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segunda-feira, 17 de maio de 2021

Os facilitadores da estrelinha, parte 1

Até há não muitos meses, quando o Sporting teimosamente resistia na liderança contrariando todos os prognósticos feitos por adeptos e especialistas, muitos explicavam os bons resultados do principal candidato ao 4º lugar com a famosa estrelinha. As escassas oportunidades consentidas aos adversários eram um acaso, a coesão e organização demonstradas em campo eram fruto das circunstâncias. Era, sobretudo, uma questão de sorte.

Curiosamente, Rúben Amorim não só não rebateu essa teoria - que, percebia-se bem, era uma forma de diminuir o seu trabalho -, como até abraçou de bom grado o discurso da estrelinha: provavelmente achou que só teria a ganhar em ser encarado como um outsider que, mais cedo ou mais tarde, acabaria por fraquejar, para além de que não tinha nada a perder em reclamar para si algo que, nos momentos decisivos, poderia mexer na cabeça dos jogadores a seu favor.

É verdade que se costuma dizer que não há campeões sem sorte, e que a estrelinha pode salvar a equipa em um, dois ou três resultados. Mas quando se começam a acumular os jogos resolvidos da mesma forma, o mais provável é que haja muito trabalho por detrás dessa sorte. E o tempo veio demonstrar que foi precisamente o que se passou neste caso. Aqui ficam, por nenhuma ordem em particular, alguns fatores que, na minha opinião, foram fundamentais para a conquista do campeonato.


Mensagem clara e coerente

Não sei como Rúben comunica dentro do balneário. Apenas tivemos um cheirinho no vídeo publicado pelo Sporting pouco depois da conquista do título, e foi arrepiante. Mas já temos 14 meses de conferências de imprensa e flash interviews que nos permitem concluir, sem margem para dúvidas, que Amorim é um comunicador absolutamente brilhante. As mensagens que transmite são certeiras, claras e duplamente coerentes: tanto no sentido da consistência ao longo do tempo, como também vão ao encontro daquilo que depois se observa em campo.

Exemplos? "Jogo a jogo", nunca poupando jogadores em risco de suspensão já a pensar em partidas teoricamente mais difíceis na jornada seguinte. "Vamos perder um dia, mas acreditamos que não será esta semana", e nunca se viu a equipa baixar os braços mesmo nas circunstâncias mais difíceis. "O céu até pode cair que não vamos mudar a forma de fazer as coisas", definindo um modelo ao qual foi sempre fiel, jogando com variantes subtis que foi desenvolvendo e adaptando em função das necessidades. "Não olhamos para o bilhete de identidade dos jogadores", lançando TTs e Inácios e Braganças e Essugos às feras. "Onde vai um vão todos" foi o lema da época, gerado espontaneamente num momento de contrariedade, que mobilizou jogadores, estrutura e adeptos à volta de um objetivo e de um ideal.

Para além disso, tem a inteligência para escapar a todas as perguntas com armadilha que lhe foram colocando, nunca caindo na tentação para menorizar ou provocar um adversário.

Costuma-se dizer que a palavra é uma arma, e Rúben manejou-a com mestria. Foi assim que conquistou o universo sportinguista e um grupo de trabalho que confia cegamente na sua liderança.


Uma linha defensiva primorosa

A coordenação da linha defensiva do Sporting é uma obra de arte. Um dos meus guilty pleasures nos jogos do Sporting tem sido observar o desespero dos avançados adversários quando percebem que foram apanhados mais uma vez em fora-de-jogo. 

Ainda mais extraordinário é verificar que essa coordenação se manteve irrepreensível independentemente das circunstâncias.  A linha é composta pelos três centrais e um lateral? Não há problema. Pelos três centrais e pelos dois laterais? É igual. Inácio está suspenso e entra Neto? Já todos sabemos a resposta.


Não ter vergonha de ser inteligente

Foram várias as situações de aperto em que a equipa percebeu que teria melhores hipóteses de obter um bom resultado oferecendo a bola ao adversário - algumas vezes descaradamente -, fruto da confiança inabalável do Sporting no seu processo defensivo e na sua capacidade de sofrimento. Tem o risco acrescido de deixar treinador e jogadores mais expostos à crítica, porque toda a gente - dos adeptos aos comentadores - prefere ver uma equipa a ter bola e a assumir as despesas do jogo.

Abdicar da iniciativa foi uma opção recorrente que, verdade seja dita, nem sempre acabou bem. Em alguns jogos, a equipa pareceu satisfeita com o 1-0 e acabou por permitir o empate. Mas, contas feitas no final, foram muito mais as situações em que a estratégia resultou: foi assim em Braga, em Faro, no Dragão, na final da Taça da Liga, e em várias outras partidas em que a equipa preferiu cerrar os dentes nos minutos finais e aguardar organizadamente as tentativas de ataque adversário do que se expor a transições mais arriscadas. Não é tão bonito, mas não há dúvida nenhuma de que foi mais inteligente.


