sábado, 30 de junho de 2018

TRICAMPEÕES

Vitoria épica de um título que pareceu perdido após a vergonha que foi o jogo 3 e que revela bem a fibra de que é feita esta equipa, que foi capaz de se sobrepor a várias lesões, castigos e a um adversário que, obviamente, tem muito valor. 

Parabéns aos jogadores, a Nuno Dias e, em particular, a Miguel Albuquerque - pela defesa que fez do grupo de trabalho nos últimos dias - e a Bruno de Carvalho - sem a sua paixão e esforço pela recuperação do Sporting eclético, nunca teria sido possível fazer o pleno em tudo o que não foi futebol masculino: futsal, hóquei, andebol, voleibol e futebol feminino. Um ano absolutamente extraordinário que coincidiu com a estreia do Pavilhão João Rocha.

Ficam as imagens dos momentos decisivos e da entrega do troféu.


P.S.: foi com enorme choque que recebi hoje a notícia da morte de Rui Rigueiro, que muitos conhecerão dos comentários que fazia na Sporting TV. Tive o privilégio de o conhecer há alguns anos e sempre admirei a forma dedicada e desinteressada como vivia e defendia o Sporting. Rui, esta vitória é para ti. Descansa em paz, amigo.


As motivações de Cintra

Creio que todos estarão de acordo em como Bruno de Carvalho ofereceu um contrato sobrevalorizado a Mihajlovic. Ainda que esteja longe do valor que era pago a Jorge Jesus, um salário anual de 4 milhões euros brutos é excessivo face ao currículo do sérvio, e apenas se pode explicar pelo fraco poder negocial que o ex-presidente tinha: faltavam poucas semanas para o início da época, a situação de instabilidade extrema era mais que conhecida, e estava a dias de uma AG de destituição. Por todos os motivos e mais algum, Bruno de Carvalho tinha de arranjar rapidamente um treinador - e isso foi bem aproveitado por Mihajlovic.

Compreendo a posição de quem contestou a decisão de Bruno de Carvalho em fechar um compromisso que, com um grau elevado de probabilidade, poderia cair nos braços de uma outra direção. No entanto, uma vez tomada essa decisão, acho ainda mais discutível que Sousa Cintra tenha decidido terminar o contrato com Mihajlovic - ainda por cima utilizando um argumento quase ao nível do fato de Marco Silva -, por dois motivos:
  • A questão do treinador, melhor ou pior, era das poucas que estava tratada - o reforço do plantel era um assunto bem mais urgente;
  • Cintra partiu de um pressuposto errado de que seria relativamente simples arranjar um treinador melhor e mais barato. É que os problemas do plantel mantêm-se, a Comissão de Gestão de que faz parte também está a prazo, e a época está ainda mais próxima de começar - aumentando a urgência da resolução deste tema. O cenário de hoje pode ser bem diferente na cabeça de Sousa Cintra do que era há duas semanas, mas para um observador externo... a situação de incerteza e instabilidade há-de ser muito semelhante.

Se Cintra já tivesse um acordo apalavrado com outro treinador quando decidiu dispensar Mihajlovic, seria uma coisa. Mas sendo verdade o que tem sido reportado pela Comunicação Social, não havia ninguém de reserva pronto a assinar. Cintra anda a multiplicar-se em contactos, a bater a várias portas, mas as respostas não têm sido positivas. Só que o relógio não pára, e a pressão para resolver este problema vai aumentando a cada hora. 

Considerando o tempo que resta é o perfil dos nomes que têm sido referidos na imprensa, começo a simpatizar com uma ideia que rejeitava até há poucos dias, mas que, perante a conjuntura atual, me vai parecendo cada vez mais um mal menor: colocar a equipa na mão de um treinador interino que já faça parte dos quadros do Sporting, sem encargos imediatos, e passar a responsabilidade da contratação do treinador para o próximo presidente.

Cintra ainda tem dois dias pela frente para resolver o problema, mas fica a ideia de que a dispensa de Mihajlovic parece ter sido mal calculada. E isso leva-me a outra questão: considerando que Cintra tem andado a contactar treinadores que exigirão, no mínimo, salários tão elevados como aquele que o sérvio iria auferir, por que razão é que o decidiu mandar embora? Está visto que não é pelo dinheiro, duvido que seja pela duração do contrato (que treinador credenciado aceitará um contrato de um ano sem outro tipo de compensação?), e muito menos pelas suas qualidades técnicas - se há coisa que não podemos esperar de um homem que dispensou Bobby Robson com a equipa em primeiro lugar, é bom senso na avaliação das competências de um treinador. 

Para mim, a resposta é esta: Sousa Cintra mandou embora Mihajlovic porque quer deixar nestes 2 meses a marca que não conseguiu deixar nos anos em que foi presidente. Quer ser recordado como um presidente que fez o Sporting campeão, e sabe que esta é a última oportunidade que tem para o conseguir. 

Se for isso que o está a motivar e que o levou a tomar a decisão que tomou, alguém lhe deveria dizer que não foi para isso que foi nomeado para a Comissão de Gestão e para a SAD.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

A nova camisola

A camisola principal para a época 2018/19 ostentará o símbolo antigo, no âmbito das comemorações do centenário do nascimento de Fernando Peyroteo. Promete deixar muitas carteiras mais vazias...




quinta-feira, 28 de junho de 2018

Começa por todos nós

Dois sócios do Sporting, de seu nome Miguel Cal e Ricardo Farinha, fizeram um interessantíssimo trabalho de reflexão estratégica de um ponto de vista mais virado para a gestão do clube e da SAD. Aborda questões desportivas - como seria inevitável - mas não se limita a isso. No documento analisam-se questões como o (in)sucesso da política de contratações, a evolução e impacto da formação nos escalões séniores, a aproximação aos sócios, a exploração da comunicação e do marketing como ferramentas que potenciem a valorização dos ativos, o aproveitamento do potencial da marca Sporting ou o relacionamento do clube com as claques.

Deve ficar claro à partida que não pertencem nem tencionam pertencer a qualquer lista à presidência do Sporting.

Colocaram o produto do seu trabalho no site https://www.comecaportodosnos.com/, havendo duas versões: a completa e uma mais resumida.

Concorde-se ou não com os pressupostos assumidos e com as conclusões a que chegaram, é um contributo muito válido para a discussão do que queremos o que seja o Sporting do futuro. Como tal, recomendo vivamente que percam algum tempo e o leiam atentamente, ainda mais considerando o período eleitoral que agora se está a iniciar.

Versão resumida: LINK

Versão completa: LINK 

Para perceberem o tipo de documento que é, deixo aqui uma imagem



Reality show

Não sei em que qualidade Paulo Futre está a auxiliar o Sporting no dossier das rescisões. Sei que Sousa Cintra já confirmou que o antigo jogador do Sporting (e do Porto) (e do Benfica) está a ajudá-lo, apesar de não se saber ao certo se está a prestar um serviço pro bono, se está a ser pago pelo Sporting, se está a ser pago por algum elemento da Comissão de Gestão ou se está a ser pago por uma terceira entidade que nada terá diretamente a ver com o clube. O que sei é que um assunto destes, que deveria estar a ser tratado com pinças, foi ontem explorado na CMTV como se de uma reunião interna do Sporting se tratasse.

Ora vejam. Mas vejam mesmo.


Não há dúvida que é uma forma inovadora de gerir um clube de futebol, mas creio que ainda não estamos a ser suficientemente ambiciosos. Com a colaboração da CMTV, podemos avançar para a emissão do novo reality show: 

NOT SO SECRET STORY - A Gestão Transitória do Sporting

com apresentação de Paulo Futre e Tânia Laranjo

onde VOCÊ pode escolher QUAL O PRÓXIMO JOGADOR DO SPORTING A SER VENDIDO!!!

