domingo, 30 de setembro de 2018

Uma oportunidade e meia, dois golos e três pontos

Depois da derrota em Braga, exigia-se uma resposta categórica na partida de ontem contra o Marítimo. Essa resposta surgiu... parcialmente. O Sporting teve uma boa entrada em jogo e fez por chegar rapidamente ao golo, que apareceria logo ao oitavo minuto. A partir daí a preocupação da equipa limitou-se quase exclusivamente a controlar o adversário, contribuindo para um jogo que teve muito poucos momentos de interesse, emoção... e aflição.



Uma oportunidade e meia, dois golos e três pontos - o jogo valeu praticamente apenas pela jogada que originou o penálti: arrancada de Jovane e passe de rutura para Raphinha, que passa por Amir e é derrubado. O golo de Montero surgiu de um ressalto feliz na área, o Marítimo só não marcou no final da primeira parte graças a um excelente corte de Acuña... e não há rigorosamente mais nada para contar. Três pontos na algibeira e mais um jogo que rapidamente desaparecerá da memória de quem assistiu no estádio ou pela televisão. 

O patinho feio - Petrovic voltou à titularidade e acabou por fazer um bom jogo. Sólido a defender e mais solto a participar na construção - dentro das limitações que são conhecidas, claro -, fez por merecer a aposta do treinador. O facto de se ter conseguido destacar diz muito daquilo que foi a exibição da equipa.

O regresso de Mané - deu apenas para tocar uma vez na bola, mas o regresso de Mané aos jogos oficiais em Alvalade acabou por ser um dos melhores momentos da noite. A atitude de Bruno Fernandes no final em dar-lhe o prémio de homem do jogo foi muito bonita.




Segunda parte soporífera - os jogadores do Sporting controlaram as operações mas não tiveram interesse em apertar o adversário; os jogadores do Marítimo tiveram interesse em recuperar da desvantagem mas não tiveram capacidade para abanar a defesa do Sporting. O melhor momento da segunda parte foi o árbitro ter tido piedade do público e só ter dado dois minutos de descontos.

Assobios - sinceramente, não consigo entender o motivo dos assobios numa altura em que o resultado estava praticamente garantido. Compreendo (e concordo) que, mais uma vez, a qualidade de jogo deixou muito a desejar, mas a verdade é que não me lembro, nos últimos anos, de ter assim tantos jogos em que se teve este nível de controlo. Pelo menos que guardassem os assobios para o final...

Banco - olhar para o banco e ver que os jogadores de campo eram Marcelo, Jefferson, Misic, Mané, Diaby e Castaignos apenas dá vontade de acender uma velinha a todos os santos para que o jogo decorra sem grandes problemas.



MVP - Petrovic

Nota artística - 2

Arbitragem - bom trabalho de Nuno Almeida. Bem na decisão de assinalar penálti, e bem na exibição dos cartões.



O Sporting partilha para já a 3ª posição com Braga e Rio Ave, a dois pontos da liderança, pondendo ficar a três pontos caso o Braga vença amanhã o Belenenses no Jamor. Nestas seis primeiras jornadas, o Sporting ainda só não defrontou dois dos seis primeiros classificados (Porto e Rio Aves, já tendo jogado contra Benfica, Braga e Marítimo). Tem havido muito pouco futebol, continuam a existir bastantes indefinições no onze e no plantel, mas há que conceder que foi um arranque de calendário bastante complicado.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Cinco em cinco

O Sporting derrotou ontem o Porto no Dragão Caixa por 28-31 e mantém um registo 100% vitorioso no campeonato, que lidera a par do Benfica. Apesar de um péssimo início de partida (aos 6' o Porto vencia por 4-0), a equipa conseguiu reagir rapidamente e alcançou a liderança no marcador ainda durante a primeira parte, não a largando até ao fim. De referir que é a 3ª vitória consecutiva no pavilhão do Porto - um recinto que nos foi adverso durante muitos anos - e que, felizmente, não se fez sentir o esforço da recente deslocação à Rússia para a Liga dos Campeões.

Cinco vitórias em cinco jornadas, num início de calendário complicado que incluiu a receção ao ABC e deslocações ao Porto e ao Água Santas.

Deixo de seguida dois grandes momentos do jogo: um excelente golo de Edmilson Araújo e uma imperial defesa de Cudic.




quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Manutenção de um bom hábito

O Sporting comunicou ontem à CMVM a habitual lista detalhada das entradas e saídas de jogadores concretizadas na última janela de transferências. Um bom e importante hábito iniciado pela direção de Bruno de Carvalho que tem agora continuidade com a nova direção de Frederico Varandas.

Ao nível das entradas a título definitivo, os maiores investimentos foram realizados com Raphinha, Bruno Gaspar e Diaby. Já é seguro dizer que o brasileiro foi um grande negócio, enquanto o português e o maliano ainda aguardam por oportunidades de Peseiro para justificarem a aposta feita pelo clube.

Em relação às entradas por empréstimo, confirma-se que não existe opção de compra nem para Sturaro nem para Gudelj. Os valores pagos pelo empréstimo dos dois são bastante díspares, mas falta somar os encargos com salários de cada um dos atletas para se chegar ao custo total - e é relevante saber qual a comparticipação de chineses e italianos no seu vencimento. Lembro que no caso do sérvio, Cintra indiciou haver já conversas para o contratar em definitivo no final da época, altura em que acaba o seu vínculo com o Guangzhou Evergrande.


Nas saídas está a verdadeira tragédia do que foi este defeso. Não houve uma única boa venda, e não se conseguiu despachar vários jogadores caros que pouco acrescentam ao plantel - e que vão ter um peso considerável no orçamento anual.





terça-feira, 25 de setembro de 2018

Cair na realidade

Depois de seis jogos oficiais em que ganhámos cinco vezes e empatámos apenas uma, perder em Braga servirá certamente para o mundo sportinguista voltar a cair na realidade. Não com estrondo - porque perder em Braga há muito que deixou de ser um resultado escandaloso, porque tivemos ocasiões suficientes para conseguir outro resultado, e porque estamos a três pontos da liderança após termos feito duas das deslocações mais complicadas que esta liga tem para oferecer -, mas suficientemente relevante para nos relembrarmos que quando não se sabe jogar bem, quando não se sabe jogar coletivamente, de forma consistente, está-se mais perto de não ganhar. 



Raphinha mais dez - está a assumir o papel de destaque que no princípio da época passada coube a Bruno Fernandes. Foi de longe o jogador mais difícil de controlar e esteve perto do golo um par de vezes com remates de fora da área.

