Mostrar mensagens com a etiqueta Adrien Silva. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Adrien Silva. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 29 de maio de 2018

Balanço de 2017/18: Médios



William Carvalho: **          
2016/17: **
2015/16: **
2014/15: **     
2013/14: ***

Mais uma época exibicionalmente irregular que, é justo que se diga, foi afetada pelas várias lesões que teve de enfrentar e pelo sistema de jogo de Jesus, que não favorece um médio com as suas características. Voltou a estar abaixo das expectativas, o que nos deveria levar a concluir que talvez sejam as expectativas que são demasiado elevadas. Não que o valor não esteja lá - é perfeitamente visível a diferença de um Sporting quando tem um William ao melhor nível -, mas já se percebeu que existem outros fatores que fazem com que não se consiga extrair tudo o que William pode dar. 


Adrien Silva: **          
2016/17: **
2015/16: ***
2014/15: **     
2013/14: ***

Na realidade não fez parte do plantel, mas coloco-o aqui porque acabou por somar mais minutos do que jogadores como Palhinha, Misic, Mattheus ou Wendel. Já estava com a cabeça noutras paragens, mas não há nada a apontar a Adrien pelo que fez enquanto ainda foi a jogo pelo Sporting.


Rodrigo Battaglia: **

Foi o jogador que participou em mais partidas de todo o plantel (57 jogos) o que, por si só, reflete a importância que teve ao longo da época mesmo não sendo um indiscutível. Battaglia é um poço de força e voluntarismo - qualidades que sabe dosear bem, o que pode ser atestado pelos apenas 9 amarelos que viu em todas as competições -, ainda que nem sempre consiga dar à equipa tudo aquilo que é necessário num 8. Curiosamente ou talvez não, o melhor período que teve foi quando jogou mais recuado, com Bryan Ruiz à sua frente no miolo. Espero que consiga ultrapassar as questões que o envolveram no triste episódio de Alcochete, pois é um jogador que poderá desempenhar um papel ainda mais importante na próxima época.


Bruno Fernandes: ***          

Contratação do ano e estrela da equipa. Teve um impacto imediato na qualidade de jogo do Sporting, em parte beneficiado por praticamente não ter tido férias e iniciado a época com mais ritmo do que a generalidade dos jogadores, mas a sua influência manteve-se elevada praticamente ao longo de toda a época. Quebrou um pouco no final por ter sido fisicamente mal gerido por Jesus - que não só não o poupou em muitas situações que assim o justificava, como também pelos papéis que lhe atribuiu em campo. Ainda assim, foi uma época brilhante: a folha estatística é impressionante (16 golos e 20 assistências) e foi recheada de muitos momentos que fazem levantar qualquer estádio. Não só é para manter para o ano: é a peça central à volta da qual a equipa tem de ser construida, e tem um perfil adequado que justifica que lhe seja atribuída a braçadeira de capitão.


Bruno César: **
2016/17: **
2015/16: **

Mais uma vez foi um jogador extremamente útil pela sua polivalência. Importante na primeira metade da época - e em particular nos jogos de maior exigência, brilhando na Liga dos Campeões -, foi perdendo espaço a partir de dezembro até ter contraído uma lesão que lhe acabou com a épca em março.


Bryan Ruiz: **          
2016/17: *
2015/16: ***

Afastado do grupo de trabalho durante a primeira metade da época, foi reintegrado progressivamente a partir de novembro até assumir um papel principal em fevereiro. As pernas frescas valeram-lhe boas prestações na posição 8, ainda que não seja um jogador talhado para funções tão exigentes fisicamente. Acabou o contrato e deverá continuar a carreira noutras paragens. Ainda que tenha ficado marcado por aquele falhanço e esgotado a paciência de muitos adeptos pela sobreutilização que Jesus lhe deu - em particular em 2016/17 -, é um jogador que, pelo menos a mim, deixará saudades pela classe que demonstrou ter, quer dentro quer fora de campo.



Alan Ruiz: *
2016/17: *

Tinha esperanças que conseguisse retomar a boa forma que demonstrou em parte da 2ª volta de 2016/17. Ao contrário da sua primeira época, chegou em boas condições físicas à pré-época e pensei que pudesse aproveitar esse balanço e a melhor adaptação ao clube para conseguir demonstrar as suas qualidades. O problema é que... não conseguiu, muito longe disso, e não foi por falta de oportunidades. Lento a decidir com a bola nos pés e defende só quando lhe apetece, o que faz com que seja um jogador perfeitamente inútil em campo. Esgotou a paciência dos adeptos e acabaria, também, por esgotar a paciência da única pessoa que ainda acreditava nele: o treinador. Um flop completo que poderá estar de volta em dezembro de 2018.


Mattheus Oliveira: *

Mattheus foi uma contratação que levantou alguma polémica. Nada nas suas características gerava confiança nas suas possibilidades de afirmação num clube como o Sporting - ainda mais num sistema de jogo como o de Jesus. Dos poucos minutos de competição que teve, a maior parte foi contra equipas de escalões inferiores... e nem aí conseguiu demonstrar capacidade que justificasse minutos em desafios mais exigentes. Um erro de casting previsível, pelo que não surpreendeu o empréstimo ao V. Guimarães em janeiro.


João Palhinha: -

Teve uma utilização demasiado esporádica para poder demonstrar o que pode fazer. Verdade seja dita que havia muita concorrência para a sua posição (William, Battaglia, Petrovic), mas acabou por ser um ano perdido. Mais valia ter sido emprestado.



Radosav Petrovic: *
2016/17: -

Mais uma época com poucos minutos. As oportunidades que teve como médio defensivo nunca foram aproveitadas, e acabaria por ser como defesa central que teve os seus melhores jogos. Há que dizer que a sorte também nunca o protegeu - como esquecer a sua absurda expulsão contra o Moreirense que viria a ser despenalizada pelo CD? -, mas está mais que visto que não tem valor para continuar por cá.


Wendel: -

É incompreensível que Jesus lhe tenha dado tão pouco tempo de jogo, considerando o esforço que a direção fez na sua contratação. E não se pode dizer que fosse um capricho da direção, porque, efetivamente, foi visível ao longo da época que precisávamos de um médio mais capaz nas tarefas de transporte de bola. Do pouco que se viu, Wendel tem essas competências que, por mesquinhez ou teimosia - o treinador não quis aproveitar.


Misic: -

Diz quem o conhece que é um médio centro posicional com boa capacidade de passe e especialista nas bolas paradas. Quem não o conhece não teve oportunidade de comprovar nada disto, face à escassez de utilização. Pior: quem conseguir entender por que razão Jesus o colocou a médio ala na final da Taça, que me explique.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Delícia de jogada

Viram com atenção o 5º golo do Sporting em Guimarães? Tudo começa num lançamento de Piccini, junto à nossa área, para Rui Patrício. Depois a bola passa por Jonathan, Gelson, Bruno Fernandes, Jonathan, Gelson, Adrien, Iuri e, por fim, Adrien. Que delícia de jogada.










domingo, 2 de julho de 2017

A imbecilidade do costume

Entrevistas rápidas no final do Portugal - México.

João Pedro Mendonça pergunta a Adrien: "E agora regressa aonde? A Alvalade?". 

Resposta de Adrien: "Sim, agora sim."

João Pedro Mendonça pergunta a Gelson: "E é em Alvalade que se vai apresentar?". 

Resposta de Gelson: "Claro, é o meu clube."

O que diz o brilhante Hugo Gilberto ao retomar a emissão em estúdio?



Hugo Gilberto a querer regressar ao nível que o celebrizou. Afinal, falamos da personagem que teve esta prestação no final de um jogo que apurou Portugal para um mundial...

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Balanço de 2016/17: Médios



William Carvalho: **          
2015/16: **
2014/15: **     
2013/14: ***

Esperava-se que William desse sequência às exibições de elevado nível com que terminou a temporada passada, face ao conhecimento já acumulado do sistema de Jesus. No entanto, o médio teve um ano abaixo das expetativas, já que o melhor William poucas vezes apareceu em campo. Fisicamente, pareceu quase sempre a meio gás, e nem como primeiro construtor teve a preponderância de outras épocas. Pior ainda, foram vários os jogos em que cometeu lapsos que só se podem explicar com falta de concentração. Num sistema de jogo que exige imenso dos médios, creio que o fraco rendimento defensivo da equipa se explica parcialmente pela quebra de forma de William.



