sábado, 5 de agosto de 2017

Os primeiros passos do VAR

A FPF divulgou um vídeo onde se pode ouvir a comunicação entre a equipa de arbitragem no relvado e os seus colegas que desempenhavam a tarefa de VAR no momento em que, na apresentação do Sporting aos sócios, o golo do Monaco foi anulado por fora-de-jogo.






Obviamente que o VAR tem um longo caminho a percorrer até atingir o grau desejado de eficiência, mas estes primeiros testes realizados nos relvados portugueses demonstraram bem a importância que esta ferramenta pode ter na proteção da justiça desportiva. Não vai resolver todos os erros de arbitragem no futebol - nem de perto nem de longe -, não vai acabar com as polémicas exploradas até à exaustão nos dias seguintes e prolongamentos, mas parece cada vez mais evidente que, se bem utilizado, ajudará a diminuir significativamente o número de erros grosseiros.

Não deixa de ser curioso que em dois jogos de teste realizados em Alvalade, o VAR tenha revertido duas más (e graves) decisões dos auxiliares a prejudicar o Sporting. Ambos os casos eram lances de difícil análise em tempo real, mas de decisão bastante simples uma vez havendo recurso à tecnologia. Claro que o VAR não vai perder credibilidade caso as primeiras decisões acabem por anular benefícios ao Sporting (o que pode bem acontecer), mas pode-se dizer que ninguém em Alvalade terá ficado supreendido pelo sentido das decisões iniciais.

O facto de se ter que esperar 1 ou 2 minutos para a apreciação do VAR é um pormenor de importância reduzida quando comparado com as implicações que uma má decisão de arbitragem teria para o decurso da partida. De qualquer forma, é desejável e natural que o tempo de resposta diminua com o aumento de experiência das equipas de arbitragem.

Mas o que é realmente extraordinário é o nível dos argumentos dos especialistas das nossas televisões. Tem valido DE TUDO para descredibilizar o VAR, apesar das fortes evidências em contrário.

Uns dizem que o erro faz parte do futebol e que o VAR vai matar o jogo no espaço de 10 anos...


... usando todo e qualquer tema para mandar as bicadas ao novo sistema...


... e chegando ao ponto de comparar a análise dos golos pelo videoárbitro a coito interrompido.



Ainda assim, convém relembrar que 1 ou 2 minutos é aquilo que um jogador consegue perder ao simular uma lesão. Casos desses acontecem em demasia, e nunca causaram tanto melindre entre os especialistas das nossas televisões.

Para esta malta, não interessa que uma decisão do VAR seja mais rápida que uma assistência médica a um jogador que simula uma lesão para perder tempo. Para esta malta, parece que os adeptos nunca tiveram antes a desilusão de ver anulado um golo que festejaram ao ver a bola entrar na baliza. Para esta malta, a verdade desportiva parece ser um pormenor sem importância, o que se torna ainda mais extraordinário quando sabemos a qualidade das arbitragens que sempre houve por cá.

Para os Ribeiros Cristóvãos, para os Jorges Baptistas, para os Fernandos Guerras, para os Josés Nunes, e para tanta outra gente, nem sequer há lugar ao benefício da dúvida. É evidente a vontade que têm em abater o VAR... mas já todos perceberam aquilo que os move.