Se quer que seja o Dost, marque 800 200 201!
Se quer que seja o Podence, marque 800 200 202!
Se quer que seja o William, marque 800 200 203!
Se quer que seja o Battaglia, marque 800 200 204!

Participe JÁ!


quarta-feira, 27 de junho de 2018

A cereja com bicho no topo do bolo podre

Eu queria mesmo dar o benefício da dúvida ao Conselho de Gestão que tomou conta dos destinos do clube até às eleições de 8 de setembro, mas começa a ficar complicado perante tantos rumores e notícias aterrorizadoras.

Começando por um detalhe que é tristemente revelador, gostava que me explicassem por que motivo o presidente da Comissão de Gestão decidiu ontem dar um exclusivo à CMTV - o canal televisivo / jornal que mais ativamente combateu o Sporting nos últimos anos, mentindo, difamando e fazendo tudo para desestabilizar o clube e aqueles que nos representavam, fossem dirigentes, treinadores ou jogadores - quando ainda não se dignou a pôr os pés na televisão do clube.


Passando ao que é realmente importante, gostava que me explicassem por que motivo andam a passar a mensagem de que ponderam rescindir com Mihajlovic e Viviano por causa dos salários, quando em simultâneo existem notícias de que nos preparamos para vender William por trocos - pior, abdicando da possibilidade de o Sporting e os sportinguistas serem devidamente ressarcidos de uma rescisão com uma justa causa indefensável - e recebendo ainda em troca jogadores rapados do fundo do tacho do plantel do Inter que não devem auferir salários tão modestos quanto isso - sendo que ficaríamos a título definitivo com os dois trintões e por empréstimo o jogador com potencial de valorização. Podiam pedir também o craque Gabigol, já que andam por aí.


E para terminar, a cereja com bicho no topo do bolo podre: gostava que me explicassem por que motivo vão abrir as portas a um dos maiores cancros do futebol atual, apresentando-o como salvador de uma situação para a qual o próprio contribuiu de forma ativa e decisiva.


Esta linha de atuação é um desastre completo e, a ser verdade, tem de ser travada imediatamente: não podemos aceitar esmolas de clubes, empresários e jogadores que deviam ser punidos exemplarmente em vez de ficarem com os bolsos recheados de comissões e prémios de assinatura, não nos podemos vender aos nossos maiores inimigos. A situação financeira não é tão grave como estão a querer fazer passar: há um problema de tesouraria, obviamente, mas o nível de receitas que temos (não vai haver Liga dos Campeões, mas vai entrar agora em vigor o novo contrato da NOS que compensa praticamente esse buraco) garante-nos margem suficiente para gerir a época sem andarmos a mendigar um punhado de milhões a esta gente.

Espero que os candidatos e pré-candidatos se pronunciem sobre o que pensam desta estratégia. A bem do Sporting, quem não concorda deve afirmá-lo desde já de forma clara.

Já ficámos sem os anéis, preparam-se para nos arrancar os dedos e nem sequer nos vai sobrar um pingo de dignidade.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Apresentação da candidatura de Frederico Varandas

Para quem não teve oportunidade de ver, aqui fica a apresentação da candidatura de Frederico Varandas à presidência do Sporting, realizada no princípio desta tarde.

Primeiro a declaração inicial...


... e depois as respostas às perguntas feitas pelos jornalistas, onde temas bastante importantes foram abordados.





Assustador

Uma Comissão de Gestão tem como funções fazer a gestão corrente do clube até à próxima direção eleita tomar posse. Para mim, isto significa que o seu âmbito de atuação se deve limitar ao que não pode deixar de ser feito nos dois meses que estarão em funções. Como se sabe, existem alguns problemas que devem ser resolvidos com urgência, mas a questão do treinador não é um deles - ou melhor, não era um deles, porque, segundo o que hoje relata a imprensa, Sousa Cintra prepara-se dispensar Mihajlovic a escassos dias do arranque da época.

Diga-se o que se disser, Mihajlovic foi uma contratação legítima da anterior direção. Pode haver quem não goste do currículo, pode haver quem não goste dos princípios de jogo, pode haver quem ache que o salário é demasiado elevado para aquilo o Sporting deve pagar, pode haver quem ache que o contrato é demasiado longo... mas isso são questões que se limitam à esfera da opinião. A direção anterior tinha que contratar um treinador e tomou uma decisão em tempo útil para o início da época.

Estar agora a dispensá-lo, com tantas outras questões por resolver, é um risco que me parece completamente desnecessário e levanta outras questões. 

Qual será o treinador que o substituirá? 

Quando será contratado, considerando que estamos a escassos dias do início dos trabalhos? 

Aceitará o futuro treinador um contrato de apenas um ano de forma que a futura direção eleita possa escolher o seu treinador no início da próxima época?

E, considerando que Sousa Cintra está afastado há décadas do mundo de futebol, deixo a pergunta mais importante e assustadora de todas: quem são as pessoas que o estão a aconselhar?

segunda-feira, 25 de junho de 2018

A vida após a destituição

A Assembleia Geral

Os sportinguistas pronunciaram-se no sábado de forma clara e escolheram destituir Bruno de Carvalho e os restantes membros dos órgãos sociais que ainda o acompanhavam. Enquanto sócio que votou contra a destituição, apenas tenho que respeitar a vontade da maioria - neste caso, uma maioria que não deixa quaisquer dúvidas quanto ao sentimento do universo sportinguista face à continuidade do agora ex-presidente, pois o sim ganhou em todos os níveis de antiguidade: de forma mais acentuada nos associados com mais anos de filiação, com mais equilíbrio nos sócios mais recentes.

Infelizmente, a reação de Bruno de Carvalho à derrota não podia ter sido pior. Primeiro falou a frustração, anunciando a renúncia ao estatuto de sócio e o fim de toda e qualquer relação com o Sporting. Um punhado de horas mais tarde falou a falta de noção, invertendo o sentido de marcha de forma súbita e anunciando que, afinal, vai impugnar a AG e recandidatar-se à presidência. O dia não terminaria sem mais um par de intervenções em direto que culminou com a humilhação de ver a sua chamada a ser cortada pela SIC Notícias quando se repetia e divagava em questões sem interesse. A impugnação é uma tremenda falta de respeito pela vontade dos sócios e os recuos e avanços não revelam nada de bom sobre a sua estabilidade emocional, o que apenas vem dar razão a certo tipo de críticas que lhe foram feitas ao longo dos últimos meses/anos, e que acabará por colocar em risco a forma como muitos sportinguistas recordarão (ou não) a parte boa do legado da sua presidência. Uma coisa é certa: continuando a seguir este caminho autodestrutivo e indo a eleições, será um milagre se conseguir repetir a votação de 29%. 

As pessoas passam e o clube, melhor ou pior, fica. E é também pela parte boa do legado de Bruno de Carvalho que, após tomada a decisão da sua destituição, há dois grandes temas que terão de merecer completa atenção dos sportinguistas daqui para a frente.


A ação da Comissão de Gestão


O primeiro tema é a ação da comissão transitória nomeada por Jaime Marta Soares que fará a gestão corrente do clube até às eleições de 8 de setembro. É certo que estarão em funções apenas durante dois meses e meio, mas são dois meses e meio absolutamente críticos, durante os quais serão tomadas decisões muito importantes sobre temas extremamente sensíveis - o maior dos quais é, pela sua urgência, a condução do tema das rescisões. 

De acordo com as palavras de Artur Torres Pereira (na semana passada) e do, sabemos agora, presidente da SAD Sousa Cintra (ontem), a estratégia passará por fazer regressar os jogadores ao clube e, nos casos em que tal não for possível, negociar um certo valor de transferência com os clubes que os contratarem. 