Adrien Silva: **          
2015/16: ***
2014/15: **     
2013/14: ***

Peça fulcral do onze de Jesus, Adrien começou a época em excelente forma. A sua importância ficou à vista de todos não tanto pelo que mostrou enquanto esteve em campo, mas principalmente pelo que aconteceu quando deixou de estar - a equipa ressentiu-se profundamente da sua lesão na 1ª volta. Regressou ao onze em dezembro, mas a partir daí nunca mais se viu o melhor Adrien - que viria a lesionar-se uma segunda vez já durante a 2ª volta. Disponibilidade física nunca lhe faltou para o trabalho defensivo, mas esteve uns furos abaixo do que era necessário em tarefas ofensivas: 2 golos (excluindo penáltis) e 2 assistências é muito pouco para um jogador que faz aquela posição. Será que essa quebra de rendimento terá tido alguma coisa a ver com insatisfação por não ter sido transferido no início da época? Não sei, mas ficou-lhe muito mal ter recorrido à comunicação social para fazer pressão para sair.


Bryan Ruiz: *          
2015/16: ***

Ao arrancar para 2016/17, seria impossível imaginar que Bryan Ruiz se transformaria no oposto do jogador influente da época passada. Quem sabe se vítima de mais um ano sem férias, o facto é que o costa-riquenho fez uma época paupérrima, que se tornou insuportável face à insistência de Jesus em colocá-lo em campo, fosse a ala esquerdo, a médio centro ou a segundo avançado. Frequentemente esgotado a partir dos 60 minutos, quase sempre incapaz de fazer a diferença, sem capacidade de explosão ou esclarecimento. Após uma época destas, com apenas mais um ano de contrato e sendo um dos jogadores mais bem pagos do clube, a saída é o desfecho mais lógico. Veremos se a direção o conseguirá vender a outro clube.



Bruno César: **
2015/16: **

A polivalência de Bruno César faz dele, indiscutivelmente, um dos jogadores mais úteis do plantel. Foi utilizado por Jesus em quatro posições diferentes: ala esquerdo, segundo avançado, médio centro e lateral esquerdo. Tirando a posição de lateral esquerdo, em que sentiu dificuldades perante adversários rápidos (e não ajudou o apoio que frequentemente lhe faltou do ala esquerdo), fez as restantes posições com grande competência. Para além disso, é um dos melhores marcadores de bolas paradas do plantel. O facto de ter participado em 42 jogos esta época (só Gelson, com 44, e Coates e William, com 43, tiveram mais presenças) acaba por ser um indicador da falta de profundidade do plantel - para um clube que quer ser campeão, não é bom sinal que um jogador polivalente como Bruno César acabe por ser tão utilizado. De qualquer forma, isso não é responsabilidade sua, e teve uma época bastante positiva.



Elias: *

Regressou ao Sporting para ser a alternativa a Adrien que o clube não tinha. Foi uma contratação que me entusiasmou, porque teoricamente tinha tudo para dar certo. O problema foi a passagem da teoria à prática. Elias nunca foi capaz de dar à equipa o que dava Adrien. Posicionalmente foi um desastre (quase sempre muito recuado a defender e muito adiantado a atacar), parecia que fazia de propósito para estar longe da bola. Sendo um jogador bem pago e com pouco rendimento, o Sporting acabou por vendê-lo em janeiro. Deu para recuperar o investimento, e isso é o melhor que se pode dizer desta época de Elias.


João Palhinha: *

Foi o primeiro jogador a ser chamado de volta do empréstimo face à incapacidade de Petrovic em fazer a posição de médio defensivo na ausência de William. Palhinha foi lançado de imediato às feras e as coisas não lhe correram bem na Madeira e no Porto. De qualquer forma, Jesus continuou a dar-lhe minutos de forma consistente durante cerca de 10 jornadas. Depois esteve vários jogos sem ser utilizado e regressou à titularidade na última jornada. Mostrou algumas qualidades, nomeadamente pela forma (aparentemente) fácil como se impõe fisicamente em relação aos adversários. Não demonstrou, no entanto, grande confiança para sair a jogar - coisa que sabe fazer e que só o tempo lhe poderá dar. Ainda não está pronto para ser titular do Sporting, mas tem todas as condições para fazer parte do plantel na próxima época.



Francisco Geraldes: -

Infelizmente, a única conclusão que se pode retirar da época que Francisco Geraldes fez no Sporting é que foi uma decisão precipitada fazê-lo regressar do Moreirense. O Chico ganhou a Taça da Liga, regressou, e só teve oportunidade de fazer 54 minutos na equipa principal do Sporting, distribuídos por 4 jogos. Demasiado pouco para alguém que demonstrou imensa capacidade como organizador de jogo - coisa que faltou ao futebol do Sporting esta época. Não estou a dizer que Geraldes já está pronto para ser titular - não me parece que esteja -, mas devia ter tido muito mais minutos para ir ganhando experiência. Não me parece que Jesus goste de Geraldes, pelo que me parece que voltará a ser emprestado na próxima época. Espero estar enganado.



Radosav Petrovic: -

Veio para ser backup de William, mas rapidamente se percebeu que não contava para o totobola. A péssima pré-época e o péssimo jogo de estreia em Famalicão retiraram-lhe espaço para ser aposta séria. Ainda jogou contra o Arouca para a Taça da Liga, e aí até nem esteve mal. Foi emprestado ao Rio Ave, onde demonstrou qualidades que andaram escondidas enquanto esteve no Sporting - sinal de que houve ali algum tipo de bloqueio (físico? psicológico?) a impedi-lo de render. De qualquer forma, não me parece que venha a ter espaço no plantel da próxima época.


Bruno Paulista: -

Foi utilizado nas três primeiras partidas oficiais da época, incluindo 22 minutos contra o Porto. Depois saiu das convocatórias e nunca mais foi utilizado. O rapaz tem qualidade. Deve haver uma explicação lógica para o percurso de Bruno Paulista no Sporting, e que seguramente nada terá a ver com questões desportivas. Talvez um dia se venha a descobrir.


Marcelo Meli: -

Quem?

terça-feira, 9 de maio de 2017

Será demasiado pedirmos um pouco de bom senso?

Jogadores, treinadores e dirigentes de um clube de futebol são, antes de tudo o resto, cidadãos que usufruem dos mesmos direitos que qualquer outro indivíduo. Há uns que são, por natureza, mais discretos, e há outros que apreciam a visibilidade e mediatismo. Há uns que fogem das câmaras, há outros que se sentem atraídos por elas. Há uns que gostam de partilhar com o público momentos da sua vida privada, há outros que preferem não o fazer. Estão todos no seu direito e não há ninguém que tenha legitimidade para exigir que ajam de maneira diferente.

No entanto, os jogadores, treinadores e dirigentes de clubes de futebol são, também, profissionais muito bem pagos que devem a sua visibilidade à carreira que escolheram. E como qualquer profissional em qualquer área, devem adaptar o seu comportamento na vida privada às especificidades da sua vida profissional. 

Não há ninguém que possa impedir um cidadão de ir para os copos até às tantas da manhã. Mas se o cidadão for um atleta de alta competição, então, por motivos óbvios, não o deve fazer. Um político pode ser muito amigo de um cidadão acusado ou condenado por corrupção, mas sabe que não deve aparecer publicamente ao seu lado. Um técnico de uma qualquer área profissional que esteja de prevenção durante um fim-de-semana, sabe que não pode ir ao cinema e desligar o telemóvel para poder apreciar o filme sem interrupções. Todas as profissões têm especificidades que condicionam a vida pessoal, sendo necessário gerir ambas as componentes profissional e pessoal para que não se atropelem mutuamente para além do que é razoável.

Vem esta longa introdução a propósito disto:


Post de Alan Ruiz no Instagram na tarde de domingo, a fazer um V de vitória, poucas horas depois da derrota com o Belenenses. Também na tarde de domingo, a esposa de Adrien, capitão de equipa, publicou no Instagram uma fotografia romântica de ambos. Têm direito a fazê-lo? Com certeza que sim. Mas depois da vergonha que aconteceu no domingo de manhã, seria do mais elementar bom senso haver algum recato. Tenham jogado ou não, tenham maiores ou menores culpas no cartório, é sinal de falta de brio profissional.

Se eu tivesse cometido um erro colossal na minha vida profissional e não houvesse forma de o remediar de imediato, não conseguiria passar as horas seguintes com este nível de descontração. É claro que nem todos são obrigados a reagir da mesma forma aos problemas profissionais, mas seria de esperar, no mínimo, que demonstrassem algum recato, nem que fosse durante um par de dias, como sinal de reflexão pelo que aconteceu e por respeito pelas milhares de pessoas que pagaram para os ver jogar e saíram completamente defraudadas do estádio. O facto de não o terem feito significa uma de duas coisas: que não fazem ideia daquilo que provocaram aos sportinguistas, ou que estão a borrifar-se para aquilo que provocaram aos sportinguistas.

