domingo, 3 de setembro de 2017

Capas que não fizeram história, nº 57: Os frustados e os que ficam de corpo e alma

Tem sido interessante a evolução dos comentários de boa parte dos comentadores à situação de William Carvalho. Na última quinzena de agosto, a maior parte esqueceu-se dos defeitos que lhe apontavam insistentemente e descobriu que o médio defensivo do Sporting é, efetivamente, um grande jogador, e que a sua saída seria complicada de resolver.

O problema é que a sua saída não se concretizou, o que deixou certos comentadores e jornalistas com um problema em mãos: como evitar dizer que o Sporting, afinal, não ficará mais fraco pela sua saída? 

A resposta era óbvia: desviar a conversa para ângulos que fossem mais convenientes.

O primeiro é que o jogador fica frustrado por não ter saído, e que isso terá implicações desportivas graves. Como se William recebesse o salário mínimo. Como se William não fosse sportinguista. Como se William não fosse um profissional que sabe que a melhor forma de se promover é jogando o melhor que sabe. Como se William não soubesse, por exemplo, que terá um grupo de Champions que lhe permitirá demonstrar, mais uma vez, as suas capacidades ao mais alto nível.

O segundo ângulo é a tentativa de virar o jogador e os próprios adeptos sportinguistas contra o seu presidente. Que Bruno de Carvalho está a cortar as pernas a um dos meninos de Alvalade. Que os adeptos estão indignados com o tratamento dado a William - sim, houve quem dissesse e escrevesse mesmo isto. Não é possível fazer-se uma argumentação mais absurda, pois não há adepto sportinguista que não fique contente por poder continuar a ter William no plantel. E não há adepto sportinguista (daqueles que não têm o cérebro toldado pelo ódio a Bruno de Carvalho) que ache que o clube devesse vender o jogador à melhor oferta existente, mesmo que essa oferta ficasse aquém do que era pretendido.

Falamos da mesma gente que, perante situações idênticas noutros clubes, optam por abordar a questão de forma completamente diferente. Dois bons exemplos podem ser encontrados no início de setembro de 2015 - quando ainda se fazia o rescaldo do fecho do mercado -, de dois jogadores que, segundo a imprensa, estiveram com um pé fora do seu clube mas que, à última hora, acabaram por não ser transferidos: Gaitán e Luisão.

Rapidamente ficámos a saber que o argentino ficava de corpo e alma no Benfica...


... enquanto que no caso de Luisão, Vieira segurou-o. Ao contrário de Bruno de Carvalho, não cortou as pernas a ninguém.


Há dois dias, A Bola deu-nos isto... estranho seria se fosse de outra forma.