Admito que possa ser possível recuperar um ou outro jogador, admito que os adeptos receberão bem um ou outro que tenha tido mais razões para querer abandonar o clube, mas nunca poderei esquecer que os jogadores decidiram abandonar o clube num dos piores momentos da sua história - a maior parte dos quais numa atitude de oportunismo puro para se colocarem a jeito de receberem generosos contratos e prémios de assinatura - sem sequer dirigirem uma palavra aos sócios e adeptos que, de forma esmagadora, repudiaram os acontecimentos de Alcochete.

O pior cenário possível, para mim, será a via da negociação. Querer negociar com jogadores e clubes em circunstâncias destas é um cenário que nunca admitirei, porque cheira a pedido de esmola e é um péssimo exemplo para o futuro que se está a dar aos jogadores que representam ou representarão o Sporting: compensará sempre apresentarem uma rescisão por justa causa, por mais absurdos que sejam os seus motivos, pois já sabem que o clube ficará satisfeito se recuperar umas raspas do seu valor do mercado. Para bem do futuro do Sporting, é obrigatório procurar fazer valer os nossos direitos pela via judicial até às últimas consequências, contra os jogadores e contra os clubes que os acolherem.

Há, também, as questões financeiras de curto prazo: a emissão do empréstimo obrigacionista e a criação das condições necessárias para concretizar o acordo de recompra das VMOCs. É uma oportunidade irrepetível que não podemos desperdiçar, pelo que será um crime contra o Sporting se esta Comissão de Gestão não fizer tudo ao seu alcance para fechar de forma satisfatória esta questão fundamental para o futuro do clube.

São temas prioritários sobre os quais espero ter esclarecimentos da Comissão de Gestão nos próximos dias.


O processo eleitoral que se segue

Estará agora na altura de aparecerem os candidatos com as suas listas e programas. Não encaro os resultados de sábado como um sinal de que o regresso da linhagem anterior é uma fatalidade impossível de contrariar. É óbvio que vão tentar retomar o poder do clube e da SAD, mas não tenho dúvidas de que muitos dos que votaram a favor da destituição de Bruno de Carvalho não tolerarão o regresso a esses tempos.

Estou, por isso, confiante que aparecerão listas alternativas que valorizarão o desígnio do ecletismo, transparência financeira, intransigente defesa dos interesses do clube e ambição desportiva, sendo certo que o tal lado bom da presidência de Bruno de Carvalho estabeleceu uma bitola elevada nos aspetos que referi atrás. Felizmente, o Sporting de 2018 é muito diferente do Sporting de 2006, 2009 ou 2011, pelo que acho difícil voltarmos a um passado em que direções centradas no futebol sénior masculino usam e abusam do clube para as suas negociatas. O nível de escrutínio e exigência dos sócios nunca foi tão elevado como é hoje.

É perfeitamente óbvio para todos o caminho que os sócios querem, e isso irá refletir-se nos candidatos e programas que aparecerão. Caberá aos sportinguistas saber separar o trigo do joio e identificar aquele que tiver melhores intenções e maiores probabilidades de as cumprir com êxito.

P.S.: confesso que me meteu um certo asco observar a deferência com que os membros da Comissão de Gestão trataram certa comunicação social durante a conferência de imprensa de ontem. Espero que tenha sido um momento de hipocrisia e não de ingenuidade... porque aquela malta, que vos tratou nas palminhas nas últimas semanas, será a primeira a atacar-vos sem quartel se por acaso se tornarem incómodos para os donos disto tudo. Nunca se esqueçam disto.

sábado, 23 de junho de 2018

Capítulo final

Quem manda no Sporting são os sócios. Não são os adeptos sportinguistas que não querem ou não podem fazer parte da família, muito menos os adeptos de outros clubes, e ainda menos os profissionais da Comunicação Social que têm feito um pobre esforço para esconder as suas preferências pessoais em relação ao tema que domina a atualidade nacional como nenhum outro tema alguma vez dominou. 

O que temos visto em Portugal não tem nada a ver com o Sporting, clube. As televisões descobriram um novo filão e decidiram substituir as repetitivas novelas portuguesas e brasileiras pela guerra de poder que há no clube. Transformaram os seus jornalistas desportivos em produtores e guionistas, dando palco a um interminável elenco de heróis, vulgo notáveis, e ao ocasional capanga que ainda teima em defender o inimigo número 1 de Portugal.

As sondagens que alguns jornais têm publicado nos últimos dias estão ao nível dos resumos dos próximos capítulos das novelas, ao melhor estilo da TV Guia. Não interessa se são sócios, se vão votar, e quantos votos terão na decisão de logo. O que interessa é que se garanta ao público desta novela que o capítulo final irá ao encontro das suas pretensões: o povo português, depois de ter investido tantas horas ao longo do último mês no acompanhamento desta trama carregada de heróis grisalhos e de um vilão sem escrúpulos seguido por uma legião de groupies acéfalos, merece um final feliz. 

Resta saber esse pequeno pormenor do que pensam os sócios sportinguistas votantes. Não faço ideia de qual será o resultado da votação, mas espero que, independentemente do que for decidido, se respeite a vontade da maioria. Refiro-me aos sportinguistas, obviamente... porque aquilo que pensam os outros do resultado, pouco ou nenhum interesse tem. Isto pode ser o capítulo final para 9.830.000 portugueses, mas para os 170.000 sócios sportinguistas há ainda muito por fazer e muito por decidir. 

O Sporting é dos sócios sportinguistas e de mais ninguém, e é assim que terá que continuar a ser... doa a quem doer.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

terça-feira, 19 de junho de 2018

Mihajlovic

Sinisa Mihajlovic não seria, definitivamente, a minha primeira, segunda ou terceira escolha para treinador do Sporting. Quando ouvi falar do interesse do clube em contratá-lo, fiquei a desejar que fosse apenas mais um tiro ao lado da imprensa desportiva devido, sobretudo, ao facto de não ser um técnico a quem se associe de imediato uma aura de conquista de títulos. Não foi tiro ao lado da comunicação social. O interesse do Sporting era efetivamente real e ontem concretizou-se num acordo para os próximos três anos.

Na sequência da contratação de Mihajlovic, estive a pesquisar o trabalho que foi fez nos últimos anos. O cenário negro que se tinha formado na minha mente desvaneceu-se um pouco.

O clube onde teve mais sucesso foi na Sampdoria: em 2013/14 pegou na equipa à 12ª jornada quando se encontrava abaixo da linha de água, e levou-a até à 12ª posição. Fez a época seguinte completa e alcançou um 7º lugar - posição que a Sampdoria não conseguiu repetir após a sua saída (16º, 10º e 10º lugar). O 7º lugar alcançado em Génova levou a que o Milan o contratasse, mas acabou despedido à 32ª jornada, deixando a equipa em 6º lugar e qualificada para a final da Taça de Itália. Nas épocas que se sucederam entretanto, o Milan nunca conseguiu melhor do que o 6º lugar e não regressou à final da taça - mesmo na época que agora terminou, em que foram investidos quase 200 milhões de euros em contratações. Em 2016/17 foi para o Torino e conseguiu um 9º lugar (na época anterior tinha ficado em 12º). Esta época foi despedido do Torino após ser eliminado da taça pela Juventus, deixando a equipa em 10º lugar com 5 vitórias, 10 empates e 4 derrotas, a 2 pontos do 7º lugar. Não tem títulos, mas convém relembrar que a Juventus seca tudo em Itália: os crónicos campeões limparam os últimos 7 campeonatos e as últimas 4 taças.


