domingo, 12 de agosto de 2018

Conquistem-me

O Sporting começa hoje os jogos a sério. Não partia para uma época com expetativas tão baixas desde 2013/14. Na altura vínhamos da pior época desportiva da história do clube, limitados a um orçamento que era metade do dos rivais e contando com um plantel constituído maioritariamente por jogadores baratos e desconhecidos. Ainda assim, havia confiança de que dias melhores viriam e a equipa não demorou a alimentar essa esperança. Havia uma liderança fresca, um grande treinador e um conjunto de jogadores com fome e talento capaz de disfarçar o desequilíbrio geral do plantel. Todos, em conjunto, conseguiram entusiasmar os sportinguistas e deram início a uma caminhada de vários anos que colocaram novamente o clube na disputa pelo título - que só não foi conquistado em 2015/16 pelos motivos que todos conhecem.

Hoje começamos uma nova temporada, vindos de uma época traumática, tão traumática como a de 2012/13, mas o panorama é bem diferente. O dinheiro deixou de ser um problema e temos um orçamento que estará bastante próximo do dos rivais, com um plantel bastante mais rico de soluções e recheado de jogadores consagrados. Por outro lado, temos uma liderança provisória que parece não se querer chatear demasiado com isto e um treinador que já demonstrou por diversas vezes não ter unhas para este nível de exigência. 

No papel, olhando de uma forma geral para os jogadores que temos, há a obrigação de lutar pelo título. Quem tem Coates, Mathieu, Bruno Fernandes, Nani ou Dost, não pode deixar o fazer. Mas olhando para o pormenor, as coisas complicam-se: não temos um lateral esquerdo do nível necessário - já que o treinador prefere Acuña para médio centro (!) ou extremo (onde já se viu não ser solução) -, não temos um ponta-de-lança capaz de render Dost e não temos um médio defensivo verdadeiramente competente, para além de que parece haver uma vontade incompreensível de encostar e despachar alguns jogadores que poderiam ser mais-valias (nomeadamente Viviano e Wendel). 

Considerando estes constrangimentos (de direção, treinador e desequilíbrio do plantel) e a quantidade de indefinições organizativas e técnicas que a pré-temporada nos mostrou, penso que estaremos mais próximos de disputar o terceiro lugar com o Braga do que andar a morder os calcanhares aos dois primeiros.

Quero muito estar enganado em relação a esta previsão, mas estaria a mentir se dissesse que estou minimamente entusiasmado no arranque da próxima época. De qualquer forma, renovei a minha gamebox e só não estarei no estádio para vos apoiar se for impossível ir até lá. Um apoio que será diferente do dos últimos anos, porque aquilo que se passou nos últimos meses não deixou apenas cicatrizes na cabeça do Dost.

A bola está do vosso lado. Conquistem-me.