão opaca, muito grave seria se o presidente evitasse prestar contas aos sócios, muito grave seria se as vozes dissonantes fossem sistematicamente abafadas.

Mas se queremos impedir que situações destas venham a acontecer no futuro no nosso clube - e é muito fácil ceder à tentação de facilitar a retenção do poder -, não devemos aceitar passivamente decisões em que interesses individuais - principalmente se forem os do presidente - condicionem a vida do clube. Porque o Sporting é nosso

O mais frustrante de tudo isto é que toda esta situação poderia (e deveria) ter sido evitada facilmente, porque era fácil antever a reação dos sportinguistas. O presidente e a direção têm a obrigação de conhecer o clube que dirigem e o perfil dos sócios a que têm de responder, e era óbvio que isto iria causar uma grande polémica - bem, na verdade, o que é que no Sporting não gera polémica?

Não têm sido semanas fáceis para os sportinguistas, e não têm sido semanas fáceis para Bruno de Carvalho - que parece estar com dificuldades em lidar com os desaires sucessivos e com as críticas vindas de setores pouco habituais. Os maus resultados amplificam exponencialmente qualquer problema que surja, pelo que me parece que devemos todos fazer um esforço para manter um certo nível de racionalidade: os sócios devem saber separar aquilo que deve ser alvo de crítica do que não deve ser, e o presidente deve manter a cabeça fria, identificar o que tem de ser corrigido, e focar-se na preparação da próxima época. O Sporting agradece.