segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A capa do i sobre Bruno de Carvalho

O jornal i fez hoje capa com a notícia de que Bruno de Carvalho está a ser investigado por tráfico de influências. A partir do momento em que tal investigação exista, é legítimo que tal notícia seja dada, mas não há nada que justifique tamanho destaque - visto que, feita uma denúncia, é obrigatório que exista uma investigação. Segundo a própria capa, ninguém foi constituído arguido, o que é sinónimo de que nenhum indício forte terá sido encontrado até ao momento - ao contrário do que se passa com outros clubes.

Bruno de Carvalho já reagiu à notícia... ao seu estilo. O presidente do Sporting escreveu na sua página de Facebook o seguinte:



Ora, não é preciso fazer um grande esforço de memória para perceber qual será o monte de esterco a que Bruno de Carvalho se refere:



Não sou de apostar, mas se tivesse esse hábito não teria dúvidas em colocar o meu dinheiro em como a denúncia de tráfico de influências assenta nas declarações de Bruno de Carvalho em off a jornalistas sobre o facto de o Sporting ter conseguido eleger Pedro Proença, o que é, obviamente, um total disparate. Estão a tentar transformar uma campanha para a presidência da Liga em que o poder de escolha está completamente descentralizado - sendo normal que uns clubes apoiem e façam por eleger o candidato que entendam melhor - em tráfico de influências, que significa o aproveitamento ilícito de um relacionamento priveligiado com o detentor de um cargo de poder para obtenção de favores ou benefícios. Isso, obviamente, não faz qualquer sentido.

É ridículo querer-se comparar isto aos fortíssimos indícios que recaem sobre o Benfica de tráfico de influências - como a utilização de Nuno Cabral, delegado da Liga, ou de Carlos Deus Pereira, presidente da AG da Liga, para obtenção de informação confidencial e outros biscates -, de corrupção - como o aliciamento a jogadores adversários ou as múltiplas borlas de bilhetes, viagens e alojamentos oferecidos a Ferreira Nunes - e de toda a teia montada de padres, meninos queridos e financiamento a clubes da I Liga para controlar o futebol português.

Nem o timing nem o meio escolhido para divulgar a não-notícia são coincidência: aparece na sequência da conquista do Sporting da Taça da Liga e numa altura em que vários órgãos de comunicação social vão dando eco de práticas de tráfico de influência e corrupção por parte do Benfica, usando, para tal, o i, um jornal que, para além de ter feito há meses uma capa em que compara Bruno de Carvalho a Donald Trump, até ao momento ainda não fez qualquer capa sobre o escândalo em que o Benfica está envolvido. E convém não esquecer que tem em Afonso de Melo - que recebe 1.000 euros por mês do Benfica por "questões políticas", como se pode ver neste LINK do Mister do Café - um dos seus redatores principais.

A linha editorial do i, no que toca ao futebol, é clara. Não engana absolutamente ninguém.

Portanto, o mais certo é que estejamos perante uma situação completamente fabricada pelo Benfica - que terá sido responsável pela denúncia e já está a fazer o subsequente aproveitamento propagandista da notícia do jornal i e da inevitável investigação, que, até ver, não produziu absolutamente nada que seja digno de registo. Não é mais do que uma patética tentativa de manipular os temas da semana, dois dias depois de o Sporting ter conquistado o seu primeiro título da época e de ter aparecido isto no Expresso.


P.S.: entretanto li o conteúdo de notícia, e dá para perceber que o essencial não são mais do que 10% do total da notícia (que marquei a amarelo na imagem abaixo). Na prática, a capa diz tudo. Os restantes 90% são palha para burro comer.


(via @bancadadeleao)