Este seria um bom momento para pedir à direção para instruir os jogadores para o que devem ou não fazer na sua relação com o grande público, mas não o posso fazer porque, aparentemente, de cima não vêm bons exemplos. Ontem, ainda na ressaca da derrota do dia anterior, acordei com esta feliz notícia:


Como atenuante, há que dizer que Bruno de Carvalho deu a entrevista à CMTV (de onde foram retiradas estas declarações) dois dias antes da derrota com o Belenenses. Mas essas atenuantes não anulam a génese do problema. Bruno de Carvalho já devia saber que: 1) é um erro colocar-se nas mãos de CM / CMTV, que, obviamente, iriam escolher sempre o pior momento possível para publicar as suas palavras; 2) enquanto presidente, deve também liderar pelo exemplo.

E já nem entro pela questão de ver o presidente estar recorrentemente a dar exclusivos a canais e jornais que não perdem uma oportunidade para nos deitar abaixo.

Todos têm direito a fazer o que fizeram, não é isso que está em causa. Não tenho qualquer legitimidade para exigir aos outros que mantenham determinados comportamentos dentro daquilo que são os meus padrões de conduta. Mas será pedir muito aos profissionais do clube que tenham um mínimo de noção daquilo que os rodeia? Será demasiado pedirmos um pouco de bom senso?


P.S.: aproveitando a questão da mistura da vida pessoal e profissional do presidente, permitam-me a seguinte observação adicional: marcar o casamento para 1 de julho, dia do aniversário do clube e da Gala Honoris, é um erro. É muito giro e tal pelo que a data significa, mas politicamente é uma situação lose-lose. Os cenários que existem são:

I) A Gala Honoris realiza-se a 1 de julho, como sempre, sem a presença do presidente. Que sentido faz o presidente ter-se autoexcluído sem necessidade absoluta de um evento que começa a criar raizes e que tem vindo a conquistar um espaço importante na vida do clube?

II) A Gala Honoris realiza-se a 1 de julho, como sempre, com a presença do presidente. Já se está mesmo a ver que haverá quem veja isto como uma espécie de copo-de-água estendido, e que estaremos condenados a que todos os discursos e intervenções na Gala comecem com desejos de felicidade ao presidente e esposa. Será um fartote para aqueles que gostam de chamar coreano a Bruno de Carvalho.

III) Muda-se a data da Gala Honoris para que não colida com o casamento do presidente. Nem preciso de explicar o que isto representaria, pois não?

sábado, 15 de abril de 2017

A ganhar embalagem

Sabendo-se que o V. Setúbal já demonstrou ser uma equipa muito bem preparada para fazer estragos aos grandes - dois empates com o Porto, uma vitória e um empate ao Benfica, e uma vitória ao Sporting na Taça da Liga -, não se pode, de forma alguma, desvalorizar o bom jogo que o Sporting fez na noite de ontem no Bonfim.

A equipa da casa entrou com tudo, conseguindo encostar o Sporting à sua área nos minutos iniciais, mas, uma vez sacudida essa pressão, a partida passou a ter um sentido único: o V. Setúbal foi incapaz de contrariar a pressão intensa a que foi submetida e o Sporting foi empurrando o jogo para junto da área de Bruno Varela. O primeiro golo surgiu com naturalidade, e, com maior naturalidade ainda, apareceram os outros dois golos, que se adivinhavam a qualquer momento após uma entrada fortíssima do Sporting na segunda parte.

Nota-se um Sporting cada vez melhor, física e tecnicamente, em que a equipa sabe tirar partido das melhores características dos seus jogadores, e vai-se ganhando embalagem para aquilo que se deseja que seja o melhor final de época possível, considerando a falta de objetivos melhores.





Mais uma exibição muito sólida - depois de uma sequência de jogos em que o Sporting foi ganhando sem convencer, a equipa parece estar agora a entrar numa fase em que vence categoricamente, com excelentes prestações nos dois lados do campo. O V. Setúbal entrou bem, dominando os primeiros dez minutos da partida, mas a partir daí o jogo foi completamente controlado pelo Sporting - com particular ênfase para o início da segunda parte, onde a equipa foi simplesmente arrasadora e encerrou a discussão sobre quem levaria os três pontos. 

A primeira parte de Gelson - foram vários os jogadores que se aproveitaram a um bom nível, mas Gelson Martins destacou-se dos demais durante a primeira parte. Foi oportuno na forma como aproveitou a hesitação de Fábio Cardoso para marcar o golo inaugural, e ainda serviu de forma magistral Dost e Alan Ruiz - naquelas que foram as melhores ocasiões do Sporting durante os primeiros 45 minutos. Numa dessas ocasiões sofreu um penálti que João Pinheiro converteu em livre. Foi substituído assim que a vitória estava garantida, não fosse o árbitro encontrar algum motivo para lhe mostrar amarelo e deixá-lo e fora do dérbi.

Outros destaques - Bruno César deu boa sequência à grande exibição que teve contra o Boavista: esteve envolvido no primeiro golo e fez a assistência no segundo; o seu rendimento caiu na segunda parte, a partir do momento em que andou a saltar de posição em posição; Alan Ruiz não marcou, mas voltou a fazer um bom jogo, parecendo cada vez melhor fisicamente; Marvin Zeegelaar pouco fez a atacar, mas esteve muito bem a defender; William e Adrien tiveram um início de jogo pouco seguro, mas com o passar do tempo acabaram por conquistar o meio-campo; Podence entrou muito bem.

O passe de Alan Ruiz para o golo de Dost - o melhor momento do jogo. O passe do argentino de trivela foi perfeito - com a bola a fazer o arco necessário para passar pela única nesga de terreno que havia fora do alcance de Frederico Venâncio e Bruno Varela - encontrando Dost, que só teve que encostar e agradecer ao companheiro. Teve o bónus de colocar o holandês, provisoriamente, na liderança da Bota de Ouro.


O amarelo a Zeegelaar - conforme seria de esperar, o árbitro foi particularmente zeloso quando Zeegelaar fez a sua primeira falta, e não lhe perdoou o cartão amarelo - o que deixa o holandês de fora do dérbi. Marvin é um dos patinhos feios deste plantel, mas a verdade é que está a passar por um bom momento e poderemos sentir a sua falta na próxima jornada. 



Quinta vitória consecutiva (com um total de 15-2 em golos marcados e sofridos), oitava vitória nos últimos nove jogos. O Sporting está, claramente, a recuperar o seu melhor nível físico e técnico, à imagem do que vimos no início do campeonato. Que continue assim até ao fim.

domingo, 9 de abril de 2017

Finalmente, a nota artística

Alvalade teve ontem oportunidade de assistir a uma das exibições mais sólidas do Sporting esta época. Do início ao fim, a equipa esteve bem em todos os aspetos do jogo: veloz e criativa a atacar, pressionante e concentrada a defender, chegando com facilidade à baliza do Boavista e impedindo o adversário de causar qualquer lance de perigo. Os golos foram aparecendo com naturalidade, graças, sobretudo, ao bom aproveitamento dos erros alheios, mas podia ter acabado numa goleada bastante mais expressiva, tal foi a superioridade evidenciada durante os 90 minutos. Tal como disse Jesus na flash interview, finalmente apareceu a nota artística.




Avé César - na minha opinião foi o melhor em campo, não só pela sua influência direta em três dos quatro golos de ontem, mas também pelo dinamismo que conseguiu dar ao flanco esquerdo do ataque. Parece estar muito melhor fisicamente, mais rápido, a aguentar melhor o confronto físico com adversários, sinais que já tinha dado na semana passada em Arouca - prometendo um excelente final de época. Os momentos altos foram as duas assistências que fez para Dost, que precisou apenas de encostar. De referir que o penálti surgiu por falta sobre Bruno César mas, na minha opinião, foi mal assinalado: o brasileiro cavou a falta, arrastando o pé de forma a procurar o contacto com o adversário. Foi substituído a quinze minutos do fim para uma justíssima ovação. 

Mais três golos para Dost - mérito, sobretudo, por ter conseguido estar no sítio certo para finalizar nos dois golos de bola corrida. Bateu bem o penálti, muito melhor do que aqueles de que dispôs contra o Tondela. Leva 27 golos em apenas 25 jogos, com uma magnífica média de um golo marcado a cada 80 minutos. Com os três golos marcados ontem, apanhou Messi no topo da classificação da Bota de Ouro. Vai ser difícil alcançar esse prémio, obviamente, mas a equipa parece empenhada em ajudá-lo nesse objetivo.