Já vi por aí análises a destacarem a baixa percentagem de vitórias, mas convém ter em consideração duas atenuantes: nunca dirigiu um clube de 1ª linha em Itália (o Milan dos últimos anos não é mais do que um clube de 2ª linha), e é um treinador que sempre ganhou mais do que perdeu, mesmo em clubes que não tinham recursos para mais do que a luta pelo meio da tabela.

As análises que li referem-no como um treinador de mentalidade ofensiva que não tem medo de apostar em jogadores jovens. Os principais defeitos que lhe apontam são a de ser um treinador inconsistente taticamente quando as coisas não correm bem, mudando muito o esquema da equipa à procura de uma fórmula que possa ser melhor sucedida.

As questões extra-futebol, não sendo agradáveis, não são relevantes. O Sporting contratou um treinador de futebol, e não um professor de história ou de ciência política. A única coisa que devemos exigir, em relação a isso, é que o treinador respeite os jogadores e adeptos e honre o emblema que passará a representar.

Nas circunstâncias atuais, seria impossível replicar o efeito que a contratação de Jesus teve há três anos. Mihajlovic não é um nome bombástico. É um treinador de quem os adeptos poderão ter legítimas dúvidas sobre se tem o que é necessário para criar uma equipa competitiva a partir de um plantel muito desfalcado num campeonato que não conhece, mas convém termos consciência de que não estamos a falar de um incompetente incapaz de pôr equipas a jogar futebol. Tem um perfil que, tendo acesso aos meios e ao tempo necessários, poderá dar frutos no Sporting.

Que tenha o sucesso que todos desejamos.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

O meu voto na AG de destituição

No passado sábado ficámos a conhecer a Comissão de Gestão que ficará em funções caso Bruno de Carvalho seja destituído. Ouvi com atenção tudo o que foi dito e a sensação com que fiquei é que a única ideia que a  Comissão de Gestão liderada por Artur Torres Pereira tem neste momento é a retirada de Bruno de Carvalho do poder. Não responderam a qualquer pergunta sobre o que tencionam fazer relativamente à liderança da SAD nem apresentaram nenhuma estratégia de como fazer face às questões que preocupam atualmente todos os sportinguistas. 

É certo que não cabe a uma CG definir e aplicar um programa bem definido - é apenas uma comissão transitória que serve para manter a frota à tona até ser nomeado o novo almirante -, mas, neste momento, existem desafios urgentes e fundamentais para o futuro imediato do clube e SAD que exigem ideias bem definidas e a tomada de ações imediatas e concretas:

  • A preparação da nova época da equipa de futebol não pode esperar por uma mudança da equipa diretiva - é absolutamente prioritário definir a equipa técnica e reforçar o plantel de forma a que tenhamos em 2018/19 uma equipa competitiva com jogadores de grande potencial de valorização;
  • Não poderá haver hesitações relativamente às rescisões dos jogadores - foi contratado provavelmente o maior especialista na matéria e é necessário dar sequência imediata a todas as linhas de ação que estejam ao nosso dispor junto das instâncias desportivas e judiciais;
  • Há que garantir a concretização dos passos necessários para fechar o novo acordo de reestruturação que prevê a recompra de todas as VMOCs, o que permitirá que o clube volte a ter a esmagadora maioria da participação na SAD.  


Para já, a nova CG não fez qualquer referência ao que tenciona fazer em relação a estas três questões, reconhecendo Artur Torres Pereira que, para já, a principal preocupação é a coordenação dos membros que a compõem para conseguirem conjugar as suas vidas profissionais com as responsabilidades que agora assumem:

"O primeiro objetivo é encontrarmos a forma ideal de trabalharmos, porque eu estou rodeado de pessoas livres, pessoas com vida profissional própria, e portanto dentro deste enquadramento a primeira coisa que vamos fazer é encontrar a forma de nos organizarmos, de dividirmos as nossas funções, de nos atribuirmos as nossas responsabilidades, tendo apenas como objetivo estratégico a maneira de sermos mais eficientes em relação à missão que nos propomos levar a cabo".

É evidente que Artur Torres Pereira não pode deixar de começar por se organizar a si e à sua equipa, mas para mim fica perfeitamente claro que os timings desta nomeação não são compatíveis com as respostas que têm de ser dadas de imediato aos desafios que o clube está a enfrentar.

Isto, para mim, é um ponto absolutamente crucial para decidir o meu sentido de voto na próxima AG. Parece-me claro que só a direção de Bruno de Carvalho está apta a lidar com todos estes problemas com a urgência que as diversas questões requerem.

Não me entendam mal: não mudei a minha opinião em relação à necessidade de aparecer uma liderança alternativa. Perdi a confiança em Bruno de Carvalho em abril, pela forma como reagiu à derrota de Madrid - criticando publicamente os jogadores de forma totalmente desadequada e por trair os sócios ao quebrar uma promessa feita na última AG quando telefonou para a CMTV nesse mesmo dia - e como geriu depois o problema que criou. Percebi que não vale a pena manter a esperança que alguma vez irá conseguir (ou estar disponível para) corrigir os mesmos defeitos que já no passado tinham causado problemas muito graves ao clube. Acredito, no entanto, nas ideias que Bruno de Carvalho para o Sporting: ambição, exigência, transparência e rigor financeiro ao serviço do desígnio eclético do clube. Infelizmente, tenho enormes dúvidas de que Bruno de Carvalho tenha condições para executar as ideias que recuperou para o Sporting.

Ora, para mim, isto só se pode resolver com eleições para todos os órgãos sociais - ainda mais porque o atual CD está fragilizado e a um par de demissões de cair -, a realizar quando os três processos acima referidos já estiverem estabilizados e devidamente orientados. Ou seja, continuo a manter que setembro/outubro é a altura ideal.

Para além disso, como não estou disposto a abdicar do essencial do programa e das ideias de Bruno de Carvalho - mesmo estando disposto a abdicar do seu criador -, não vou contribuir para a sua queda no sábado, a ele e à sua direção, sem saber que nomes e programas se apresentarão para a sua sucessão.

Como tal, a não ser que algo de verdadeiramente relevante aconteça até sábado, votarei contra a destituição de Bruno de Carvalho.

sábado, 16 de junho de 2018

A uma semana da AG...

Falta uma semana para a realização da AG convocada por Jaime Marta Soares para que os sócios decidam a destituição ou permanência de Bruno de Carvalho e dos restantes elementos do Conselho Diretivo. Sendo este um momento de importância fulcral para o futuro do clube, é imperativo que os sócios votem em plena consciência do que pode significar a sua escolha.

Quem estiver inclinado para votar contra a destituição sabe com o que pode contar. Pode fazê-lo por acreditar que Bruno de Carvalho é a pessoa certa para ter no cargo ou, simplesmente, por considerar que, depois de tudo o que fez desde 2013, seria de uma enorme ingratidão estar a afastar o presidente do clube desta forma. Mas, seja por um motivo ou por outro, quem votar contra a destituição conhece todas as qualidades e defeitos de Bruno de Carvalho e, como tal, sabe qual o rumo que o clube terá. Para o bem e para o mal. 

Mas o mesmo não se pode dizer de quem estiver inclinado para votar a favor da destituição. É uma opção legítima e perfeitamente justificável para quem pense não há cenário mais nocivo do que a permanência de Bruno de Carvalho, independentemente da pessoa ou grupo de pessoas que pegar depois no clube. No entanto, é conveniente que se tenha alguma ideia do que acontecerá no dia seguinte caso a destituição seja aprovada por maioria. 

Como tal, existem clarificações urgentes que têm de ser feitas de imediato.

Em primeiro lugar: quem ocupará o lugar de Bruno de Carvalho até à realização de eleições? Jaime Marta Soares disse, na passada quarta-feira, que estaria por horas o anúncio da composição da Comissão de Gestão. Até agora, não o fez. 

