quarta-feira, 21 de março de 2018

Zero shades of grey


"Os presidentes dos três grandes fazem o pleno na justiça: todos arguidos". A imagem acima refere-se ao comentário de ontem de Rui Pedro Braz sobre a notícia de Bruno de Carvalho ter sido constituído arguido num processo de difamação que lhe foi colocado por João Paiva dos Santos. A ideia principal que o comentador da TVI24 tentou transmitir foi precisamente a que a frase indica: nenhum adepto pode apontar o dedo aos outros clubes porque todos os presidentes se sujeitam, no decurso dos seus mandatos, a serem arguidos.


Do meu ponto de vista como sportinguista, considero que aquilo que João Paiva dos Santos fez é imperdoável. Tem todo o direito de querer ser oposição à direção atual, mas, para mim, um sportinguista que, num período de guerra aberta com o Benfica, decide aliar-se ao Guerra contra o seu próprio clube, não tem lugar no Sporting. Bruno de Carvalho não costuma ser suave e diplomático nos seus posts, mas se é este que esteve na base do processo (LINK) então não me parece que tenha dito grandes mentiras.

A linha de argumentação seguida por Braz não é nova. A generalização tem sido uma técnica abundantemente utilizada - e em especial nos últimos meses - de forma a atenuar os incidentes de uns e agravar os incidentes de outros. Estar a colocar ao mesmo nível um caso de corrupção de um juiz ou de um oficial de justiça - com escutas, mensagens de Whatsapp e outras provas materiais recolhidas em buscas a suportar as suspeitas - com um caso de difamação é a mesma coisa que colocar ao mesmo nível um Bruno Fernandes, um Brahimi ou um Jonas com um caceteiro das distritais. Em última análise são todos jogadores de futebol, mas nunca podem ser misturados na esmagadora maioria dos contextos.

O mundo não pode ser visto a preto e branco, pois existe uma infinidade de tonalidades de cinzento entre os dois extremos. No contexto atual, quem se puser a equiparar - de qualquer forma que seja - a situação judicial dos três presidentes, não estará a fazer mais do que passar um atestado de estupidez ou de desonestidade a si próprio. Infelizmente, vi muito disso, quer em blogues benfiquistas, quer no Twitter, mas não posso dizer que tenha ficado surpreendido.