Onze mais consolidado - não que tenha servido de grande coisa hoje, mas é bom ver que Peseiro já percebeu definitivamente (espero eu) que Acuña tem de jogar a lateral. Mais um ajuste no bom sentido, depois de Raphinha ter ficado no banco nas duas primeiras jornadas e das experiências falhadas de Petrovic, Misic e Acuña ao lado de Battaglia.



Carências coletivas - à semelhança dos jogos anteriores, voltámos a não conseguir ver uma equipa capaz de ser superior à soma das suas individualidades. Isto deve-se às ideias (ou falta delas) do treinador, que não modela o nosso processo de construção em função dos pontos fortes dos nossos melhores jogadores: ter Nani, Bruno Fernandes, Raphinha e Montero em campo e encostar invariavelmente a bola à faixa lateral é uma aberração, limitando a capacidade de desequilíbrio e criando uma clareira no centro do terreno que depois acaba por ser um problema duplo quando o adversário recupera a bola e tem uma imensidão de espaço para jogar; pior fica quando a alternativa para fazer a bola chegar aos jogadores mais adiantados é o chutão para a frente dos centrais; e é constrangedor ver, em diversas ocasiões, jogadores a cruzarem para a área em situações de 2x5 ou 2x6, em que nenhum dos nossos dois é especialista no jogo aéreo. Mantendo esta "estratégia", certamente que o Sporting continuará a ganhar muitos jogos. Mas será por ter melhores jogadores, não por ter melhor equipa.

Carências individuais - creio que fica tudo dito quando precisamos de ir ao banco buscar um ponta-de-lança e só temos Castaignos. Compare-se agora com as alternativas que os rivais têm para a posição mais importante de uma equipa de futebol. Pois...

Falta de eficácia - duas oportunidades de Raphinha, o remate de Jovane bloqueaado por Tiago Sá, o cabeceamento de Nani defendido para canto, outro de Coates ao lado, dois remates a rasar o poste de Bruno Fernandes. Não foi por falta de oportunidades que não marcámos, mas também não se pode ignorar que: a) nenhuma das oportunidades foi finalizada por um ponta-de-lança; b) mesmo que fosse, não havia nenhum ponta-de-lança que seja um matador, pelo que o mais provável era que a bola não entrasse na mesma.


MVP - Raphinha

Nota artística - 2

Arbitragem - Artur Soares Dias adotou ontem o estilo inglês e decidiu deixar jogar. Ficaram alguns amarelos por mostrar, mas o essencial é que não teve influência no resultado.



Primeira derrota na época, primeira oportunidade para ver como reagirá o treinador e a equipa à adversidade. É obrigatório haver uma reação categórica no sábado contra o Marítimo, e não falo apenas ao nível do resultado. É preciso mostrar muito mais futebol.

sábado, 22 de setembro de 2018

Reviravolta épica

A perder por 22-18 aos 16'30'' da 2ª parte, a equipa de andebol do Sporting conseguiu uma reviravolta épica e vencer por 22-23 os russos do Medvedi na 2ª jornada da Liga dos Campeões, com o golo da vitória (uma execução do outro mundo de Ruesga) a ser obtido no último segundo de jogo. Duas vitórias em duas jornadas, num excelente arranque do Sporting na competição.

Parabéns à equipa, por nunca ter deixado de acreditar na vitória!

Aqui fica o vídeo com a reviravolta.



sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Há hábitos piores para se ter

É verdade que o Qarabag é tudo menos um colosso europeu, é um adversário contra quem tínhamos obrigação de vencer em casa, mas pode ser uma equipa chata - como se pode avaliar pela sua participação na Liga dos Campeões em 2017/18, quando empataram por duas vezes com o Atlético Madrid e venderam caras as derrotas tangenciais contra a Roma. Ontem, foi precisamente isso: uma equipa chata com qualidade suficiente para segurar um Sporting que não entrou particularmente preocupado em resolver rapidamente o jogo: a primeira parte foi bastante pobre, com sinais de melhoria nos últimos dez minutos que depois teriam sequência na segunda parte.

Na realidade, aquilo que se passou ontem para a Liga Europa não foi diferente do que tem sido a tendência neste início de época: mais uma vez, o Sporting fez uma exibição globalmente pouco entusiasmante; mas no final saiu com um resultado positivo. Jogar pouco e ganhar. Há hábitos piores para se ter.



As jogadas dos golos - a verticalidade do primeiro golo (com uma maravilhosa assistência de Nani) e a raça do segundo (com o bónus da maldade de Montero) valeram bem o custo do bilhete.

Valores emergentes - Raphinha foi mais uma vez fundamental, com um golo e uma assistência, e não há dúvidas de que ganhou um lugar no onze. Jovane, entrando apenas a cinco minutos do fim, parecia condenado a ter o seu primeiro jogo sem ter um impacto importante no resultado (penálti sofrido contra o Moreirense, assistência contra o V. Setúbal, Golo contra o Feirense, penálti sofrido contra o Marítimo), mas fez bom uso do tempo que lhe deram com mais um golo. Dois valores emergentes que, para além da posição, partilham uma característica fundamental: gostam de aparecer em zonas de finalização.

Acuña na lateral - é um upgrade claro em relação a Jefferson, muito mais fiável a defender e muito mais agressivo no um contra um. Apesar de ter jogado a lateral, parece-me que apareceu mais vezes em funções ofensivas do que nas ocasiões em que jogou a extremo. Espero que seja para se manter ali.



A lesão de Mathieu - depois de uma ausência de várias semanas, voltou a lesionar-se ontem. Que não seja grave.

Distrações a mais - houve demasiados momentos de desconcentração que, felizmente, não tiveram consequências graves. Defensivamente, as únicas oportunidades do Qarabag nasceram de ofertas nossas (Coates e Gudelj). Ofensivamente, tivemos ocasiões soberanas para marcar que não foram aproveitadas por falhas de entendimento que não deviam acontecer.



Missão cumprida no arranque da Liga Europa. Na próxima jornada espera-nos uma viagem à Ucrânia onde poderemos dar um passo gigante para o apuramento para a fase seguinte.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Tudo bem feito

O jogo não foi grande coisa, mas as jogadas que estiveram na origem dos dois golos valem o preço do bilhete. O primeiro pela verticalidade e objetividade da circulação de bola entre Mathieu, Bruno Fernandes, Nani e Raphinha, o segundo pela raça de Acuña e Montero a recuperarem a bola, e a classe do colombiano para desembaraçar do adversário - Raphinha e Jovane fariam (também muito bem) o resto.