Em segundo lugar: é fundamental conhecer os nomes, mas é ainda mais fundamental saber qual o seu nível de compromisso relativamente às duas questões de curto prazo que mais preocupam os sportinguistas: a defesa dos interesses do Sporting no conflito das rescisões, e o cumprimento do novo acordo de reestruturação com a banca que permitirá ao clube recuperar as VMOCs nas condições recentemente negociadas.

São questões demasiado importantes para se estar a passar um cheque em branco a pessoas desconhecidas, e ainda mais quando são pessoas desconhecidas que serão escolhidas por um incompetente como Jaime Marta Soares.

P.S.: É importante também que todos os candidatos a candidatos se cheguem à frente ao longo desta semana, com os seus nomes fortes e ideias-chave do seu programa. O tempo de se manterem na sombra acabou, os sócios têm o direito a saber com o que podem contar.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

A proposta de alteração dos estatutos

Começo por referir que o aquilo que vou escrever sobre as propostas de alteração dos estatutos parte do pressuposto de que a AG de dia 17 é válida e irá acontecer. Ainda assim, a opinião que tenho sobre o imbróglio estatutário em que estamos metidos é que Jaime Marta Soares é ainda o legítimo PMAG - pois é referido explicitamente nos estatutos que a MAG só abandona funções após a eleição de uma nova MAG (ao contrário do CFD e do CD, que devem ser substituídos de imediato por comissões transitórias até à eleição de novos órgãos sociais) - e que a CTMAG liderada por Elsa Judas não tem qualquer fundamento estatutário e, como tal, é ilegal. Mas isto é apenas a minha opinião e admito que sou um completo leigo em matérias de direito. Como tal, tentarei estar presente em todas as AGs que forem realizadas para exercer o meu direito de voto. Depois os tribunais que decidam quais as são as AGs legais e as AGs ilegais.

O tema que quero efetivamente abordar em detalhe é a alteração de estatutos proposta pela direção que vai a votos na AG de dia 17. Resumindo, as alterações propostas pela direção são as seguintes:


1. Introdução do conceito de Comissão Transitória da Mesa da Assembleia Geral.

Atualmente, uma MAG demissionária só abandona funções quando uma nova MAG é eleita pelos sócios. O que esta alteração estatutária propõe é que a demissão da MAG tenha efeitos imediatos, uma vez oficializada, cabendo então ao presidente do CD a nomeação de uma comissão transitória que desempenhe essas funções até às eleições, que se deverão realizar num prazo máximo de 6 meses.

Só tenho a dizer duas coisas sobre isto: é uma alteração desnecessária e clarificadora. 

A alteração é desnecessária porque os estatutos atuais são funcionais em relação a esta matéria. Apenas chegámos ao ponto em que estamos porque temos o mais incompetente PMAG de que há memória e temos órgãos sociais divididos de forma irreversível. Sendo esta uma situação excecional, muito possivelmente irrepetível, não vejo por que motivo haveremos de andar a mudar estatutos.

A alteração é clarificadora porque, a meu ver, demonstra que a CTMAG liderada por Elsa Judas é uma invenção que não tem qualquer suporte nos estatutos atuais. Se os estatutos permitissem esta CTMAG, então para quê estar a introduzir o conceito com esta proposta de alteração?


2. Substituição dos membros demissionários do CD

Caso seja aprovada, esta proposta de alteração permitirá, em caso de uma demissão de um membro do CD, que o presidente do CD tenha então liberdade para preencher essa vaga com o nome que quiser, desde que assegure a manutenção da proporcionalidade da composição do CD exigida pelos estatutos relativamente à antiguidade como sócios (pelo menos 1/3 dos membros têm de ter 20 anos ininterruptos de sócio de categoria, e pelo menos 2/3 têm de ter 15 anos ininterruptos de sócio de categoria A).

Para mim, esta proposta de alteração é inaceitável porque implica perda de poder dos sócios. Atualmente temos o poder de escolha de todo e qualquer membro dos órgãos sociais: os nomes fazem parte das listas para as eleições e colocamos o nosso voto numa das listas; se houver algum elemento demissionário, é substituído por outro elemento suplente que foi eleito por essa mesma lista (ou outras listas, caso esteja em vigor o método de Hondt). Mas com esta alteração, à medida que os membros se forem demitindo, outros poderão tomar o seu lugar sem qualquer hipótese de escrutínio dos sócios.

Os órgãos sociais do clube não são funcionários da SAD ou do clube, como tal não faz sentido encarar a substituição de um membro dos órgãos sociais como se de uma medida rotineira de gestão se tratasse. É uma questão bem mais relevante: substituir alguém que os sócios escolheram para gerir o clube. 

Os suplentes que fazem parte das listas existem precisamente para dar resposta a situações normais de demissões causadas por quebra de confiança ou desacordo com o rumo tomado. Mas quando os suplentes deixam de chegar para manter o quórum, é sinal de que algo de verdadeiramente grave ou extraordinário se passou. Em circunstâncias graves ou extraordinárias, a solução não pode passar por ser o presidente a colocar no CD quem bem lhe apetecer - a única solução aceitável é a realização de eleições para que os sócios decidam o rumo que o clube deve tomar.


Considerações gerais

O timing é indiscutivelmente péssimo, mas também é preocupante assistir à forma apressada como se está a apresentar e levar estas propostas de alteração a votos - propostas que aparecem como medidas de reação imediata a uma situação excecional que nunca se viveu na história do clube. Os estatutos são uma âncora na qual o funcionamento do clube se deve suportar nos melhores e piores momentos, e, como tal, devem ser debatidos e votados num ambiente de estabilidade e tranquilidade - tudo aquilo que não existe neste momento.

O imbróglio em que estamos metidos não é uma falha dos estatutos. Acontece porque de um lado temos o PMAG mais incompetente de sempre e do outro lado um presidente que queimou todas as pontes de entendimento com a maioria dos membros dos órgãos sociais. Por mais que se tente blindar os estatutos, em situações extremas como estas os advogados de grupos com posições extremadas conseguirão sempre encontrar lacunas ou pseudo-lacunas para suportar o seu ponto de vista. 

De qualquer forma, a adequação dos estatutos atuais à situação que vivemos é um falso problema: os estatutos atuais têm resposta para resolver este imbróglio e, no limite, caberá aos tribunais decidir quem tem razão.

É por tudo isto que votarei contra as propostas de alteração aos estatutos.


Poder total ao ditador?

Não faz qualquer sentido ver-se nestas propostas uma forma ilegítima de concentrar o poder na figura do presidente. Poder total seria se o presidente do CD tivesse a possibilidade de demitir quem quisesse e substituí-lo por quem quisesse. Não é o caso. A proposta apenas confere o poder de nomeação caso haja uma demissão no CD (e não no CFD ou na MAG), capacidade essa que cabe única e exclusivamente a cada um dos elementos do Conselho Diretivo.

Querer poder total seria se tentasse conferir direitos especiais a uma casta de associados que o ajudassem a manter-se no poleiro em quaisquer eleições.

Querer poder total seria se andasse a limitar os direitos que os sócios têm de fazer parte de listas para eleições de órgãos sociais e, em particular, candidatar-se à presidência.

Mais uma vez, é preciso ter muito cuidado na avaliação das "notícias" que a comunicação social vai passando.

domingo, 10 de junho de 2018

Consagração

O Sporting recebeu ontem o troféu pela conquista do campeonato de hóquei - a conquista que, na minha opinião, foi a mais notável de uma época carregada de sucessos ao nível das modalidades de pavilhão - no final da última jornada. Parabéns a todos os que contribuíram para que a vitória no campeonato fosse possível!


