sexta-feira, 19 de maio de 2017

O Vale e Azevedo do Benfica


Não é que seja novidade para ninguém, mas não pode haver exemplo mais elucidativo acerca do bias da imprensa desportiva do que a ausência de referências à notícia (porque é uma notícia, factual e relevante) de que Luís Filipe Vieira, presidente em funções do Sport Lisboa e Benfica, foi constituído arguido por burla, no âmbito do caso BPN. À semelhança, relembre-se, do que já tinha sucedido quando rebentou o escândalo da Porta 18. Imaginam o que seria se fosse Bruno de Carvalho a estar metido em assuntos desta natureza, não imaginam? Pois.

Mais absurda fica toda esta situação quando olhamos para as capas de A Bola e O Jogo. Os primeiros dão um destaque à demissão de Vicente Moura como se de uma bomba atómica se tratasse. Os últimos optaram por publicar o 27º volume da saga "A fuga de Jesus", da qual parecem ter o exclusivo.

Arguido por burla na casa das dezenas de milhões de euros e silêncio total nos desportivos? Admito que é um crime com um pouco menos de glamour do que um roubo de camião, mas não é coisa pouca para ser ignorado por jornalistas (mesmo os desportivos). Fico ansioso pela próxima abertura de uma Casa do Benfica para ouvir o que o estadista Luís Filipe Vieira terá a dizer sobre a existência de gente desta na condução de um grande clube do futebol português. Será que vai dizer que estamos perante o Vale e Azevedo do Benfica?

P.S.: e o que dizer de o processo estar em águas de bacalhau à quase uma década? Não há dúvida de que ser presidente do Benfica é o melhor escudo que se pode ter contra a justiça, como o caso do Vale e Azevedo original já tinha demonstrou. Só o criador será capaz arrancar Vieira do Benfica. Felizmente, Rui Costa ainda é um homem novo e ainda pode esperar mais duas décadas.