Aqui ficam os golos. Vale a pena rever.



O onze para o Qarabag

Apesar de estar convencido de que José Peseiro colocar a carne toda no assador mais logo (ou quase toda), gostaria que o treinador pensasse o jogo com o Qarabag de forma integrada com a deslocação a Braga e que o aproveitasse para fazer determinadas apostas com vista para o futuro.

Para mim a Liga Europa é uma competição descartável, mas compreendo que haja interesse do clube em fazer uma carreira digna e tão longa quanto possível - quanto mais não seja para manter a dinâmica de vitória que se tem criado neste arranque de época.

Avançaria, por isso, com um onze de compromisso entre a necessidade de amealhar três pontos ao mesmo tempo que se precavê o jogo de Braga e a rodagem do plantel:

Guarda-redes: Peseiro pediu Renan por causa do jogo de pés e do controlo de profundidade que o brasileiro possui. Salin tem estado à altura das exigências, mas creio que todos temos a noção de que não é visto como uma solução definitiva. Parece-me, por isso, que esta é uma boa oportunidade para Renan se estrear de leão ao peito (aliás, já o podia ter feito contra o Marítimo).

Lateral esquerdo: considerando que será uma questão de (pouco) tempo para que Gudelj assuma a titularidade - pois tem qualidades de que o nosso meio-campo necessita urgentemente - e que Sturaro será também uma alternativa de peso, fica claro que Acuña terá que ser desviado para a lateral se quiser continuar a jogar com frequência. É uma alteração que se impõe, por todos os motivos que se conhecem. Esta seria, por isso, uma boa oportunidade para colocar Acuña a jogar na posição onde será mais útil à equipa. Está visto que Lumor não conta para o totobola, pois nem sequer foi convocado.

Centrais: dar descanso a Coates e lançar Mathieu, que não joga desde a 2ª jornada.

Médio centro: O Sporting precisa de Gudelj, mas Gudelj precisa de ritmo competitivo. A titularidade hoje faria bastante sentido - considerando o nível do adversário, não me parece que haja grandes riscos em lançar o sérvio no onze para fazer pelo menos 60 minutos.

Segundo avançado / médio ofensivo / extremo: Nani vem de uma lesão e caso não jogue hoje, ficará três semanas sem competir até à data do jogo de Braga. Como tal, parece-me importante que tenha alguma rodagem hoje. Eu aproveitaria para descansar Raphinha para 2ª feira e lançaria Diaby.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

O fim da redoma

Conforme tinha prometido durante a campanha, Frederico Varandas levou dois jogadores da equipa sénior ao Polo EUL: Bruno Fernandes e Miguel Luís. Foi a primeira visita de uma rotina que se prevê ser mensal. O presidente também anunciou que todos os jogadores do Polo EUL terão bilhetes para ver a partida de amanhã frente ao Qarabag.

Já era mais que tempo de se acabar com a redoma que Jesus criou à volta do plantel e começar a "partilhá-lo" um pouco com o universo sportinguista. Escrevi sobre esta questão há cerca de um ano (LINK) e fico muito satisfeito por ver finalmente essa desblindagem a concretizar-se.

Uma pequena medida que terá certamente um enorme significado para os miúdos que sonham um dia chegar à equipa principal, e que espero que se estenda a escolas do ensino básico (de preferência também com o Jubas a acompanhar os jogadores) e, havendo possibilidade, às academias do Sporting de norte a sul do país que se situem perto de locais onde a equipa vá jogar. 

Aqui fica a reportagem da Sporting TV sobre a visita de ontem.



terça-feira, 18 de setembro de 2018

The lone gunman

De acordo com uma hilariante "nota à comunicação social" emitida no final da tarde de ontem no site do Benfica, Paulo Gonçalves deixou de ser assessor jurídico do clube. Vale mesmo a pena ler:


O ponto alto desta nota riquíssima de conteúdo é a patética tentativa de convencer o povo de que o processo judicial em que Paulo Gonçalves está envolvido em nada está relacionado com as suas funções na SAD benfiquista: aparentemente o autor deste comunicado esqueceu-se de que a Benfica SAD é acusada nesse mesmo processo. Pelos vistos a amnésia que afligiu o presidente está a espalhar-se pela hierarquia abaixo.

Aliás, só mesmo um caso agudo de perda de memória é que pode explicar a mudança de atitude do Benfica face a Paulo Gonçalves. Há apenas pouco mais que uma semana, uma fonte oficial do clube disse ao Expresso que deixar cair Paulo Gonçalves seria uma admissão de culpa.

(via @paulamargarida_)

Depois do esforço narrativo de transformar Paulo Gonçalves num mero colaborador da SAD - apesar de falarmos de alguém que representou o Benfica variadíssimas vezes em instâncias relevantes -, o gabinete de crise passou para a fase seguinte: numa altura em que começa a ser cada vez mais evidente que as provas são avassaladoras, tentam vender ao público que o ex-assessor é uma espécie de lone gunman, que planeou e executou sozinho um plano do qual o Benfica não retirou qualquer benefício - isto apesar de estarmos a falar da estrutura que está dez anos à frente, apesar do mais que conhecido percurso profissional pré-Benfica de Paulo Gonçalves, apesar de os mails comprovarem que Vieira sempre teve perfeito conhecimento da existência dos meninos queridos e das borlas que Paulo "Rei das Borlas" Gonçalves lhes dava no "interesse exclusivo do SLB".


Não tardará muito que o surto de amnésia continue a deslizar hierarquia abaixo até se espalhar pelos adeptos benfiquistas. Da mesma forma que ninguém se lembra de ter votado em Vale e Azevedo, serão poucos aqueles que num futuro próximo se lembrarão de que Paulo Gonçalves foi um dos braços direitos de Vieira durante cerca de 11 anos. Idiossincrasias de uma massa associativa que criou petições para destituição da direção quando Jonas estava na porta de saída, mas que se tem mantido em silêncio desde que a SAD foi formalmente acusada de corrupção.

Desde que a equipa de futebol vá ganhando, está tudo bem.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A entrevista de Artur Torres Pereira

Artur Torres Pereira abandonou funções no domingo e não perdeu tempo a fazer publicamente o balanço do seu curto mandato de presidente do Conselho de Gestão e administrador da SAD. Ainda não teriam passado 24 horas após ter cessado funções, e deu entrevistas ao Record e à A Bola que foram publicadas na terça-feira.  como o Record publicaram ontem entrevistas com o ex-presidente do Conselho de Gestão. Só tive oportunidade de ler a última e tenho alguns comentários a fazer em relação a alguns dos tópicos abordados.