Fica um docinho adicional: o golo de João Pinto com que o Sporting fechou o marcador contra a Oliveirense: 4-4 em dia de festa.



sábado, 9 de junho de 2018

Legitimidade reconhecida ou legitimidade não reconhecida, eis a questão

Na segunda-feira houve uma manifestação organizada por sportinguistas a exigirem a demissão de Bruno de Carvalho e da atual direção. Compareceram centenas de manifestantes e dezenas de jornalistas e até um drone, e tivemos direito a longos diretos da RTP, SIC, TVI e CMTV, que recolheram opiniões e discutiram o descontentamento dos sportinguistas durante horas. Todos os canais que cobrem o assunto marcaram presença e não pouparam meios. Todos os canais? Não, a Sporting TV ignorou totalmente a manifestação. No dia seguinte, a manifestação teve direito a chamada de capa no Público, O Jogo, Jornal de Notícias, A Bola e Record. 

Ontem houve uma manifestação organizada por sportinguistas para declararem o seu apoio a Bruno de Carvalho e à atual direção. Compareceram centenas de manifestantes, mais centena ou menos centena comparativamente à segunda-feira anterior, mas desta vez... diretos, nem vê-los, com exceção da Sporting TV. Hoje, a manifestação não teve direito a uma única chamada de capa dos jornais.

Duas manifestações com centenas de sportinguistas não poderiam ter tido tratamento mais diferente.  A Sporting TV não cumpriu a sua função de manter os sportinguistas informados. Percebe-se o motivo, pois não costuma ser boa ideia morder a mão a quem aprova o pagamento das faturas mensais, mas a verdade é que dar noticia de apenas um dos lados da questão é mais desinformação do que informação. 

A mesma crítica pode ser dirigida a todos os jornais e televisões supostamente independentes. É mais do que evidente que estão a tomar partido por um dos lados da barricada. Estão fazer de Bruno de Carvalho o inimigo público número um e querem-no de fora do Sporting o mais rapidamente possível. O trabalho que têm feito é uma vergonha e isso sim, deveria efetivamente preocupar a opinião pública: quem está disponível para fazer uma caça à bruxa destas quando o tema é futebol, poderá um dia estar disponível para fazer o mesmo em temas muito mais importantes.

O que é que isto tem a ver com a questão da decisão de ontem do tribunal que indeferiu o requerimento da Marta Soares? É que a forma como essa decisão foi noticiada é um bom exemplo de como não podemos confiar em nada do que a comunicação social (Sporting TV incluída) diz ou escreve sobre o tema.


Isto que aparece na capa do Record de hoje é mentira. O tribunal pronunciou-se apenas sobre os pedidos que Marta Soares fez de forma a forçar o CD a providenciar todos os meios considerados necessários para que a AG de dia 23 se realize em condições de segurança. O tribunal indeferiu o requerimento de Marta Soares por considerar que as medidas solicitadas, mesmo que implementadas, não garantem essas condições de segurança. É única e exclusivamente isto que foi decidido. O tribunal não se pronunciou sobre o direito que Marta Soares tem em convocar uma AG, nem se pronunciou sobre se Marta Soares é ou não o legítimo PMAG em funções.

Em relação à situação da legitimidade dos órgãos sociais, o tribunal referiu apenas que, em função da natureza sumária de uma providência cautelar, não há necessidade nem condições para apurar se todos os pressupostos são válidos - incluindo sobre se Marta Soares tem ou não poderes para convocar a AG em causa -, de forma a não comprometer uma decisão que teria obrigatoriamente rápida e atempada sobre o requerimento colocado para garantir as condições de segurança da AG de dia 23. Nunca, em momento algum, se pronuncia sobre o diferendo que existe sobre qual é a MAG efetivamente em funções. Essa questão continua em aberto e, muito provavelmente, acabará por ser decidida nos tribunais... num processo completamente separado daquele cujo resultado foi ontem conhecido.

Todos, na nossa qualidade de adeptos, sócios e cidadãos, temos direito a achar que a razão está de um ou de outro lado. Mas isso não confere a ninguém, e muito menos à comunicação social, o direito de tentar enganar as pessoas dando a entender que foram decididas coisa que simplesmente não foram apreciadas.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

A hipótese Scolari

O último mês da vida dos sportinguistas tem sido dominada por uma sequência quase ininterrupta de acontecimentos angustiantes e depressivos. Ontem, não tendo havido nenhuma crise nova a rebentar nem nenhuma conferência de imprensa de órgãos sociais (em funções ou demissionários, transitórios ou fictícios), acabou por ser um dia menos mau. Mas não deixou de ser, pelo menos para mim, um dia complicado, por causa da possibilidade de contratação de Scolari para treinador do Sporting.

À hora que escrevo isto a possibilidade Scolari parece estar descartada, mas durante uma boa parte do dia houve notícias que indicavam negociações muito avançadas e o acordo total até chegou a ser dado como certo pelo jornal A Bola ao final da tarde. Felizmente, não tardaria a aparecer a notícia de que Scolari e o Sporting não chegaram a acordo e que as negociações tinham terminado.


A contratação de Scolari, a meu ver, seria um  grande erro. É um treinador que está à beira de completar 70 anos, que há muito não faz nada de relevante em campeonato competitivos (perdoem-me, mas sucessos no Uzbequistão e China não são indicadores de nada) e que não é propriamente conhecido por ser um guru do treino. Pode ser um bom motivador, mas não deixo de ficar com a sensação de que estaríamos a proporcionar-lhe umas épocas de pré-reforma pagas a peso de ouro, e não ficaríamos de forma alguma melhor servidos de treinador do que os nossos rivais que, convém relembrar, terão na próxima época um orçamento superior ao nosso em virtude das receitas reforçadas que obterão da Liga dos Campeões. E o facto de o Sporting oferecer a Scolari um salário tão elevado acabaria por complicar uma eventual rescisão face à eventualidade (não muito improvável) de as coisas não correrem conforme o pretendido.

Compreendo que, na situação atual e com o tempo a apertar, não seja fácil contratar um treinador com as características ideais, mas prefiro que se corra algum risco num treinador com ambição, potencial, ideias próprias e vontade de mostrar serviço do que um treinador caro, de outra geração, cujos principais sucessos aconteceram ao nível das seleções, e que há anos não tem desafios a sério.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Branqueamento de capitais e fraude fiscal

As suspeitas que levaram à realização de mais uma sessão de buscas no Estádio da Luz na terça-feira  - pagamento de serviços a uma empresa do ramo informático de 1,9 milhões de euros que foram, posteriormente, levantados em numerário - podem ser explicadas de três formas possíveis, mas nenhuma delas pode ser considerada normal.

A primeira explicação é o serviço ter efetivamente existido e os pagamentos terem sido efetuados segundo o contrato assinado pelas partes. O que depois foi feito com o dinheiro dirá única e exclusivamente à empresa que recebeu esses valores. 

Neste cenário, nem o Benfica nem os seus funcionários seriam responsáveis por qualquer irregularidade. No entanto, para isto se comprovar é necessário que tenha havido, efetivamente, uma prestação de serviços informáticos no valor de quase 2 milhões de euros. Dependendo do tipo de serviço, podemos estar a falar de um esforço total que poderá variar entre 4.000 e 16.000 horas de trabalho. A existência ou não existência de uma prestação de serviços desta dimensão é facilmente demonstrável: ou falamos de uma implementação de um sistema informático, ou falamos de um contrato de algum tipo de suporte técnico, qualquer um deles implicando a produção de um grande volume de documentação de projeto ou registos de ticketing ao longo de um determinado período de tempo, incluindo trocas de ficheiros, emails e telefonemas entre técnicos, consultores e funcionários do Benfica das áreas, e tudo numa sequência cronológica coerente que é impossível falsificar.

