sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Sem que "eu pudesse fazer algo"... :)

No dia 19 de setembro de 2011, ou seja, no princípio da época de 2011/12, Paulo Gonçalves recebeu um email de Rui Cunha, vice-presidente do Benfica - utilizando, neste caso, uma conta de uma empresa onde trabalhava -, que o interpela sobre algo dito pelo jornalista Manuel Queiroz.

Como se pode verificar de seguida, trata-se de um email curto que tem um subject pouco abonatório para Manuel Queiroz e inclui um link para um vídeo:


O link partilhado é referente a um célebre comentário de Manuel Queiroz feito em direto na transmissão do jogo Feirense - Porto, que se tinha disputado no dia anterior ao do email, sobre a expulsão do jogador James Rodriguez:


Curiosamente, o seu companheiro de comentário era o isento Valdemar Duarte, nos seus tempos pré-BTV. Hoje, com a língua bem mais solta, teria sido uma discussão bastante mais animada. Mas estou a divagar, vamos voltar à questão central deste texto.

O email de Rui Cunha é escrito com recurso à ironia, apelidando Queiroz de amigo de Paulo Gonçalves. O assessor jurídico do Benfica parece ter interpretado a expressão utilizada por Rui Cunha como uma semi-provocação, pois, de seguida, sente a necessidade de se justificar respondendo: "Este FILHO DA PUTA não é meu amigo". Mas diz mais:


"(...) posso garantir-lhe que o animal em causa levou uns tabefes e empurrões a época passada em Aveiro (no parque de estacionamento) sem que 'eu pudesse fazer algo'...". E termina com um smiley, pois, aparentemente, tabefes e empurrões num jornalista é um assunto que lhe traz boa disposição.

De referir que "a época passada" referida por Paulo Gonçalves corresponde a 2010/11, na qual o Benfica disputou dois jogos em Aveiro:




Isto é gravíssimo. É (mais) um caso de polícia. A utilização das aspas em sem que "eu pudesse fazer algo" sugere que, no mínimo, Paulo Gonçalves poderia ter tentado evitar os tais tabefes e empurrões, optando, no entanto, por não o fazer. No limite, poderá até ser possível que os tabefes e empurrões tenham sido aplicados a mando de alguém. Mas o que ninguém poderá negar é a forma como Paulo Gonçalves se congratula com essas agressões: "posso garantir-lhe que o animal em causa levou uns tabefes e empurrões". E ainda há por aí quem diga que Paulo Gonçalves seria incapaz de cometer ilegalidades por ser um católico fervoroso. O Torquemada também era.

O último ano tem sido rico no levantamento de indícios de vários tipos de práticas ilícitas levados a cabo pelo Benfica, por dirigentes ou representantes seus: corrupção, tráfico de influências, fraude fiscal, tentativa de aliciamento de jogadores adversários, acesso a informação confidencial ou acesso a informação de investigações em curso da justiça. Agora podemos juntar a essa lista a conivência com intimidação e agressões a jornalistas. Gostaria de saber o que pensam sobre isso os diretores e subdiretores de jornais desportivos que são amigalhaços de Paulo Gonçalves... e já agora, a Polícia Judiciária.