domingo, 6 de maio de 2018

Oportunidade perdida

Seguindo a regra que se tem observado esta época, o Sporting voltou a demonstrar dificuldades pouco compreensíveis na partida de ontem contra o Benfica. Em sete jogos já realizados em 2017/18 contra Porto e Benfica, não fomos claramente superiores em nenhum deles. É verdade que em alguns desses jogos conseguimos cumprir objetivos importantes (apuramento para as finais das duas taças), mas, do ponto de vista exibicional, fomos quase sempre uma equipa incapaz de controlar as operações, demasiado encolhida e com evidentes dificuldades de encostar o adversário às cordas quando a situação assim o impunha.

O resultado do dérbi de ontem acaba por ser simpático face ao que se verificou em campo. O Benfica teve as melhores oportunidades para marcar e só não perdemos graças a (mais) uma portentosa exibição de Rui Patrício. Não me lembro de o Sporting forçar Varela a qualquer defesa apertada. Oportunidades para marcar, do nosso lado, recordo-me de duas: aquela em que Dost prefere passar a Gelson - com a baliza e Varela à mercê - em vez de tentar marcar um golo que ficaria na memória coletiva sportinguista durante as próximas décadas pela magnífica roleta marselhesa que o deixou naquela posição privilegiada para finalizar; e um cabeceamento de Bryan Ruiz, na sequência de um canto, que saiu por cima da barra.

Em relação à arbitragem, Rui Vitória merece o Nobel do Descaramento pelas palavras que disse no final sobre o trabalho de Carlos Xistra. Não há penálti de Patrício sobre Rafa (que embate em Patrício após rematar), há penálti claro de Rúben Dias sobre Mathieu, o caso de bola no braço de William na área é apenas isso - bola no braço e não o inverso -, Rúben Dias faz penálti sobre Bas Dost, Rúben Dias (que já não deveria estar em campo) agride Gelson com o cotovelo, Bruno Fernandes também deveria ter visto vermelho em vez de amarelo, e não houve golo anulado a Jimenez porque o árbitro já tinha apitado há muito. No total, dois penáltis por assinalar a favor do Sporting e uma expulsão poupada para cada lado - sendo que o Benfica ficaria primeiro a jogar em inferioridade numérica, com todas as implicações que isso traria para o decurso da partida. Mais uma vez, foi o Benfica que foi salvo pelas arbitragens e não o inverso. Rui Vitória devia ter vergonha na cara, ainda mais quando se sabe a forma como conquistou os dois campeonatos anteriores.

O empate a zero adia a decisão do 2º lugar para a última jornada, estando o Sporting dependente apenas de si próprio para conseguir alcançar esse objetivo. No entanto, apesar de o resultado de ontem ter sido melhor do que a exibição, não podemos ficar satisfeitos com isso. Tivemos uma oportunidade para fechar em nossa casa a questão do apuramento para as pré-eliminatórias da Liga dos Campeões, e falhámos. Não há desculpas. Temos de ganhar na Madeira, dê por onde der.

P.S.: Parabéns aos portistas pela conquista do campeonato. Sendo o campeonato uma prova de regularidade e tendo sido o Porto a melhor equipa durante a maior parte da época, foram um justo vencedor. Um destaque particular para Sérgio Conceição, que sem poder reforçar a equipa "a seu gosto", soube construir um modelo de jogo muito eficaz para consumo interno com o material que tinha para trabalhar.