Ou seja, para este cenário ser verdadeiro teria de haver uma prova incontestável de que tais serviços aconteceram - algo de que as autoridades duvidam, segundo o que se pôde ler no comunicado emitido ontem sobre o caso. 


Seria também necessário perceber a coincidência de todos os pagamentos efetuados pelo Benfica terem sido posteriormente levantados em numerário, algo que nenhuma empresa respeitável do ramo costuma fazer. Mas isso não seria problema do Benfica.

Sobram, portanto, duas explicações, ambas dependentes do pressuposto de que tais serviços nunca aconteceram: uma em que o Benfica é vítima de burla por parte de funcionários seus, e outra em que o Benfica está envolvido em crimes graves.

O Benfica poderia ser vítima caso um conjunto de funcionários seus tivesse conspirado para roubar dinheiro à SAD, inventando um serviço inexistente, arranjando uma empresa cúmplice, com o dinheiro transferido a ser depois dividido entre todos. Mas isto é altamente improvável, porque investimentos deste montante em serviços informáticos são aprovados pelas hierarquias de topo e a sua execução é acompanhada regularmente. Seria de uma incompetência extrema não haver ninguém a aperceber-se de que não havia qualquer projeto a decorrer, para além de que, após a descoberta, teria obrigatoriamente que haver queixa-crime contra esses indivíduos. Isso também é muito fácil de validar pelas autoridades.

Sobra então a última explicação, aquela que as autoridades investigam, e a que é mais provável considerando todas as suspeitas de irregularidades que têm surgido no último ano associadas ao Benfica: branqueamento de capitais e fraude fiscal. Do que é que estamos a falar em concreto?

Branqueamento de capitais ou lavagem de dinheiro são operações em que uma determinada pessoa ou organização tenta transformar dinheiro obtido de forma ilegal (sujo) em dinheiro legítimo (limpo). Uma das formas de se conseguir lavar dinheiro é gerar receitas inexistentes que ajudem a justificar os sinais exteriores de riqueza da tal pessoa ou organização. Um dos métodos que existe para gerar receitas inexistentes é através da emissão de faturas falsas.

Num cenário hipotético: a empresa A (neste caso concreto, segundo as suspeitas das autoridades, corresponderia à empresa de serviços informáticos) quer legalizar 2 milhões de euros obtidos através de uma atividade ilegal.

A empresa A necessita de ter um parceiro para efetuar este golpe, a empresa B (que neste caso concreto, segundo as suspeitas das autoridades, corresponderia ao Benfica). A empresa A vende um serviço fictício à empresa B, e passa uma fatura no valor de 2 milhões, para assim poder apresentar receitas de 2 milhões. Posteriormente, irá passar para o nome dos sócios uma grande parte desse valor, através da distribuição de dividendos, salários, prémios ou outro tipo de compensações. Falamos, portanto, de dinheiro que estava na economia paralela e que assim passa a estar no sistema financeiro legítimo.

Para mascarar melhor a operação, a empresa B faz uma transferência em nome da empresa A dos tais 2 milhões. Noutra altura, que tanto pode ser antes ou depois da tal transferência, a empresa A devolve os 2 milhões à empresa B (através de canais mais complexos, como off-shores, ou mais simples, como uma mala cheia de dinheiro entregue em mão). A empresa B ficará então com um saco azul de 2 milhões, que poderá usar para despesas ilícitas que não podem ficar registadas nas suas contas. No caso de um qualquer clube de futebol estamos a falar de dinheiro que poderá ser utilizado, por exemplo, para aliciar jogadores ou árbitros.

A parte da fraude fiscal é a que menos importância tem no caso, é quase como uma espécie de dano colateral ao que realmente interessa: como a empresa B está a declarar custos que nunca teve na realidade, está a reduzir os seus lucros e, consequentemente, está a pagar menos impostos do que devia ao Estado.

Isto é, como se pode facilmente perceber, uma questão gravíssima. Ninguém tira voluntariamente milhões das contas para a economia paralela com boas intenções - não será certamente para comprar rifas a escuteiros -, sendo possível que isto seja apenas mais uma ramificação de toda a podridão que tem vindo a ser revelada ao longo do último ano. É também extraordinário como grande parte da comunicação social conseguiu passar praticamente ao lado deste caso. Esperemos pelos próprios desenvolvimentos.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Não terá passado de um rumor mas...

... isso não impediu de o jornal A Bola ter decidido fazer notícia com uma invenção de tal forma aberrante, que não tem ponta por onde se pegue. Ficámos a saber que qualquer jogador pode, no mês seguinte a uma transferência que pode envolver milhões, decidir que afinal não quer ficar por estar num período de experiência. Para além de estarmos a falar de um jogador que passou por uma situação idêntica em Guimarães e não rescindiu, mas que iria agora rescindir por causa de um episódio que não presenciou... sim, isto faz todo o sentido.


As realidades alternativas da CMTV

Ninguém poderá negar que os problemas por que o Sporting passa atualmente são graves, mas parece-me também que já todos perceberam que há uma vontade óbvia da comunicação social - uns mais do que outros - em empolar tudo o que tiver o mais fugaz cheiro a polémica que possa estar ligada, direta ou indiretamente, ao clube ou ao seu presidente.

Se há alguma coisa que as últimas semanas nos ensinaram, é que não há assunto que venda tanto como uma crise do Sporting. Nem crises no Governo, nem crises na banca, nem crises em qualquer outro clube de futebol - como se pode avaliar pela fugaz cobertura que tiveram as alegadas tentativas de suborno de jogadores do Marítimo ou pela total irrelevância que mereceu o episódio de agressões de dezenas de adeptos a atletas do V. Guimarães.

A crise do Sporting vende, e vende tanto que há quem tente arranjar problemas onde os problemas não existem, inventando realidades alternativas através de uma colagem manhosa de factos, rumores e interpretações completamente enviesadas.

Vem isto a propósito de uma peça que a CMTV exibiu na passada segunda-feira sobre uma alegada SMS enviada por Bruno de Carvalho aos jogadores de hóquei em patins do Sporting. Ora vejam, que vale a pena:


A peça começa desta forma:

"Depois das polémicas mensagens do presidente do Sporting aos jogadores da equipa principal de futebol, Bruno de Carvalho atacou AGORA por SMS os atletas de hóquei em patins do clube de Alvalade."

Não podia começar de melhor forma. Apresentar uma notícia indicando que a tal SMS foi enviada "agora" quando, na realidade, a data que lhe é atribuída tem mais de três semanas, é uma forma indecente de tentar converter notícias requentadas em acontecimentos bombásticos de última hora. Só depois de a SMS ser mostrada e lida é que o jornalista refere a data e as circunstancias em que tal mensagem terá sido enviada. 

Mas a desonestidade ainda iria piorar.

"Alguns atletas do plantel já reagiram através das redes sociais às palavras do líder do Sporting de forma IRÓNICA."

Se alguém tivesse ficado na dúvida sobre se a utilização do termo "agora" foi um descuido ou intencional, esta frase demonstra de forma clara o objetivo do jornalista Luís Silva, quando este diz que alguns atletas do plantel reagiram de forma irónica às palavras de Bruno de Carvalho. Pelo que é dito na peça, fica implícito que a ironia dos jogadores se dirige a Bruno de Carvalho quando, na realidade, a ironia dos jogadores se dirigia... à notícia da CMTV.