O litígio com os jogadores que rescindiram

A Comissão de Gestão entendeu fazer um esforço para recuperar alguns dos jogadores que rescindiram. Resgatar Bruno Fernandes, Bas Dost e Battaglia foi uma atitude polémica - que poderá ser enterrada de vez ou novamente reacendida assim que forem conhecidas as contrapartidas dadas a jogadores e empresários no momento do seu regresso -, mas ninguém pode colocar em causa que foi muito vantajosa do ponto de vista desportivo e financeiro.

Agora, não vejo qual é a utilidade de Torres Pereira estar publicamente a dizer que o caminho a seguir no litígio com os restantes jogadores é a negociação com os clubes - e muito menos na linha do que fizeram com o Bétis, que terminou com a cedência de William por valores abaixo daquilo que seria razoável exigir. Mas o pior é ter definido um objetivo de 100 milhões, que me parece claramente insuficiente - pode corresponder mais ou menos ao somatório valor de mercado dos atletas em causa, mas não é suficientemente punitivo para quem se aproveitou da situação em que o clube se viu metido.

Se aceitarmos uma resolução apenas pelo valor do mercado, estaremos a incentivar os futuros GelsonsPodences e Leões a rescindirem sem justa causa assim que quiserem voar para outras ligas, em conluio com os Mendes e os Wolverhamptons da vida. Não me parece definitivamente uma boa mensagem a passar para dentro e para fora do clube.


A presença na tribuna da Luz


Torres Pereira não está arrependido de ter marcado presença na tribuna presidencial do estádio da Luz. O argumento que utiliza é que não aceitou nenhum convite do Benfica por se terem ocupado lugares que, segundo os regulamentos da Liga, são um direito do clube visitante.


Balelas.

Está escrito em algum ponto do regulamento que os dirigentes visitantes têm de dar entrevistas ao canal do clube da casa? Está escrito em algum ponto do regulamento que os dirigentes visitantes devem receber uma salva em honra a um bom relacionamento entre os clubes que é insultuoso para qualquer sportinguista com o mínimo de memória?

A argumentação de que "os clubes têm de se entender por causa das receitas de que necessitam sejam geradas por uma indústria transparente"... é um disparate completo, considerando que do outro lado estava um clube metido em inúmeras suspeitas (e agora uma acusação) que fazem pressupor uma atitude que é tudo menos transparente. Um clube cujo presidente prometia, semanas antes, que iria fazer uma pequena loucura para ir buscar jogadores que tinham rescindido. Um clube que, há poucos anos, conspirou para nos tirar Bruma. Um clube que tem feito uma campanha ininterrupta contra dirigentes e funcionários do Sporting. Que espiou processos judiciais que apenas diziam respeito ao Sporting. Que alegadamente aliciou jogadores adversários para perderem e tirarem um título que o Sporting merecia pelo que fez em campo. Que tem um plano para dominar o futebol português nos bastidores em todas as suas vertentes.


Os empréstimos de Geraldes, Palhinha e Matheus


Daquilo que levou às saídas de Francisco Geraldes, João Palhinha e Matheus Pereira só conhecia as versões dos jogadores e a versão de José Peseiro. Não estava lá, pelo que com  não posso ter a certeza do que se terá passado. Admito que pode ter havido um desfasamento entre as expectativas dos jogadores e o papel que o treinador estava disponível para lhes dar. Perante essa diferença, os jogadores terão pedido para sair e o seu desejo foi-lhes conseguido.


Sendo jogadores da casa e, sobretudo, tendo qualquer um deles mais qualidade do alguns que permanecem no plantel, penso que deveria ter havido um esforço maior de dirigentes e equipa técnica para os manter. Ainda assim, não sabemos se algum deles terá tomado alguma atitude mais impensada que tenha tornado impossível um entendimento com o treinador.

Não tendo eu conhecimento suficiente para concluir quem terá razão, apenas tenho uma coisa a dizer: não me parece que Torres Pereira devesse ter falado sobre isto apenas após a sua saída. Enquanto administrador da SAD, não lhe faltaram ocasiões para o fazer - aliás, os sportinguistas teriam agradecido os esclarecimentos -, mas guardar para depois da sua saída comentários sobre o assunto que acabam por pôr em causa o profissionalismo de ativos do Sporting parece-me uma atitude pouco corajosa e pouco responsável.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Fake News Clube de Portugal

Depois de uma campanha eleitoral que nos ofereceu demasiados casos de rumores, mentiras e manipulação de informação, os primeiros dias pós-eleições nao têm ficado atrás: têm sido particularmente férteis ao nível das polémicas criadas e alimentadas nas redes sociais sobre a direção que os sócios escolheram no último sábado.

No domingo, dia em que os novos órgãos sociais tomaram posse, estiveram presentes na cerimónia duas ex-funcionárias do Sporting do tempo de Godinho Lopes. Apesar de a tomada de posse ser uma cerimónia aberta ao público, isso foi o suficiente para que muita gente dissesse que essas duas ex-funcionárias estavam de volta ao clube e que isso comprovava que o godinhismo estava de regresso - apesar de não haver qualquer prova que efetivamente sustentasse essa tese.


Outro rumor que circulou na segunda-feira foi a contratação do jornalista Pedro Sousa como novo diretor de comunicação do Sporting. Nunca cheguei a perceber de onde partiu esse boato, mas suspeito que tenha sido uma conclusão que surgiu a partir da comparação dos homens do futebol de Godinho Lopes com os de Frederico Varandas: como havia vários pontos em comum (uns factuais, outros nem tanto) entre as duas estruturas, então alguém terá chegado à conclusão disparatada (ou mal intencionada) de que Pedro Sousa também estaria de volta... e começou-se a falar disso como se de um dado adquirido se tratasse. Devo dizer que aprecio Pedro Sousa como jornalista, mas não vejo qualquer espaço para o seu regresso ao Sporting - considerando o prolongado contencioso que tem com a SAD e, pior, pelo facto de se ter sabido através do processo Lex que houve um pedido de José Veiga a Rui Rangel para agilizar esse processo judicial a favor de Pedro Sousa. A sua entrada afetaria negativamente a confiança de muitos sócios nesta nova direção, pelo que não me parece haver qualquer fundo de verdade nesta possibilidade. O tempo o dirá.

Mas o dia de ontem conseguiu ser ainda mais rico na geração de boatos. Começou com uma interpretação incorreta de uma frase de António Salvador (que podem ver na imagem à esquerda). Houve quem a visse como uma provocação a Varandas e ao Sporting (pelo uso da palavra desertor) e exigisse de imediato uma resposta do clube, quando, na realidade, essa frase de Salvador era dirigida às jogadoras que no defeso trocaram o Braga pelo Benfica.

