sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Generalizando o que não é generalizável


Este lapso do jornalista da RTP aconteceu em direto na edição de ontem do Telejornal, e tem a sua piada. É um engano que pode acontecer a qualquer pessoa, e que é também perfeitamente inócuo: toda a gente sabe que Vieira é presidente do Benfica, e não do Sporting. No entanto, o mesmo não se pode dizer de outras peças em que tem havido pouco rigor na forma como se refere o envolvimento dos clubes na Operação Lex. Por exemplo, na manhã de ontem, a RTP fez uma peça em que é referido o seguinte:



Referir que Rui Rangel é acusado de ter recebido vantagens patrimoniais para influenciar diversos processos, e depois listar, sem qualquer explicação adicional, os nomes de Luís Filipe Vieira, do Sporting e de José Veiga, pode levar telespectadores ao engano. Enquanto Vieira e Veiga são acusados de terem recorrido a Rui Rangel para influenciar processos, o Sporting é vítima: José Viega pediu a Rangel para influenciar o processo que opunha o Sporting a Pedro Sousa, de forma a que houvesse uma decisão contra o clube.

Também ontem, a SIC prestou um mau serviço informativo, ao trazer à baila os processos em que o presidente do Benfica e também os presidentes de Porto e Sporting estão ou estiveram envolvidos:



É um pouco discutível estar-se a recuperar os processos de outros presidentes quando, atualmente, nenhum outro é arguido em qualquer caso. Mas, no caso de Bruno de Carvalho, o termo "suspeito" é bastante infeliz, pois parece-me demasiado forte para descrever investigações que surgem como consequência de denúncias de gente com pouca ou nenhuma credibilidade.

Numa altura em que há que há muita gente a tentar generalizar o que não é generalizável, nomeadamente com a narrativa de que "isto toca a todos", seria bom que se procurasse informar com o maior rigor possível. Está mais que comprovado que não são todos iguais.