O Washington Post? O New York Times? O El País? O Financial Times? O Bild? O The Guardian?
Todos conhecemos o estilo das crónicas de Miguel Sousa Tavares. É indiscutível que o homem é independente, mas também parece evidente que não se costuma dar ao trabalho de apresentar os dois lados das questões que comenta. Miguel Sousa Tavares escolhe um lado e despeja, semana após semana, um rol de argumentos a favor da sua posição, deixando de fora todas aquelas que não lhe convêm.
Tudo bem, pagam-lhe para dar a sua opinião, e se for polémico tanto melhor. Não é a sua honestidade intelectual que o faz tão popular perante o público português. E muito menos quando escreve sobre futebol.
Mas sempre pensei que quem lhe paga exigisse um mínimo de qualidade de escrita.
Mas há coisas que para o comum adepto, como eu, são muito difíceis de entender — como a fatal tendência dos treinadores portugueses se acagaçarem nos grandes jogos europeus, descaracterizando a equipa para reforçarem a sua defesa, acabando invariavelmente vencidos, quando não sovados.
Miguel Sousa Tavares in A Bola
Ninguém pode acusar MST de conjugar incorretamente o verbo acagaçar |
Sabemos que por vezes o futebol, para Miguel Sousa Tavares, é um empecilho capaz de lhe estragar os fins-de-semana. A falta de vontade de ver jogos de futebol e a obrigação de ter que escrever sobre esses mesmos jogos notam-se no enfado que habitualmente transpira das suas colunas de opinião. Mas, como jornalista e escritor, podia revelar um pouco mais de brio profissional.