Continuou com uma outra notícia do jornal O Jogo, que incluiu o nome de Pedro Silveira na lista de elementos dos órgãos sociais em funções. Foi o suficiente para se gerar de imediato um clamor de indignação, apesar de ser fácil verificar que se tratava de uma informação falsa: bastava recordar que Pedro Silveira não esteve presente na tomada de posse ou, em alternativa, consultar a página dos órgão sociais do site do Sporting para desmontar o erro.

Seguiu-se, depois, um boato de que Varandas vai ganhar 30.000 euros mensais como presidente do Sporting. Mais uma vez, algo que é muito improvável e sem qualquer fonte que o suporte, mas nem por isso se deixaram de tocar as sete trombetas do apocalipse.


Depois, foi a revolta pelo facto de Varandas ir nomear Artur Torres Pereira como administrador da SAD, por causa de uma ata de uma AG da SAD - mas que dizia respeito à nomeação de elementos do CG para a SAD em junho. Como é óbvio, mais um rumor sem qualquer ponta de verdade e que nem devia ter chegado a ser tema: Varandas foi o único candidato que, na campanha, indicou detalhadamente a composição do seu Conselho de Administração da SAD e Artur Torres Pereira, evidentemente, nunca foi um desses nomes.

O dia não terminaria sem a partilha em massa de um suposto post de Nélson Pereira em que se defendia acerrimamente a direção anterior... mas que o próprio Nélson Pereira, pouco tempo depois, acabaria por desmentir ser seu.

São coisas que, por si só, não têm grande importância. Mas a verdade é que, em conjunto, têm gerado demasiado ruído ao longo destes dias, alimentados sobretudo por sportinguistas que se recusam a aceitar a legitimidade desta nova direção. Entendo a frustração pelo desenrolar dos acontecimentos, mas não consigo encontrar outra justificação para esta propagação sistemática de mentiras que não seja o intuito de se criar um clima de instabilidade que... não se percebe bem a quem poderá ser útil. Ao Sporting não será de certeza.

Como não é previsível que essa postura mude em breve, resta aos sportinguistas (pelo menos aqueles que estão dispostos a dar o benefício da dúvida à nova direção) serem mais criteriosos na escolha das suas fontes e terem o cuidado de cruzar informações quando surgir alguma revelação que cheire a esturro.

A mim, o que me parece, é que os promotores desta enxurrada de fake news estão a fazer exatamente aquilo que criticavam (e com razão) na campanha negativa levada a cabo pela oposição que, no primeiro mandato de Bruno de Carvalho, foi designada por sportingados. Quanto tempo faltará para começarem a pagar outdoors na segunda circular com imagens de fivelas?

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Incubadora com vista para o sonho

A Sporting TV fez ontem uma reportagem sobre o arranque de temporada no Polo EUL, casa dos escalões mais jovens da formação de futebol. É um mundo desconhecido da maioria dos sportinguistas - confesso que apenas me apercebi efetivamente da sua existência há algumas semanas, quando foi tema da campanha do recém-eleito presidente - que alberga as nossas equipas de formação até aos 13 anos de idade, mas que, apesar da sua proximidade física ao coração do clube, não tem tido a devida integração no universo leonino.

Para se ter uma ideia do isolamento, há alguns anos que o canal do clube não se deslocava ao local, bem como a realização de visitas de jogadores da equipa profissional de futebol. Uma realidade que, felizmente, deverá mudar para melhor ao longo da época que agora começa.

Vejam a reportagem: são cinco minutos imperdíveis com momentos de sportinguismo no seu estado mais puro.



segunda-feira, 10 de setembro de 2018

As contas de 2017/18

O Sporting divulgou no sábado as contas referentes à época de 2017/18: o exercício culminou com um prejuízo de 19,9 milhões de euros, que contrasta profundamente com o lucro 30,5 milhões obtidos em 2016/17. Não é um resultado surpreendente, considerando os números que já se conheciam do 3º trimestre (1 milhão de euros de lucro) e a ausência de vendas significativas de jogadores até 30 de junho.

O prejuízo poderia ter sido bastante maior caso não se tivessem revertido as rescisões de Dost, Bruno Fernandes e Battaglia, que, de todos os jogadores que abandonaram o Sporting, eram os que tinham valor contabilístico mais elevado (todos os outros ou eram jogadores da formação ou foram adquiridos por valores reduzidos). Os três jogadores eram ativos que estavam avaliados nas contas em 18 milhões de euros e, caso não tivessem regressado, o prejuízo dispararia para 37,9 milhões de euros.

As perdas de 19,9 milhões explicam-se pelo facto de a época ter terminado da forma que todos conhecemos. A direção de Bruno de Carvalho atacou 2017/18 assumindo um nível de risco superior ao nível das contas, que se traduziu num crescimento significativo dos custos com a equipa de futebol graças a várias contratações de jogadores com salários elevados, que se juntaram a um plantel que já era caro. O risco aumentou, mas era calculado: a venda de Adrien no início da época e a boa prestação na Liga dos Campeões deram algum desafogo financeiro, pelo que para atingirmos o lucro bastaria vender mais um dos jogadores principais do plantel - o que acabou por não acontecer por tudo aquilo que sabemos.


PROVEITOS OPERACIONAIS

Ao nível dos proveitos operacionais, registou-se a continuidade da evolução positiva registada ao longo dos últimos anos. 


O principal aumento deu-se ao nível dos prémios da UEFA. As receitas de bilheteira também tiveram um crescimento interessante, mas acabam por estar também ligados às competições europeias - nomeadamente com as visitas de Barcelona, Juventus e Atlético Madrid. Pela negativa, assinale-se a estagnação ao nível dos camarotes e business seats, um segmento que, claramente, continua num estado de sub-aproveitamento.


CUSTOS OPERACIONAIS

Os custos com pessoal dispararam para 73,8 milhões de euros, um valor que me parece excessivo face ao nosso nível de receitas operacionais. Os salários de jogadores e equipa técnica praticamente que triplicaram no espaço de quatro épocas.


Sousa Cintra revelou no sábado que cortou 10 milhões ao nível dos custos com pessoal. Considerando que nos vimos livres do salário de Jorge Jesus e perdemos alguns dos jogadores mais bem pagos do plantel (como Patrício e William), não me parece uma grande proeza. De qualquer forma, sendo verdadeiros esses números, é expectável que os custos com pessoal baixem para a ordem dos 60-65 milhões - um valor mais aceitável para a nossa realidade.