Ruiz desbloqueador - Alan Ruiz marcou o sexto golo nos últimos oito jogos, revelando cada vez mais uma característica muito preciosa para o plantel: a capacidade de desbloquear jogos ou, no mínimo, abrir caminho para a baliza adversária. Todos os seis golos marcados por Alan Ruiz foram o primeiro do Sporting nos respetivos jogos. De destacar ainda o excelente trabalho no lance do quarto golo, ao segurar e proteger a bola de um adversário enquanto esperava o momento certo para aproveitar a desmarcação de Bruno César pela esquerda. O passe saiu perfeito, Bruno César e Dost fizeram o resto.

Tempo de jogo para os miúdos - face à ausência de Gelson, Jesus colocou Daniel Podence no flanco direito e o jogador não desperdiçou a aposta. Sempre muito dinâmico, sem medo de arriscar, teve o seu momento alto na recuperação de bola e passe imediato para Schelotto no lance do primeiro golo. Esteve perto de marcar em duas ocasiões: num remate de ângulo difícil após ter ultrapassado Meira, e quando, isolado, deveria ter finalizado em vez de tentar o passe para Bryan. Francisco Geraldes teve mais quinze minutos, os primeiros em Alvalade com a camisola da equipa principal, que foram suficientes para mostrar pormenores deliciosos. Quer um quer outro mostraram que merecem ter cada vez mais minutos.

O regresso de Adrien - a ovação da noite foi para o momento em que o capitão entrou em campo. Adrien parece estar totalmente recuperado da lesão. Jogou com intensidade e não evitou disputas de bolas com adversários.

O ambiente em Alvalade - apesar de a classificação final do Sporting estar praticamente definida - abaixo das expetativas iniciais - as bancadas estiveram novamente muito bem compostas e com grande entusiasmo. Isto é a confirmação de algo essencial para o clube: há cada vez mais sportinguistas que recuperaram o hábito de ir ao estádio, independentemente da situação desportiva da equipa.



Desconcentrações momentâneas, especialmente no início do jogo - refiro-me a algumas perdas de bola desnecessárias, cometidas por alguns jogadores. Estamos bem quando não há nada de pior a indicar num jogo de futebol.



Quarta vitória consecutiva, a sétima nos últimos oito jogos. A equipa parece estar a subir de forma e capaz de conseguir uma ponta final muito forte. Mesmo que isso de pouco nos sirva para o que resta desta época, não será trabalho desperdiçado, pois finalmente começa-se a ver uma base de equipa para a próxima época.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O substituto de Adrien na Amoreira

Quando questionado na conferência de imprensa de rescaldo do Sporting - Rio Ave sobre como iria resolver a ausência por castigo de Adrien na próxima jornada, Jorge Jesus não foi muito concreto na resposta, mas adiantou alguns dos possíveis cenários que andam pela sua cabeça. Falou nas rotinas de posição já adquiridas por Bryan Ruiz e Bruno César, e descartou Francisco Geraldes como opção. Jesus disse que vê o médio recuperado ao Moreirense mais como um ala ou um segundo avançado.

A questão de Geraldes é um tema relativamente sensível porque se trata de um jogador que estava a jogar (e muito bem) no clube para onde o emprestámos para evoluir, e que, regressando à base, custa vê-lo a não ter oportunidades para jogar. Mas a verdade é que, no sistema de Jesus, o papel desempenhado Adrien é absolutamente fulcral para o equilíbrio da equipa. Num meio-campo a dois, este lugar tem de ser ocupado por um médio de elevada rotação, capaz de transportar jogo e ser o primeiro a servir de travão às investidas adversárias. Não tenho dúvidas de que Francisco Geraldes conseguiria substituir Adrien em organização ofensiva - e havendo oportunidades suficientes para se entrosar com os companheiros, não tardaria a fazer melhor do que Adrien -, mas será que tem o que é necessário para o momento defensivo?

Percebo que Jesus o veja como ala ou 2º avançado. Eu, não percebendo nada de futebol, consigo ver Geraldes a fazer o papel que era de João Mário na época passada, mas também a fazer o lugar de Alan Ruiz - agora que joga uns metros mais recuado em relação ao início da época. Como 8 talvez, mas num meio-campo mais povoado.

É claro que, para ser honesto, também nunca vi em Bryan Ruiz as qualidades para fazer a posição - muito menos na péssima forma em que se encontra -, e Bruno César também não atravessa um bom momento. Definitivamente, nenhum dos dois se enquadra na parte da "elevada rotação" que referi atrás. Podem saber como interpretar as ideias do treinador em campo, mas falta a questão da execução.

Se tivesse que apostar, diria que o meio-campo do Sporting na Amoreira será igual ao que acabou o jogo de sábado, ou seja, com Palhinha e William. Apesar de ambos serem médios defensivos, nenhum dos dois se atrapalhará a jogar um pouco mais adiantado no terreno. Não oferecerão o mesmo dinamismo de Adrien com bola, mas serão capazes de garantir maior estabilidade defensiva à equipa. Esperemos para ver o que decidirá Jorge Jesus.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Prevaleceu a melhor versão de um Sporting a duas velocidades

Considerando que, nos últimos meses, tudo aquilo que pode correr mal ao Sporting tem acabado por correr efetivamente mal, a partida de ontem em Moreira de Cónegos depressa começou a demonstrar potencial para mais um final de tarde frustrante. Pode-se dizer que houve um Sporting a duas velocidades, em várias dimensões: na qualidade exibicional revelada ao longo da partida - com uma primeira parte pobre e uma segunda parte muito mais entusiasmante -, mas também na diferença de rendimento que neste momento se nota dentro da própria equipa - uma setor recuado sem qualquer confiança vs. um setor atacante que tem de fazer o suficiente para ultrapassar os adversários e compensar as falhas que, invariavelmente, estão a ser cometidas nas suas costas.

A equipa entrou de forma apática em campo, revelando intranquilidade na defesa e pouca acutilância no ataque, que se traduziu numa primeira meia-hora completamente desperdiçada. O Moreirense conseguiu a proeza de, na primeira parte, ter feito apenas um remate à baliza - de penálti - mas ir para o intervalo a vencer por 2-1, graças a duas gentis e prestimosas ofertas do nosso setor defensivo. Mais do que o adversário, fomos nós próprios o nosso pior inimigo.

Apesar disso, há que dizer que, a partir dos 30 minutos, o Sporting começou a conseguir encontrar forma de contornar o autocarro que o Moreirense instalou no seu meio-campo. A segunda parte deu continuidade à melhoria exibicional e traduziu-se num domínio crescente que se traduziu em oportunidades e golos, justificando plenamente a conquista dos três pontos.




A exibição na segunda parte - depois de uma primeira parte globalmente medíocre, a resposta da equipa na segunda parte foi bastante positiva. O Sporting deu sequência ao bom final de primeira parte, encostou o Moreirense à sua área, e as oportunidades para marcar foram-se sucedendo. O domínio sportinguista foi constante desde o regresso dos balneários - com destaque para as exibições de Alan Ruiz, Dost, Gelson e Adrien -, mas há que fazer justiça a um momento que acabou por ser particularmente decisivo: a entrada de Podence em campo.

Um quarteto a pedir mais minutos em conjunto - o melhor Sporting de ontem foi aquele que teve simultaneamente em campo Alan Ruiz e Daniel Podence. O entendimento entre Dost e Alan Ruiz parece estar a evoluir significativamente: o holandês fez a assistência para o argentino no primeiro golo, e, no início da segunda parte, repetiu a gentileza com um brilhante passe que isolou Alan Ruiz - que foi travado em falta à entrada da área. Dost, que marcou o seu 17º golo para a liga, após remate ao poste de Podence. Podence - que precisou apenas de um par de minutos para se revelar mais perigoso do que Bryan Ruiz - parece ser o elemento perfeito para complementar as qualidades de Dost e Alan Ruiz: à semelhança de Gelson, tem capacidade para procurar a linha, mas com muito mais apetência para tentar as diagonais, de onde pode tentar o remate, desmarcar companheiros ou combinar com colegas para ser ele próprio a procurar a desmarcação. Depois de entrar bem no Dragão, Podence foi hoje o X factor, e já me convenceu de que tem lugar no onze titular. Resta saber se convenceu Jesus, que parece ter em Bryan - que está a milhas do que demonstrou na época passada - outra das suas teimosias. Junte-se a este trio o inevitável - e indiscutível - Gelson Martins, e temos a linha atacante que, de momento, é a mais capaz de nos aproximar do golo.