Como se pode ver na imagem à direita (post de Caio no Instagram), os jogadores estão a mostrar um telemóvel com imagens de um programa da CMTV onde se debatia a tal SMS de Bruno de Carvalho. A pose dos jogadores, o texto e os emojis, o facto de estarem a celebrar o campeonato que tinha sido conquistado no dia anterior, sabendo-se também que a equipa de hóquei tem feito declarações públicas de apreço pelo apoio da direção à secção, não deixa quaisquer dúvidas sobre a intenção da mensagem: estão a fazer pouco da revelação da CMTV. 

O texto e a imagem foram publicados pela maior parte dos jogadores do plantel.  







Para além disto, Gilberto Borges também se pronunciou sobre o tema...


... e o fisioterapeuta da equipa de hóquei publicou o seguinte:

(via @scpmariadavid)

Uma peça que começa por situar mal no tempo uma eventual mensagem enviada por Bruno de Carvalho, que segue fazendo uma descrição cronológica pouco rigorosa de acontecimentos relevantes, e acaba tentando criar um cenário de rotura entre jogadores e presidente que simplesmente não existe. Falta de profissionalismo e honestidade, dirão uns; apenas mais uma segunda-feira na nossa vida, dirão os jornalistas da CMTV.

terça-feira, 5 de junho de 2018

Jorge Jesus oficial no Al Hilal



Balanço de 2017/18: Avançados



Bas Dost: *** 
2016/17: *** 

Mais uma época recheada de golos e de uma taxa de eficácia de aproveitamento assombrosa. Sobre Bas Dost não há muito mais a dizer, a não ser isto: como seria se o Sporting tivesse alas e laterais que soubessem cruzar, se houvesse médios e segundos avançados que dessem maior presença de área ao ataque do Sporting, se se organizasse de forma menos mastigada que permitisse ao holandês ter mais do que as 2 oportunidades de golo da praxe em cada jogo? No fundo... como seria se o Sporting tivesse um modelo de jogo que realmente tirasse proveito das características de Dost? Quantos golos poderia valer?


Seydou Doumbia: *

Quando foi anunciada a sua contratação, tinha muitas expectativas em relação ao que Doumbia poderia fazer ao lado de Dost num campeonato como o português. No entanto, não foi preciso muito tempo para perceber que Jesus nunca tencionou utilizar os dois em simultâneo, pois a ideia do técnico passava por utilizar Doumbia no lugar de Dost em jogos onde existisse maior possibilidade de aproveitamento do contra-ataque. Doumbia até começou bem, com dois golos fundamentais para a Liga dos Campeões (que abriram o marcador em Bucareste e Atenas) mas a partir daí foi sempre a descer de rendimento. Há que dizer que lhe faltou alguma sorte - para além de a forma de Dost o ter condenado a uma utilização irregular, também não foi feliz com as arbitragens - que lhe anularam golos limpos e não lhe assinalaram dois penáltis em jogos e momentos cruciais (Moreira de Cónegos e Porto) -, mas é perfeitamente evidente que Doumbia já não tem as mesmas características de há uns anos. Acima de tudo, o facto de ter perdido o poder de aceleração e a velocidade de ponta de outros tempos faz com que seja um jogador banal. Com um salário elevado e dois anos de contrato para cumprir, é um dos jogadores que urge transferir neste defeso.


Fredy Montero: **
2015/16: *
2014/15: **
2013/14: **

Foi uma contratação de inverno que não me entusiasmou. Não que não reconheça qualidade ao jogador (tem técnica e é matador), mas a sua inconsistência faz com que a sua contribuição para o jogo seja constantemente uma incógnita. No geral acabou por corresponder às expetativas, tendo um rácio interessante de golos por minuto. Vai entrar na sua última época de contrato (o Sporting tem opção para estender por mais dois anos), e parece-me uma boa opção para ter no banco caso consiga manter o rendimento dos últimos meses.


Rafael Leão: -

As suas prestações surpreendentes na II Liga e na Youth League valeram-lhe a confiança de Jorge Jesus. Fez por merecê-la: em 134 minutos de utilização marcou um golo contra o Oleiros, fez uma assistência para Gelson naquele jogo surreal contra o Moreirense e apontou um excelente golo no Dragão. Parecia estar pronto a explodir, mas infelizmente acabou por ser vítima de lesões que o deixaram fora dos relvados até ao final da época. É, evidentemente, um jogador com lugar reservado no plantel de 2018/19 e, caso não tenha a mesma infelicidade com questões físicas, vai certamente valer muitos golos à equipa.


Gelson Martins: ***     
2016/17: ***
2015/16: ** 

Os números dizem que o seu rendimento se traduziu em 13 golos, 11 assistências e inúmeras ocasiões de golo criadas, mas convém não ignorar os intangíveis: a magia de Gelson justifica sempre o preço do bilhete e a sua disponibilidade para trabalhar em prol da equipa - nomeadamente no constante apoio defensivo que dá ao seu lateral - deveria justificar sempre a admiração de todos os sportinguistas. O esforço que foi exigido dele e a utilização quase ininterrupta num calendário ultra-preenchido acabaram por deixá-lo arrasado fisicamente, e isso acabou por ter influência na quebra de rendimento registada nos últimos jogos. De qualquer forma, isso não apaga aquilo que para mim é uma evidência: foi mais uma grande época de Gelson.


Marcos Acuña: **     

Bem sei que é mais médio ou defesa do que extremo, mas coloquei-o aqui por causa do papel que deveria ter tido e que o trouxe até ao Sporting. Acuña aproveitou bem o embalo do ritmo competitivo que trouxe da Argentina e iniciou a época de forma brilhante. Com o passar do tempo a sua influência ofensiva começou a desvanecer-se e acabou como uma solução mais credível para lateral do que para extremo. É um jogador raçudo, tecnicamente evoluído, mas o Sporting sentiu falta de um desequilibrador no flanco esquerdo. Se continuar, é bem provável que passe a ser lateral a tempo inteiro.


Daniel Podence: **
2016/17: **

Uma época reduzida a quatro meses devido a duas lesões. Não desperdiçou o tempo de jogo que teve, conseguindo somar 7 assistências em pouco mais de 1000 minutos de utilização. Podence é um desequilibrador que joga de forma inteligente e é bastante eficaz no último passe, e poderia ter sido muito útil na segunda metade da época. Está, no entanto, mais que provado que não é solução para segundo avançado: depois de 4 épocas de utilização pela equipa principal do Sporting (apesar de ter feito efetivamente parte do plantel em apenas época e meia) não conseguiu marcar qualquer golo. Lamento a decisão de ter rescindido com o clube, visto que tinha espaço para continuar a evoluir e ser um jogador útil no Sporting.


Iuri Medeiros: *     

Um talento que tanto o Sporting como o próprio jogador não conseguiram aproveitar. Entre agosto e o início de outubro teve oportunidades suficientes para demonstrar qualquer coisa que justificasse a continuidade da aposta, mas nunca conseguiu fazê-lo. É verdade que não foram as condições ideais para um jogador das suas características se afirmar, mas um clube como o Sporting não se pode dar ao luxo de estar à espera ad eternum por alguns sinais de utilidade. Bem sei que, ao contrário de Iuri, outros jogadores tiveram essa paciência por parte do treinador... mas isso é outra conversa.


Rúben Ribeiro: *

Contratado em janeiro, foi imediatamente a jogo como titular com o Aves. Começou muito bem com uma assistência no jogo de estreia, mas rapidamente perdeu a simpatia das bancadas, pois é um jogador excessivamente complicativo, que demora demasiado tempo a definir mesmo quando o resultado não é favorável e o tempo escasseia. Não justificou a contratação e considerando a sua idade, creio que não deveria permanecer no plantel em 2018/19. Mais vale investir num dos muitos talentos para as alas que academia produziu, como Matheus Pereira ou mesmo Elves Baldé.