RESULTADOS

Apesar de o Sporting ter apresentado resultados operacionais positivos (3,5 milhões), a verdade é que sem as receitas da Liga dos Campeões e sem as mais-valias das vendas de jogadores teríamos prejuízos operacionais de 50 milhões. 


Em relação a 2018/19, já sabemos que não teremos Liga dos Campeões e que as vendas de Gameboxes diminuíram; em contrapartida, as receitas televisivas deverão aumentar com a entrada em vigor do contrato da NOS, já fizemos algumas vendas que geraram algumas mais-valias (William e Piccini) e haverá o tal corte de 10 milhões ao nível dos custos com pessoal. Isto significa que continuaremos a estar mais dependentes de vendas de jogadores do que seria desejável.


ENDIVIDAMENTO

É das poucas boas notícias que este relatório e contas tem para oferecer. Apesar de tudo o que se passou, a dívida total (onde incluo as receitas antecipadas) baixou de 148,8 milhões para 131 milhões.


Detalhando a parte da dívida correspondente às receitas antecipadas, a 30 de junho a SAD tinha antecipado cerca de 49 milhões de euros. Fica abaixo dos 60 milhões que Ricciardi referiu, mas é possível que tenha havido recurso a mais antecipações entre julho e setembro.



AQUISIÇÕES

Raphinha custou 6,5 milhões por 100% do passe. Não foram pagas comissões. O Sporting terá de entregar 20% das mais-valias de uma venda futura (assumo que ao V. Guimarães, o relatório e contas não é explícito quem tem esse direito).

Bruno Gaspar custou 4,5 milhões por 100% do passe, a que se soma 236.000 euros de outros encargo.

Viviano custou 2 milhões por 100% do passe. Não foram pagas comissões.

Marcelo foi uma contratação a custo zero, mas o Sporting gastou 500.000 euros noutros encargos.

domingo, 9 de setembro de 2018

Presidente Varandas

Os sócios expressaram a sua vontade nas urnas e escolheram Frederico Varandas para liderar o clube nos próximos anos.

A minha primeira palavra vai, no entanto, para João Benedito: foi um senhor na forma como reagiu aos resultados e, apesar de não ter conseguido atingir o objetivo a que se propunha, deu mais que provas de ser um recurso muito válido para o futuro do clube. Foi o candidato que teve o apoio de mais sócios, mas foi penalizado por não ter conseguido penetrar nos eleitores com mais anos de filiação. Pelo nível da campanha que liderou e pela confiança que conseguiu inspirar em tantos sportinguistas, fico com a certeza (e confiança) de que a sua história no Sporting ainda terá capítulos por escrever.

Uma palavra de respeito para as campanhas de Dias Ferreira, Fernando Tavares Pereira e Rui Rego. Nunca considerei votar nas suas listas, mas valorizaram a campanha e tiveram a coragem de as levar até ao fim mesmo perante sondagens pouco motivadoras.

Os resultados demonstraram que esta votação foi uma corrida a dois. Foi sempre uma corrida a dois, apenas houve a ilusão de que seria uma corrida a três graças a uma estratégia de desinformação que procurou enganar e baralhar os sócios menos atentos. Apesar de os 14,55% obtidos (correspondentes a 11,58% dos sócios) por Ricciardi terem alguma expressão, foi dado um sinal muito claro de que os sportinguistas têm memória e não querem ter de regresso uma linhagem que tanto mal fez ao clube.

Por falar em memória, encerra-se em definitivo o capítulo Bruno de Carvalho, mas a história deverá lembrar tudo o que fez ao longo destes cinco anos e não apenas as infelizes decisões e algumas inqualificáveis atitudes que tomou nos últimos meses. Ainda é preciso apurar o que realmente aconteceu na Academia e no caso Cashball para se perceber como deverá ser recordado para a posteridade, mas não podemos esquecer-nos que Bruno de Carvalho deixou o clube em muito melhor estado do que o que encontrou: desenvolveu-o ao nível da competitividade desportiva, do ecletismo, do património, da saúde financeira, da transparência, e do envolvimento dos sócios na vida do Sporting. O que agora precisa é de restabelecer a sua saúde e cuidar da sua família. O que definitivamente não precisa é de que lhe continuem a alimentar a ilusão de que é uma espécie de Dom Sebastião cujo destino é resgatar o clube das garras dos usurpadores.

Houve um virar de página que resultou de uma clara vontade dos sócios, expressa de forma massiva em duas ocasiões diferentes.

Foto: Paulo Calado / Record
Os sportinguistas escolheram Frederico Varandas, que terá um conjunto de enormes desafios pela frente. Não podendo influenciar decisivamente o decurso da época desportiva, terá de virar as agulhas para a preparação do clube para os desafios que virão depois: reorganizar e profissionalizar todas as áreas do clube, desportivas e não desportivas, concretizar a recompra das VMOCs e dar sequência à reestruturação da dívida do grupo. São dificuldades que devem ser encaradas como oportunidades para cimentar a sua liderança, pois, por se tratarem de metas ambiciosas e de difícil execução, terão seguramente um impacto positivo junto dos sócios e adeptos que têm maiores dúvidas sobre a sua capacidade para ser presidente. Não existe melhor promotor de união do que a competência, bom senso e amor ao clube. Tenho confiança que a equipa liderada pelo novo presidente terá estas qualidades e que os sportinguistas terão a capacidade de as reconhecer.

Boa sorte, presidente!

Frederico Varandas é o novo presidente do Sporting

Frederico Varandas foi eleito com 42,32% dos votos, contra 36,84% de João Benedito.


quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Varandas fala sobre o vídeo da fivela e do sorriso

Depois de ter entrevistado João Benedito, Dias Ferreira e Pedro Madeira Rodrigues, o podcast Sporting160 realizou ontem mais uma entrevista a um candidato à presidência do Sporting: Frederico Varandas. É serviço público leonino que recomendo, pois são colocadas todas as questões que interessam aos sportinguistas, algumas das quais não verão ser perguntadas em qualquer outra entrevista na comunicação social. No final do post deixo os links para todas as entrevistas realizadas pelo Sporting160 até ao momento.

Uma dessas questões que ainda não tinha sido abordada de forma completa em nenhuma das inúmeras entrevistas e debates que já se realizaram foi a questão do polémico vídeo captado pouco depois da invasão à Academia em que se atribuiu a Varandas a frase "filma a fivela!" e se parece ver o ex-diretor clínico a sorrir no meio do caos do balneário.