Apesar de tudo, há determinação em inverter a situação - os resultados do Sporting têm ficado bastante aquém das expetativas, o moral da equipa está em baixo, mas há que dizer que tem sido visível a vontade dos jogadores em dar a volta aos acontecimentos nos piores momentos. Em Chaves, começámos a perder mas a equipa conseguiu dar a volta ao resultado, acabando por se "consentir" o empate graças ao golo da vida de Fábio Martins. Na Madeira também estivemos em desvantagem por duas vezes, e só não se virou o resultado porque foi indevidamente anulado um golo a Alan Ruiz. No Porto, após uma má primeira parte que nos colocou numa desvantagem de 2 golos, a equipa fez uma exibição que merecia, pelo menos, o empate. E ontem, em Moreira de Cónegos, voltámos a estar por duas vezes em desvantagem no marcador, mas conseguiu-se consumar a reviravolta - desta vez conseguindo os três pontos. Pode-se acusar os jogadores de cometerem erros, mas não se pode colocar em causa a sua atitude.



Consistência defensiva patética - isto já nem é uma questão de opinião, é uma constatação. Já se tinha percebido que a performance defensiva está pelas ruas da amargura: qualquer equipa, com melhores ou piores executantes, consegue criar pelo menos dois ou três ocasiões flagrantes junto da nossa baliza - e, nos últimos jogos, essas ocasiões flagrantes têm sido, quase sempre, sinónimo de golos. Mas ontem conseguiu ser ainda pior. Ao intervalo, o Moreirense vencia por 2-1 com um único remate efetuado - precisamente o do penálti. Dois golos consentidos de forma infantil, qual deles o pior: no primeiro, há quatro jogadores sportinguistas com erros de palmatória: Rúben Semedo abriu o baile com um mau passe que originou o contra-ataque do Moreirense; depois, quando a bola foi bombeada para a área, Coates cortou de cabeça para trás de forma deficiente; e, finalmente, Rui Patrício e Bruno César fizeram o resto ao atrapalharem-se mutuamente, enfiando a bola na própria baliza. A única coisa positiva que se poderia retirar desse momento foi a atitude de Dramé em não festejar, mas na realidade o golo nem sequer foi seu. Mais tarde, surgiria o segundo golo do Moreirense, logo após termos chegado ao empate. Mais uma bola enviada para as costas da defesa, com Rui Patrício demasiado recuado em campo e a sair-se muito tarde, derrubando Boateng. A verdade é que este desastre ainda poderia ter sido pior, pois a tendência para meter água logo após marcarmos regressaria na segunda parte, depois do golo de Adrien que nos colocou na frente do resultado: Dramé por pouco não empatou, fazendo um chapéu a Patrício que levou a bola, fortunadamente, a embater na barra. Não espanta, perante a permissividade revelada, que na Liga NOS só existam oito equipas com pior defesa do que o Sporting. Assim fica muito mais difícil ganhar jogos.

Jogadores a precisar de banco - O primeiro jogador a mostrar que estava num dia mau foi Rúben Semedo. Aos 18 minutos, mau passe seu esteve na origem do contra-ataque do Moreirense. Maus passe todos fazem, mas neste caso já era o terceiro passe errado de Rúben Semedo - repito, aos 18 minutos de jogo. Semedo que, mais tarde, esteve perto de me provocar uma paragem cárdio-respiratória naquele par de segundos em que demorou a reagir após o remate à barra de Dramé - dava a ideia de estar na dúvida se aquela seria a sua baliza ou a baliza do adversário. Felizmente, os sentidos regressaram-lhe antes que algum jogador do Moreirense lá chegasse. Rui Patrício está num momento de forma terrível. Se tivesse sido mais decidido, poderia ter evitado os dois golos do Moreirense. Bryan Ruiz foi, mais uma vez, uma completa nulidade. Estes três jogadores não foram os únicos com exibições pouco conseguidas, mas, nestes casos, existem alternativas no banco que devem ser lançadas já na próxima partida.



À 11ª partida realizada fora de Alvalade para o campeonato, o Sporting alcançou a sua 4ª vitória - o que revela bem as dificuldades que temos tido para nos impormos no terreno dos adversários. Os motivos dos desaires ocorridos fora de portas têm sido bastante diversificados: a falta de comparência em Vila do Conde, o meltdown em Guimarães - com a prestimosa ajuda de Artur Soares Dias -, a derrota no dérbi powered by Jorge de Sousa e a falta de sorte contra o Chaves são alguns dos exemplos. Ontem, por alguns momentos, parecia tudo alinhado para novo mau resultado, devido a erros próprios, mas há que dar mérito à deteminação da equipa. Mostrou que tem qualidade e que há muita margem para progredir - seja pela evolução do conhecimento entre jogadores que começam agora a ser importantes, seja pela eliminação da tremideira que nos torna tão frágeis na defesa. Coisas que só podem acontecer através de vitórias como a de ontem.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Uma má primeira parte demasiado penalizadora

Num jogo que poderia ter reaproximado o Sporting da luta pelo segundo lugar, aquilo de que menos precisávamos era de uma primeira parte como a que sucedeu: um Sporting inofensivo com bola e inseguro a defender, que permitiu ao Porto fazer o jogo que mais lhe convinha - seguro atrás, correndo poucos riscos e muito eficaz no aproveitamento das suas oportunidades. Ao intervalo, o jogo parecia perdido, prometendo uma segunda parte angustiante, mas o Sporting regressou transfigurado do balneário, com o recém-entrado Alan Ruiz a ser capaz de, finalmente, pautar os movimentos ofensivos da equipa. O Sporting mandou completamente no jogo na segunda parte, marcou, obrigou Nuno a reforçar o seu meio-campo, e podia ter perfeitamente marcado um segundo golo que evitaria a derrota - e, quem sabe, procurar ainda a reviravolta. Mas, como em tantos outros jogos desta época, o resultado não fez justiça ao futebol praticado em campo, tendo a má primeira parte sido demasiado penalizadora para a excelente segunda parte que o Sporting realizou.

Foto: Record / Lusa



A reação na 2ª parte - Jesus trocou Matheus Pereira por Alan Ruiz ao intervalo, e com isso todo o futebol do Sporting se transformou pela positiva. A capacidade do argentino em segurar a bola numa posição central atrai os adversários e permite que os companheiros tenham tempo para criar linhas de passe numa zona mais adiantada no terreno. Esse pequeno-grande pormenor foi suficiente para mudar toda a dinâmica do jogo. Gelson passou a ter espaço para desequilibrar, enquanto Adrien tomava conta do meio-campo. Sucederam-se várias oportunidades para marcar. Uma delas deu golo, através de um grande pontapé de Alan Ruiz, com assistência de Bas Dost. Outra foi à barra, através de Adrien (após espaço ganho por Gelson). E Casillas fez o resto, com um conjunto de defesas decisivas, incluindo uma parada monumental nos descontos a um cabeceamento de Coates.

O momento de forma de Alan Ruiz - da mesma forma que foi criticado quando não rendia, é da mais elementar justiça salientar o bom momento que atravessa. Só não foi decisivo contra o Marítimo porque o fiscal-de-linha não deixou, foi decisivo contra o Paços, e hoje transfigurou o jogo do Sporting. Mantendo esta consistência e conseguindo aguentar mais do que 60 minutos, poderá vir a ser uma das boas surpresas desta segunda-volta.



Há muita matéria-prima para trabalhar - Jorge Jesus, com a falta de diplomacia que lhe é habitual, disse que o facto de se convocarem dez jogadores da formação acaba por se pagar, referindo-se à derrota de hoje. É uma forma de ver as coisas. Sim, Palhinha teve responsabilidade no primeiro golo, mas não faz qualquer sentido estar a escudar-se na inexperiência dos jogadores da formação quando Petrovic, a escolha de Jesus para backup de William, teve o desempenho que todos sabemos. Palhinha conseguiu superar o erro e arrancou para uma exibição globalmente positiva. O que vejo, nestes dez jogadores da formação convocados, é uma oportunidade para Jesus. Agora que alguns dos seus erros de casting foram corrigidos, o treinador tem muita matéria-prima para trabalhar. Palhinha, Podence, Geraldes, Matheus precisam de oportunidades consistentes. Alan Ruiz começa a demonstrar que se calhar poderá justificar o dinheiro que se pagou por ele - e aí, mérito para Jesus pela sua teimosia. Esgaio, que não é um jogador que aprecie particularmente, integrou-se na equipa bem melhor do que Zeegelaar. Não havendo a pressão de lutar pelo 1º lugar (o melhor que podemos conseguir é o 3º), há agora que explorar a óbvia margem de progressão que este plantel possui. Felizmente, Jesus tem capacidade para isso. A qualidade demonstrada pela equipa na segunda parte comprova que existe muita qualidade e potencial e treinador para os potenciar.



