quinta-feira, 4 de maio de 2017

O videoárbitro e as colunas a estalar ao ritmo da inevitabilidade


Ao longo dos últimos meses, têm sido várias as federações e ligas a anunciar a adoção do videoárbitro para as respetivas competições nacionais. Hoje, ficámos a saber que a FPF decidiu acompanhar a tendência e anunciou que a liga portuguesa terá videoárbitro em todos já a partir da próxima época.


Mesmo que inevitável, é, obviamente, uma mudança que se saúda. Não haverá muito tempo para a preparar (estamos a apenas três meses dessa meta), mas creio que é um esforço que se justifica plenamente, mesmo que, numa primeira fase, exista a típica turbulência dos sistemas recém-implementados. Há que dar tempo de corrigir e aperfeiçoar aqueles problemas que apenas a experiência no terreno acaba por expor.

É gratificante, para quem, ao longo dos últimos anos, defendeu o videoárbitro como uma forma de ajudar a reduzir o erro (e não a eliminá-lo), ver, por fim, um acordo generalizado sobre os benefícios que o novo sistema poderá trazer e a existência de vontade para o implementar.

Igualmente gratificante (in a twisted kind of way) é assistir à forma como estão a reagir a todas estas notícias aqueles que, ao longo dos últimos dois anos, foram os maiores detratores do sistema. Agora que a mudança é inevitável, parecem dispostos a dar-lhe uma oportunidade.

Veja-se o exemplo de Vítor Serpa, que no espaço de 30 dias conseguiu dizer uma coisa e o seu contrário (LINK). Há pouco mais de um mês, apelava à implementação do videoárbitro, com especial urgência nas competições portuguesas. No sábado passado, escreveu um artigo sarcástico sobre os malefícios que a implementação do videoárbitro teria nas competições portuguesas. Hoje, pelos vistos, temos o Serpa-entusiasta de volta.

(editorial cortado, coloquei apenas a parte final - o resto não é relevante para este tema)

Relembro que no sábado passado, ou seja, há apenas 5 (cinco) dias, Serpa escreveu isto:


Sinceramente, alguém chame um exorcista para ver que demónio possuiu Serpa no sábado passado e que o levou a assinar este artigo.

Outra figura do jornalismo português que parece rendida à implementação do videoárbitro é o subdiretor do Record, Nuno Farinha, que, no seu espaço de opinião de hoje, faz uma reflexão muito equilibrada (sem ironia) sobre os desafios que se apresentam e os potenciais benefícios.


Uma evolução muito positiva que se assinala em alguém que, há menos de seis meses, escrevia coisas sobre o videoárbitro como: "condenado ao fracasso", "não resolverá nenhum dos problemas que sempre existiram na arbitragem" e "o melhor é mesmo partir para outra".


P.S.: Curiosamente, nesse mesmo dia, outra ilustre figura do comentário futebolístico nacional apresentava, no site do mesmo jornal, uma opinião quase totalmente coincidente à de Nuno Farinha.


É engraçado ver como determinados pontos-chave de ambos os textos são idênticos: Fracasso, colocando a natureza/genética do jogo em causa, não resolverá nada, e a única tecnologia que pode ser aplicável é o sensor da linha de golo. Se por acaso Janela fosse o responsável pelas cartilhas do Benfica, é possível que pessoas mais maldosas viessem falar em concertações de discurso.