Na minha opinião, era algo que tinha de ser esclarecido pois gerou muitos anticorpos contra Varandas nas redes sociais.

Frederico Varandas explicou detalhadamente o que se passou nesse momento e acho que todos os sportinguistas deveriam ouvir o que disse - não só para perceberem que o barulho à volta da questão da fivela e do sorriso não tinha qualquer motivo para existir, mas também como é que saíram imediatamente imagens para o exterior, e ainda a explicação do que se passou nos bastidores do final do Sporting - Paços quando Bruno de Carvalho foi fotografado a receber tratamento para o célebre problema de costas que teve nesse princípio de noite.


A explicação dada é perfeitamente convincente e encerra a polémica (absurda) que existia à volta deste episódio.


Aqui ficam os links diretos para as entrevistas já realizadas pelo Sporting160. 

João Benedito: LINK
Dias Ferreira: LINK
Pedro Madeira Rodrigues: LINK
Frederico Varandas: LINK

Se preferirem ouvir via podcast, façam-no aqui: LINK iTunes.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Retratos de uma acusação

Não tive ainda acesso ao documento da acusação que, aparentemente, já circula publicamente, mas fui apanhando algumas imagens que contêm informação bastante sugestiva. Aqui ficam essas imagens, para terem uma melhor noção daquilo que está em causa.

1. Sobre o conhecimento de Vieira das ofertas dadas às toupeiras

(via @hugotiago_)

2. Sobre a cadeia de comunicação entre Paulo Gonçalves e José Augusto Silva, via Óscar Cruz

(via @hugotiago_)

3. Consciência pesada?

(via @hugotiago_)

4. As recompensas de José Silva e Júlio Loureiro

(via @PedroMCandeias)

5. As intenções de Paulo Gonçalves e da Benfica SAD

(via @EPlurCorruptum)

30 crimes

Segundo notícias divulgadas há pouco, a SAD do Benfica foi acusada de 30 crimes no âmbito do processo e-toupeira: 1 crime de corrupção ativa, 1 crime de oferta indevida de vantagem e 28 crimes de falsidade informática. Paulo Gonçalves foi acusado de ter cometido 79 crimes, enquanto os dois funcionários judiciais (José Augusto e Júlio Loureiro) foram acusados de cerca de 70 crimes.

O Ministério Público considera também terem existido comportamentos que colocaram em risco "os interesses da verdade e da lealdade desportiva" que justificam o pedido de aplicação de uma pena acessória que implique o afastamento da SAD das competições.

Aqui fica a peça completa que a RTP fez sobre o assunto:


Para além disso, segundo o CM, estão a ser considerados como prova os emails recolhidos nas buscas em que Paulo Gonçalves solicitava ofertas para subornar os seus informadores com conhecimento de Luís Filipe Vieira.


E-acusados

Conforme se previa após a recente constituição da SAD benfiquista como arguida do processo E-Toupeira, não tardou muito para que o Ministério Público passasse à fase seguinte, acusando formalmente Benfica e Paulo Gonçalves por um extenso rol de crimes: corrupção, recebimento indevido de vantagem, favorecimento pessoal, violação de segredo de justiça, peculato, acesso indevido, violação do dever de sigilo e falsidade informática.

Aquilo que achei mais curioso nas reações à acusação ontem conhecida foi a forma geral como os analistas e comentadores escalaram o nível de gravidade de tudo o que o E-Toupeira envolve. Na semana passada, quando a SAD passou a ser arguida, o caso foi tratado com alguma ligeireza e poucos equacionavam que pudesse haver qualquer tipo de consequência desportiva. Mas ontem, repentinamente, as análises (não cartilheiras) mudaram imenso.

De uma forma geral, há o entendimento de que as provas contra Paulo Gonçalves são concludentes e que não será complicado provar que o Benfica extraiu daí vantagens ilícitas. O processo é considerado simples e é provável que haja julgamento já no princípio de 2019, e as penas a que a SAD está sujeita poderão ser muito mais sérias do que se supunha, já que o MP está a pedir suspensão de atividade entre 6 meses a 3 anos - o que impediria as equipas de futebol do Benfica de participarem em competições desportivas. Para além disso, houve quem referisse que as penas poderão incluir a suspensão de quaisquer apoios do Estado à SAD durante um período entre 1 a 5 anos, o que, por exemplo, poderia colocar em causa a utilização do centro de estágios do Seixal, que se encontra construído em terrenos públicos.


Para além disso, a ponte para eventuais benefícios desportivos está bem explícita no comunicado divulgado pelo MP:
"Tais processos tinham por objeto investigações da área do futebol ou de pessoas relacionadas com este meio, ou de clubes adversários, seus administradores ou colaboradores.


Tais pesquisas foram efetuadas fraudulentamente com a utilização de credenciais de terceiros, sem o seu conhecimento ou consentimento, por forma a obterem acessos encobertos, não detetáveis. Tais informações foram obtidas ilicitamente tendo como contrapartida benefícios indevidos para os funcionários e vantagens ilícitas no interesse da respetiva SAD.

Tais condutas ocorreram designadamente, durante as épocas desportivas 2016/2017 e 2017/2018. Com estes comportamentos os arguidos puseram em risco a integridade do sistema informático da justiça, a probidade das funções públicas, os interesses da verdade e da lealdade desportiva e a integridade das investigações criminais."

Perante isto, queria apenas deixar mais algumas considerações:

  • O CV de Paulo Gonçalves era mais que conhecido quando Luís Filipe Vieira o contratou para o Benfica. Trabalham juntos há onze anos e não passa na cabeça de ninguém que Vieira não faça ideia do tipo de atividades praticadas pelo seu assessor jurídico.
  • Paulo Gonçalves é colaborador do Benfica, mas não é um colaborador qualquer: é alguém que pertence à cúpula de poder da SAD benfiquista, um dos homens de confiança do presidente, que, inclusivamente, representa oficialmente o Benfica em diversos tipos de atividades - como reuniões da Liga (e já o fez depois de ter sido constituído arguido) - pelo que não faz qualquer sentido o argumento utilizado pelo Benfica em como os atos de Paulo Gonçalves não podem implicar a SAD por aquele não se tratar de um administrador da sociedade.
  • Paulo Gonçalves continua em funções, apesar de tudo o que se sabe. Ninguém acredita que seja por uma questão de ingenuidade dos responsáveis máximos da SAD de acreditarem no princípio de presunção de inocência. Aliás, o facto de Paulo Gonçalves não ter sido suspenso no dia a seguir à sua detenção é bastante elucidativo sobre o comprometimento de algumas outras pessoas.
  • Perante o texto do comunicado do MP, fica claro que o Benfica espiou assuntos relacionados com Sporting e Porto de forma a obter trunfos que pudesse utilizar em seu favor. Obviamente que a utilização desses trunfos visava a obtenção de benefícios direta ou indiretamente relacionados com questões desportivas - a não ser que me digam que Sporting, Porto e Benfica se passaram a dedicar exclusivamente à arte do tratamento de bonsais. Como tal, a FPF e a Liga não poderão fechar os olhos ao que se está a passar. 
  • Tendo sido o Sporting uma das vítima do E-Toupeira, a SAD deverá acompanhar atentamente todo este processo para que, em momento oportuno, avance com um processo cível para a obtenção de uma indemnização que compense os danos causados.
  • Relembro que isto aconteceu menos de 10 dias depois de a nossa Comissão de Gestão nos ter envergonhado a todos ao aceitar o convite do Benfica para marcar presença no camarote presidencial da Luz.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