1ª parte: Sporting MIA - MIA de missing in action, e não da conjugação do verbo miar na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo - apesar de o leão ter parecido um gatinho, durante os primeiros 45 minutos. Jesus surpreendeu ao lançar Matheus na esquerda, puxando Bryan Ruiz para o meio, face às lesões de Campbell e Bruno César. A opção não funcionou, mas é redutor colocar aí a responsabilidade pela falta de capacidade em chegar à área do Porto. Zeegelaar não colaborou (nem no ataque nem na defesa), mas, ainda assim, Matheus e Bryan conseguiram ser até um pouco mais efetivos que Gelson e Schelotto na direita. O problema é que foi tudo nivelado por baixo, não havendo nenhum jogador que conseguisse conduzir o jogo de forma a contornar a pressão portista. Do outro lado, há que registar a eficácia de Soares: no primeiro golo aproveitou um erro de decisão de João Palhinha, que tentou, demasiado tarde, deixá-lo em posição iregular; no segundo, muito bem na finalização do contra-ataque. É caso para dizer que, mais uma vez, Soares não foi fixe.

A falta por assinalar no segundo golo do Porto - Hugo Miguel fez uma arbitragem ao seu estilo, ou seja, deixando jogar e permitindo algum jogo duro de parte a parte. Dentro desse registo, esteve equilibrado na forma como foi ajuizando os lances. Infelizmente, a arbitragem acaba por ficar manchada pela falta que Brahimi cometeu sobre Palhinha, que esteve na origem do contra-ataque finalizado por Soares. Um erro que acabou por ter influência no resultado.



Sporting pior na primeira parte, mas muito melhor na segunda, criou oportunidades de golo suficientes para merecer, no mínimo, o empate. Ficamos agora a 9 pontos do Porto e, previsivelmente, a 10 do Benfica, pelo que, pragmaticamente, restam duas coisas a fazer: assegurar o 3º lugar e trabalhar a equipa já a pensar na próxima época.

domingo, 29 de janeiro de 2017

Um leão viciado em sofrimento

As coisas são o que são: o estado psicológico - futebolisticamente falando, claro está - deste sportinguista que vos escreve já viveu melhores dias. Comentava com os meus companheiros de bancada, ao intervalo, que não me conseguia sentir tranquilo com a vantagem de 3-0 construída durante a primeira parte. Apesar do domínio avassalador que o Sporting demonstrara até então, apesar das grandes exibições de Gelson, Schelotto, Dost, Adrien e Alan Ruiz, apesar do entusiasmo que parecia contagiar a equipa e as bancadas, não conseguia deixar de pensar em todos os fatores adversos - um meio-campo amarelado ou em risco de exclusão e a tremideira que poderia surgir com um eventual golo do Paços - que poderiam azedar uma noite que, até ao momento, roçava a perfeição. Porque sei que o Sporting é um viciado em sofrimento. E ontem, lá está, não foi capaz de passar sem a sua dose habitual. Felizmente que, desta vez, o final foi mais feliz, pois, para alívio generalizado, Dost deu a estocada final na partida imediatamente a seguir ao segundo golo do Paços. 



A primeira parte - Jesus disse, na flash interview, que talvez tenham sido os melhores primeiros 45 minutos do Sporting esta época. Tendo a concordar com o treinador. O Sporting entrou em campo com vontade de marcar rapidamente, jogando com intensidade e de forma mais prática do que tem sido normal. Para essa maior simplificação de processos foi decisiva a capacidade de desequilíbrio em velocidade do nosso flanco direito: Gelson Martins e Schelotto combinaram muito bem, fazendo duas das exibições mais positivas da equipa. Destaque também para Adrien e Alan Ruiz: o capitão esteve bastante dinâmico, aparecendo várias vezes na área para finalizar, enquanto o argentino parece estar a definir melhor o tempo de controlo e entrega do esférico. A consequência desta conjugação de fatores foi uma primeira parte de grande nível, colorida com três golos e várias outras oportunidades para marcar.

A qualidade dos golos - falo do 2º e do 3º, obviamente. Duas obras de arte, cada qual dentro do seu género. Valeram, por si só, o preço do bilhete.

De novo Bis Dost - mais dois golos, à ponta-de-lança, o último dos quais devolveu a tranquilidade à equipa. Já leva 16 golos em 16 jogos (8 golos nos últimos 5 jogos), com uma taxa de aproveitamento fenomenal, e sem qualquer penálti convertido. Começa a ser difícil encontrar adjetivos que o classifiquem.

O "Ruuuuuuui!!!" voltou a ouvir-se em Alvalade - depois de ter comprometido na jornada passada, Rui Patrício deu a melhor resposta possível: voltou a ser decisivo. Efetuou três defesas cruciais, uma das quais magnífica, quando impediu que Welthon, isolado, reduzisse para 3-2 ainda antes dos 60'.  



Incapacidade de gerir resultados - mais uma vez, o Sporting tinha tudo para ter o jogo controlado... mas foi incapaz de gerir o resultado. É certo que a falta de confiança que advém dos maus resultados dos últimos meses não ajuda, mas também há uma questão tática que, na minha opinião, Jorge Jesus deveria ponderar: a disposição das peças tem de ser necessariamente diferente quando queremos abrandar o ritmo de jogo. Abrandando o ritmo de jogo, ficamos mais expostos à pressão adversária - que, em desvantagem, tem maior interesse em procurar a bola -, que reduz drasticamente as linhas de passes disponíveis e acaba por forçar erros dos nossos jogadores. Para além disso, consentimos demasiadas situações de contra-ataque - recordo-me de três ou quatro situações de igualdade ou vantagem numérica de jogadores do Paços. O nosso meio-campo deveria ser reforçado para não se correr tantos riscos, quer nas trocas de bola, quer na contenção necessária quando a perdemos. Mas o meio-campo não só não foi reforçado, como ainda sofreu com as dificuldades físicas que Alan Ruiz e Bryan Ruiz revelaram a partir dos 60 minutos. Assim fica difícil controlar o quer que seja.

Bolas paradas defensivas - o Paços de Ferreira conseguiu criar imensos problemas nos vários cantos de que dispôs. Marcou um golo e não ficou longe de fazer abanar as redes noutro par de ocasiões. Na semana passada, na Madeira, o Sporting também se revelou bastante vulnerável neste tipo de lances - o que é preocupante para a próxima jornada, considerando que o Porto tem tido um aproveitamento bastante apreciável nas bolas paradas.

O amarelo de William - o nº 14 foi um dos protagonistas do grande momento da noite, ao fazer a assistência para o golo de Gelson, mas, no geral, a sua exibição foi bastante cinzenta na primeira parte. Falhou muitos passes, errou no timing de pressão em algumas situações que deixaram a defesa exposta, e, para piorar, viu um cartão amarelo desnecessário (mas justo) que o deixa de fora do jogo do Dragão. Há que dizer, no entanto, que melhorou de produção na segunda parte, quando se adiantou no terreno e passou a ter Palhinha nas suas costas.



Regresso às vitórias com uma exibição que, a espaços, fez lembrar a equipa dominadora que tivemos na época passada. Segue-se um desafio importantíssimo no Dragão, que, correndo bem, pode servir para a equipa recuperar muita da confiança perdida.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

O holandês matador e o bom futebol que saiu de maca

Não era fácil imaginar que após uma entrada tão boa do Sporting, pressionante, dinâmica, e com um sentido prático bastante superior ao que tem sido hábito, e que culminou num 2-0 ainda antes de o relógio ter atingido a marca dos 20 minutos, que acabássemos a partida a defender uma vantagem marginal. Verdade seja dita, existiram dois fatores bem fortes para esta quebra: a saída de Adrien por lesão - felizmente, está tudo bem com o capitão - que parece ter levado o bom futebol consigo para fora de campo; e as sequelas psicológicas dos maus resultados recentes, que levam jogadores e público a esperar o pior quando o resultado está em aberto. A primeira tem de se resolver com trabalho (e talento), a segunda só se resolve com resultados.



O matador Dost - mais dois golos marcados nas duas únicas oportunidades que teve, foi o principal responsável pela vitória. Os dois golos eram fáceis de marcar? Sim, mas sabemos bem que o que há mais por aí é quem seja capaz de falhar situações aparentemente tão simples como esta, e há também que valorizar a inteligência nas movimentações. O holandês, sem ter tido oportunidade de converter penáltis, ascendeu à primeira posição da tabela dos melhores marcadores, com a excelente média de um golo marcado a cada 100 minutos jogados.

Finalmente, Alan Ruiz - logo no primeiro minuto de jogo, perdeu uma bola de forma desnecessária no meio-campo do Sporting que proporcionaria uma boa situação de ataque ao Feirense, e ouviu os primeiros assobios da bancada. Aos 38', perdeu outra bola de forma igualmente desnecessária, mas aí já ninguém reclamou. É que, entre uma e outra perda de bola, foi um dos principais dinamizadores da equipa, sendo responsável por dois passes mortíferos que eram meio golo (Dost aproveitou o seu, Gelson não) e um remate de meia-distância que não ficou longe de abanar as redes por uma terceira vez. Desapareceu na segunda parte, mas isso não foi um mal exclusivo do argentino. Foi a sua melhor partida desde que chegou a Alvalade.



Capazes do melhor e do pior - Joel Campbell e Bruno César merecem destaque positivo pelo magnífico trabalho que fizeram no primeiro golo. O extremo fez um jogo muito esforçado, nota-se uma preocupação cada vez maior em participar nas tarefas defensivas, e teve belas iniciativas em que conseguiu criar espaços no ataque. O problema é que, no momento de decidir, tanto é capaz de fazer uma assistência como fazer um remate ou um passe disparatados. Bruno César fez um jogo globalmente positivo, concentrado defensivamente e participando frequentemente nas tarefas ofensivas, mas ficou ligado ao golo do Feirense: era o brasileiro que marcava Platiny, mas distraíu-se uma fração de segundo a reclamar fora-de-jogo, o que foi suficiente para o adversário lhe fugir.

A arbitragem - a equipa de arbitragem cometeu dois pequenos erros em lances que, mais tarde, dariam um dos golos do Sporting e o golo do Feirense: Alan Ruiz estava marginalmente adiantado (por um pé) quando recebe a bola - a jogada prosseguiria, com o argentino a parar, rodopiar e iniciar o movimento interior que estaria na origem do segundo golo do Sporting; assinalou ao contrário um lançamento lateral junto à área do Sporting, e, na sequência desse lançamento, o Feirense marcou. Para além disso, houve um fora-de-jogo mal assinalado num lance em que Gelson apareceria isolado na cara do guarda-redes.


A ausência do capitão - numa exibição coletiva que variou entre o muito bom e o muito mau, é fácil encontrar o momento que serviu de fronteira entre esses dois estados: a saída de Adrien, por lesão. Elias entrou para o seu lugar, mas não conseguiu manter o nível do meio-campo. Não que Adrien estivesse a fazer um grande jogo, bem entendido. Mas o brasileiro não conseguiu garantir duas "pequenas" coisas que Adrien assegurava: preocupação em dar linhas de passe no início da construção; e, conforme Jesus referiu na conferência de imprensa, a tal reação à perda. Elias não deu nem uma coisa nem outra, mas seria injusto colocar-lhe toda a responsabilidade pela péssima segunda parte, já que ninguém mais se "ofereceu" para ajudar a fazer esquecer a ausência do capitão.

Apetência para dar tiros nos pés - o passe disparatado de Beto para um adversário à entrada da área; o falhanço de Bryan Ruiz, que, isolado, decidiu fazer uma espécie de chapéu ao guarda-redes e não acertou na baliza; a perda de bola de Gelson, já nos descontos, que tentou driblar quando podia ter segurado a bola ou passado para um companheiro livre, e que originou um contra-ataque do Feirense, parado em falta por Elias, que lhe valeu o segundo amarelo. Três exemplos de situações que, bem resolvidas - e era facílimo resolver melhor -, podiam ter garantido uma vitória mais folgada ou, no mínimo, com menos calafrios. 



Nota-se bem a intranquilidade que vai na cabeça dos jogadores, fruto de tudo aquilo que tem acontecido. Esperemos que esta vitória ajude a estabilizar emocionalmente a equipa, agora que vai começar um ciclo terrível: nos próximos seis jogos, o Sporting joga 5 fora, incluindo deslocações ao Marítimo, Chaves (2x) e Porto.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Uma oportunidade que não se quis desperdiçar

Após a derrota do Benfica na Madeira, o jogo com o V. Setúbal revestia-se de uma importância extrema. Não só pelos três pontos em disputa, que muita falta podem fazer num campeonato que se espera disputado até ao fim, mas também pela possibilidade de nos aproximarmos à distância de um braço em relação ao líder - e com a possibilidade de lhes darmos outro valente puxão na próxima jornada. Era uma daquelas oportunidades que não se podia desperdiçar, e a equipa percebeu o que estava em jogo: entrou em campo mentalizada em aproveitar todos os minutos que o relógio lhe dava para resolver a questão a seu favor.




A exibição na primeira parte - apesar de não ter havido um rendimento constante, o Sporting registou períodos muito prolongados de domínio total, em que não permitiu que o V. Setúbal respirasse. Futebol envolvente e quase sempre prático com bola, pressão sufocante em todo o campo sem bola, encostando por diversas vezes o adversário às cordas, com as oportunidades de golo a sucederem-se desde o primeiro minuto. Dessas oportunidades, três foram convertidas por William, Dost e Bruno César, ainda que, por motivos que apenas Rui Costa poderá explicar, o Sporting tenha chegado ao intervalo a vencer apenas por 2-0. Quarenta e cinco minutos esmagadores, que, em condições normais, deveriam ter chegado para fechar todas as dúvidas em relação a quem saíria de campo com os três pontos, mas que, ainda assim, acabaram por ser suficientes para se encarar a segunda parte com tranquilidade.

Meio campo de luxo - William Carvalho, Adrien Silva, Bruno César e Gelson Martins foram os melhores do Sporting. Se os dois primeiros são indiscutíveis há vários anos, já Bruno César e Gelson estão a ser, na minha opinião, as grandes revelações do Sporting 2016/17. O brasileiro, pela sua polivalência e elevado rendimento em várias posições, conseguiu, contra as expectativas da maior parte das pessoas (eu incluído), conquistar o seu espaço no onze. Ontem, marcou um golo fabuloso de livre direto, enfiando a bola no canto da baliza - o único sítio onde Bruno Varela não podia chegar. Quanto a Gelson, esteve endiabrado na primeira parte e somou mais uma assistência à sua conta pessoal (já lá vão 7 passes para golo, liderando a tabela das assistências da Liga com mais 3 que o trio perseguidor, nos quais se encontra Bryan Ruiz). Não espanta que as três substituições feitas por Jesus tenham servido para descansar estes jogadores, tal é a sua importância atual na dinâmica defensiva e ofensiva da equipa. Ah, e William marcou de cabeça... 

Rui Patrício contra o frio - perdi a conta às vezes que vi Rui Patrício a fazer exercícios de aquecimento em pleno jogo, quando o Sporting se preparava para bater livres ou cantos junto à área do V. Setúbal. Parecia desesperado em participar no jogo, enfiando-se entre os centrais quando Coates ou Semedo tinham a bola, para se envolver quase à força na primeira fase de construção. Fora isso, praticamente não teve trabalho, mas na única ocasião de verdadeiro perigo para a sua baliza - num cabeceamento forte à entrada da pequena área -, efetuou uma enorme defesa. Espero que seja sinal de que a sua fase menos boa já ficou para trás.

A homenagem ao Chapecoense - muito bonitas as referências nas camisolas e o cântico dedicado pelas claques na segunda parte. Pena, apenas, que ainda existam pessoas que acham que se deve aplaudir durante o minuto de silêncio.



Algum facilitismo na segunda parte - a segunda parte do Sporting foi fraquinha, mas percebe-se que a equipa tenha preferido gerir o esforço e a vantagem do que acelerar o ritmo da partida à procura do terceiro golo - seguem-se dois jogos importantíssimos onde estarão em causa a continuidade nas competições europeias e o assalto ao primeiro lugar. É normal, como tal, que o Sporting tenha abrandado o ritmo e proporcionado ao V. Setúbal a possibilidade de ter a bola que nunca conseguiu ter na primeira parte, mas parece-me que houve algum relaxamento por parte de alguns jogadores, que se traduziu em passes errados e más abordagens a lances que, com níveis de concentração máxima, não teriam acontecido.