O meu voto no sábado

Apesar de estas eleições terem proporcionado aos sportinguistas uma quantidade de candidaturas que penso ser inédita, não posso dizer que qualquer uma delas me tenha cativado desde cedo, ao ponto de me tirar facilmente todas as dúvidas sobre qual a opção a tomar nas urnas no próximo dia 8. 

Entre programas, elementos da lista, opiniões formadas no passado, estratégias de campanha e visões para clube e SAD, não me foi difícil excluir várias candidaturas do meu processo de escolha: Ricciardi nunca foi capaz de evitar ou sequer alertar para o desastre financeiro para que caminhámos até 2013 durante os muitos anos que passou no Sporting, e a sua campanha demonstrou de forma clara que está totalmente impreparado para ser líder de um clube desportivo; Rui Jorge Rego autoexcluiu-se das minhas contas ao anunciar um modelo com dois presidentes (um para o clube, outro para a SAD) que me parece condenado ao fracasso - com a agravante de escolher o benfiquista (não assumido) Paulo Lopo para seu parceiro -, e ainda por ter dito que recorrerá a investidores para reforçar a equipa de futebol; Pedro Madeira Rodrigues fez uma campanha bastante superior à de 2017, mas as suas ideias continuam mais orientadas para o show-off do que para uma efetiva possibilidade de serem viáveis e úteis (apresentar um nome sonante como Ranieri é muito bonito e garante manchetes, mas que sentido faria tirar neste momento Peseiro do comando da equipa?); e Tavares Pereira tomou uma opção de campanha bastante discutível ao abdicar dos debates, pelo que continua a ser pouco mais que um desconhecido para mim.

Não coloco a candidatura Dias Ferreira no mesmo grupo das que mencionei anteriormente por não me ter dado a mesma quantidade de argumentos para o rejeitar à partida, mas a sua campanha não alterou a ideia que tinha desde o dia em que se anunciou como candidato: parece-me uma pessoa que pertence a um outro tempo do futebol e que, juntamente com a questão do feitio que tem, dificilmente se conseguiria adaptar às exigências que um presidente de um clube como o Sporting terá de enfrentar.

Sobram por isso duas candidaturas que me parecem estar claramente acima de todas as outras, ainda que, como disse no princípio deste texto, nenhuma me tenha verdadeiramente cativado. Frederico Varandas e João Benedito mostraram-se à altura do desafio enquanto candidatos: reuniram equipas que me parecem capazes e determinadas, trabalharam detalhadamente os seus programas onde exibem ideias bastante concretas em relação às várias áreas que terão de gerir e tiveram disponibilidade total para as esclarecer e debater. Estou confortável perante a possibilidade de qualquer um dos dois assumir a presidência.

Não "compro" nenhuma das teorias da conspiração que circulam por aí: os apoios encapotados de Ricciardi e Sobrinho (nem a Varandas nem a Benedito); considero que Varandas se demitiu no momento certo (logo após o final da época da equipa sénior masculina) e fez bem em assumir-se como alternativa antes da AG de destituição; dou zero valor à história da fivela (que Varandas já desmentiu num debate com Dias Ferreira); nem acho que haja qualquer motivo de preocupação em relação à escolha de Benedito para o seu (ainda desconhecido) CEO nem as suas supostas ligações ao grupo Stromp. Acredito que ambas as listas são compostas por pessoas que têm as melhores intenções para o clube e que têm feito um esforço claro para serem o mais transparentes possível.

Mas, de entre as duas, terei naturalmente que optar por uma. E, neste caso, vou votar na lista que, de uma forma global, me parece ter melhores condições para ter sucesso na liderança do Sporting: a candidatura de Frederico Varandas.

Vou votar em Varandas por dois motivos principais. 

O primeiro é o conhecimento que Varandas demonstra ter do mundo do futebol - ouvindo-o é facilmente perceptível que conhece detalhadamente as várias áreas (equipas profissionais, formação, scouting, trabalho físico e psicológico, infraestruturas de apoio) e creio que terá capacidade para implementar as ideias que tem para elas. Benedito assenta o seu discurso sobre o futebol sobretudo na vertente da cultura de clube, que, sendo uma questão relevante, não me parece que seja fácil de implementar - um balneário de futebol é bastante diferente da realidade que conheceu enquanto atleta de futsal. Apesar de o ecletismo ser uma vertente fundamental da vida do Sporting, sabemos que será principalmente o desempenho do futebol a determinar o sucesso ou insucesso de uma direção e, neste sentido, parece-me que Varandas terá melhores hipóteses de ser bem sucedido.

O segundo motivo é o CV da equipa de gestão que rodeia Frederico Varandas, um conjunto de especialistas nas respetivas áreas com uma vasta experiência profissional que poderá ser muito útil ao Sporting, e que me parecem convictamente comprometidos com o programa que apresentaram aos sócios. E não esqueço a presença de Rogério Alves: como candidato a PMAG é um ponto forte da lista - ter um dos mais influentes advogados do país a desempenhar essas funções no Sporting nunca poderá ser um problema, antes pelo contrário.

Feita a minha declaração de voto, resta-me apelar a todos que se desloquem ao estádio no dia de 8 para participarem num momento fundamental para a vida do clube. É importante que sejam umas eleições muito concorridas, e que no final impere o civismo e o respeito pela decisão dos sócios, seja qual for o resultado. E, já agora, que a partir de dia 9 saibamos todos estar ao lado daqueles que terão a enorme responsabilidade de conduzir o Sporting no trilho para o sucesso por que todos ansiamos.