Os golos anulados - não se compreende o que viu Rui Costa nos dois golos anulados a Dost e a Coates. É verdade que, no caso do golo do uruguaio, se escreveu direito por linhas tortas, pois houve um domínio de bola com o braço antes de se iniciar a segunda vaga de ataque que daria origem ao golo, mas é impossível que o árbitro tenha visto o quer que seja de irregular após esse momento. No golo anulado a Dost, existe um braço que se eleva por cima do defesa que o marcava, mas não houve qualquer tipo de impedimento na disputa de bola. Muito pior foi o empurrão a Schelotto pelas costas em Guimarães que nos custou três pontos. Coincidências da vida.



Quem diria? Há menos de um mês estávamos a sete pontos da liderança, e o jogo da Luz perfilava-se no horizonte como sendo absolutamente vital para as nossas aspirações - perdendo, ficaríamos fora da luta pelo campeonato. Com a vitória de hoje, passámos a estar apenas a dois pontos e iremos jogar, não pela sobrevivência da nossa candidatura ao título, mas pela liderança. Faz lembrar a aproximação que o Benfica conseguiu, na época passada, em véspera de dérbi, após o nosso empate a 0 em Guimarães, e que se converteria em liderança, uma semana depois, em Alvalade. Que a história se repita no próximo domingo, mas com os papéis invertidos. Eu acredito.

domingo, 27 de novembro de 2016

Uma vitória para acabar com traumas recentes

Depois do afastamento da Liga dos Campeões, e face à desvantagem pontual para o Benfica no campeonato, era absolutamente imperioso que o Sporting saísse do Bessa com os três pontos no bolso. A tarefa era tudo menos fácil: num campo complicado (onde, há um ano, perdemos dois pontos), contra uma equipa muito batalhadora (apesar de muito desfalcada), que tentou desgastar o Sporting, desde o início, através de uma pressão intensa, de forma a tentar tirar proveito da ressaca do esforço dispendido contra o Real Madrid.

Convém não esquecer que o Boavista - que é sobretudo vista como uma equipa de pinos caceteiros -, estava, à partida para esta jornada, na metade de cima da classificação, já não perdia há 5 jogos (quando se deslocou ao Dragão), e é orientada por um bom treinador, Miguel Leal.

O Sporting soube impor-se desde cedo, foi a única equipa que causou perigo, e poderia ter vencido confortavelmente caso a eficácia na finalização tivesse sido superior. O único período de maior preocupação veio com a (incorreta, a meu ver) expulsão de Rúben Semedo, aos 83', mas o Sporting soube, então, adaptar-se às circunstâncias - revelando uma faceta que ainda não tinha demonstrado esta época: soube ser uma equipa cínica, usando, para variar, o antijogo em seu favor.

Uma vitória duplamente importante: pelos pontos conquistados, obviamente, mas também porque a equipa estava a precisar de ganhar um jogo em que fosse obrigada a sofrer até ao fim - para ajudá-la a ultrapassar traumas recentes de golos sofridos ao cair do pano.





A linha avançada, na primeira parte - Jesus optou (finalmente) por colocar Campbell no apoio a Dost, com Bruno César encostado à esquerda e Gelson a semear o caos pela direita. Foi uma aposta ganha, o que não é uma propriamente uma surpresa: estes quatro elementos têm demonstrado ser os melhores da equipa para cada uma destas posições. A mobilidade desta linha complicou as tentativas de marcação do Boavista, e, a partir dos 15 minutos, o domínio sportinguista foi avassalador, sucedendo-se as oportunidades e adivinhando-se o golo, que acabaria, finalmente, por surgir aos 25', após uma grande jogada de Gelson para uma bela finalização de Bas Dost. Já antes Dost tinha atirado ao poste, após bom entendimento com Campbell, e Gelson (que exibição!) tinha falhado o golo, na cara de Agayev, após grande passe de Dost. É verdade que, na segunda parte, o rendimento ofensivo caiu um pouco e as oportunidades foram mais espaçadas - destacando-se mais um grande trabalho de Gelson a servir Bruno César, para um remate à barra -, mas creio que Jesus encontrou finalmente o melhor onze.

Um Adrien para 90+90 minutos - pode-se perceber agora que, até à lesão, estávamos perante um Adrien a 70% da sua capacidade física. A paragem forçada pela lesão contraída em Guimarães permitiu uma intervenção cirúrgica para resolver um outro problema que o impedia de estar a 100% - eram notórias as dificuldades a partir dos 60 minutos, obrigando a uma gestão cuidadosa de esforço -, e, nesta semana, o capitão teve uma prova de fogo, que superou plenamente: foram 90 minutos de intensidade máxima frente ao Real Madrid, e, quatro dias depois, novos 90 minutos de grande qualidade, sobretudo defensiva. Se o Boavista não criou qualquer perigo em lances de contra-ataque, deve-se muito à rapidez com que Adrien cortou muitas dessas iniciativas. Justiça seja feita, ajudou o facto de estar acompanhado por um grande William Carvalho, que também fez uma excelente exibição.

Uma vitória para dar confiança - é evidente que teria sido melhor vencer por 3 ou 4, caso tivéssemos concretizado as ocasiões flagrantes de que dispusemos, mas também estávamos necessitados de ganhar um jogo apertado e em condições adversas, para ajudar a ultrapassar os resultados que deixámos escapar nos últimos minutos contra o Real Madrid (por duas vezes) e V. Guimarães. Perante a contrariadade da expulsão de Semedo, a equipa manteve-se tranquila e lúcida, como se pôde comprovar pela... (avancemos para o próximo ponto)

Excelente gestão dos últimos minutos - depois de Rúben Semedo ter sido expulso, o Sporting praticamente não permitiu que se jogasse mais. Não é bonito de se ver, mas a equipa fez aquilo que tinha a fazer, perante uma vantagem tangencial no marcador e a desvantagem numérica a que ficou sujeita para os últimos dez minutos de jogo. Rúben adiou o mais possível a saída de campo - o suficiente para que Paulo Oliveira pudesse entrar ainda antes da marcação do livre -, tivemos as clássicas câimbras do guarda-redes, demora na reposição da bola em jogo, e aproveitaram-se todas as oportunidades em posse para conduzir a bola para junta das bandeirolas de canto opostas à baliza de Rui Patrício e mantê-la lá tanto tempo quanto possível. Neste departamento, estiveram particularmente bem Marvin Zeegelaar e Bryan Ruiz, que queimaram metade dos cinco minutos de descontos em sucessivos cantos e lançamentos laterais. Fazia falta esta ratice. A repetir sempre que se registarem circunstâncias idênticas.

Last, but not the least - mais atrás, de registar o bom jogo de Coates (o que é um hábito) e de Marvin Zeegelaar. Em relação ao holandês, parece estar a recuperar a confiança perdida. Já tinha feito uma boa exibição contra o Real, e repetiu-a hoje. A insistência de Jesus no holandês parece estar, finalmente, a dar frutos.



"Pôs-se a jeito", o #@$%*& - foi muito ouvido por aí, no rescaldo do jogo com Real Madrid: o João Pereira não fez nada, mas pôs-se a jeito. E já adivinho que, com Rúben Semedo, muita gente volte a ter a mesma opinião - "não acertou no outro, mas já tinha amarelo, pôs-se a jeito". Lamento, mas não estou de acordo. Rúben Semedo entra de forma impetuosa, sim, mas em momento algum coloca em risco a integridade física do adversário, que não estava assim tão próximo. Pôr-se a jeito é quando se faz efetivamente algo que justifique a punição, porque os árbitros estão lá para fazer cumprir as leis. Jogo perigoso, sim, mas apenas isso. Quando um jogador não faz nada que justifique um cartão, não se está a pôr a jeito, está a... jogar. Aos 3', Carlos Santos cortou um ataque mais que prometedor com um pisão perigoso no calcanhar de Gelson (até o descalçou):



Carlos Santos "pôs-se a jeito" para jogar 87 minutos sem margem para se "pôr a jeito" outra vez, mas, para sua felicidade, Fábio Veríssimo não viu aqui qualquer motivo para cartão. Carlos Santos, que, por acaso, acabaria por ver mesmo um amarelo aos 30 minutos. O que aconteceu com Rúben Semedo não foi uma questão de "se pôr a jeito", foi apenas um caso evidente de dualidade de critérios (e existiram vários, durante os 90 minutos).



Missão cumprida, com o bónus adicional de ter valido o segundo lugar isolado, já que, de seguida, o Porto empataria em Belém. O ciclo infernal continua já esta quarta-feira, num jogo em Alvalade - que se prevê quentinho -, para a Taça da Liga, contra o Arouca.