Um matador improvável

Quando o Sporting contratou Pedro Gonçalves, o que mais me chamou a atenção nos vídeos que na altura circularam foi a classe na condução e a frieza na finalização nos lances dos golos que marcou a Benfica e Porto com a camisola do Famalicão. Estava longe de imaginar, no entanto, que fosse a máquina goleadora que permitiu ao Sporting atravessar quase ileso o primeiro quarto do campeonato, fase em que as dores de crescimento eram maiores por estar em curso a afinação de processos e entrosamento de um onze composto maioritariamente por jogadores recém-chegados ao clube.

Na 5ª jornada marcou os dois golos na vitória por 2-1 ao Santa Clara. A seguir picou o ponto no jogo em atraso da 1ª jornada contra o Gil Vicente. Depois marcou os dois primeiros golos na goleada ao Tondela e repetiu a dose em Guimarães. Voltou a bisar na vitória por 2-1 ao Moreirense e ainda abriria o marcador em Famalicão. 10 golos em 6 jogos que valeram muitos pontos e permitiram o Sporting lançar-se isolado numa liderança que não mais largaria.


Mentalidade ultracompetitiva

O Sporting teve, no passado recente, muitas equipas de qualidade com grandes jogadores. No entanto, salvo algumas exceções (como Bruno Fernandes), eram jogadores que se pareciam resignar demasiado facilmente quando as coisas não corriam bem. 

Nesta época assistimos à entrada de jogadores como Nuno Santos, Palhinha, Pedro Gonçalves e Porro que dão tudo em cada lance, ficam furiosos consigo próprios quando algum lance não lhes sai bem e parecem conseguir canalizar essa frustração à flor da pele para melhorar o seu rendimento e, com isso, dar também um abanão na equipa. Injetaram doses importantes de inconformismo que, a meu ver, foram fundamentais em vários momentos da época.


Duas estrelas nas faixas

Não havendo jogadores na frente muito fortes no 1x1, as responsabilidades de criação de desequilíbrios foram, muitas vezes, colocadas nos ombros de dois miúdos que tiveram uma época explosiva. Não é comum um lateral revelar-se como o jogador mais decisivo de uma partida, mas o Sporting teve dois que valeram muitos pontos: Pedro Porro, jogador com uma vertigem ofensiva que causa inveja a muitos extremos, e Nuno Mendes, um criativo que encontrou a sua zona de conforto junto à faixa esquerda. Para além disso, ambos são defensores competentes (especialmente Nuno) e têm um pulmão quase inesgotável.

Não foi por acaso que ambos chegaram a internacionais A nas respetivas seleções. Mendes e Porro, aos 18 e 21 anos são, facilmente, a melhor dupla de laterais que me lembro de ver jogar no Sporting.


(continua)

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Vitória, preocupações e recados

Finalmente uma vitória. Ganhar ao Braga era essencial. Não por ser o Braga, não pelos três pontos, não para não nos deixarmos atrasar mais em relação à liderança, não pela possibilidade de, ganhando em Portimão, aproveitarmos o resultado do clássico entre Benfica e Porto para recuperarmos ou ampliarmos distâncias. Era essencial ganhar porque, independentemente dos muitos problemas técnico-táticos que estão à vista de todos, o atual momento de intranquilidade potencia esses problemas e faz parecê-los ainda mais graves do que efetivamente são. Era fundamental recuperar alguma tranquilidade e confiança e, como tal, jogando bem ou mal, tínhamos de vencer ontem. Nesse sentido, a missão mais importante foi cumprida.

Os suspeitos do costume. Mais uma vez, o Sporting só existiu ofensivamente na medida do que a sua linha média foi capaz de produzir. Os desequilíbrios foram conseguidos quase exclusivamente pelos habituais Bruno Fernandes e Wendel e pelo lateral Acuña. Coates e Mathieu foram segurando as pontas como podiam (com preciosa ajuda de Neto nos últimos quinze minutos) e, mais uma vez, o patinho feio Renan salvou o dia com algumas defesas fulcrais (aquela aos 40’, após remate de Hassan na queima, foi absolutamente incrível). 

Inoperância na frente. É angustiante observar o rendimento dos homens mais adiantados. Luiz Phellype vale pelo esforço e pouco mais. Raramente tem bolas na área para finalizar, parcialmente por responsabilidades próprias no momento de decidir o que fazer quando é solicitado, mas sobretudo por não ser devidamente alimentado devido ao modelo de construção (?) que o treinador coloca em prática. Raphinha está num momento de forma terrível. Não consegue ganhar duelos, não cria desequilíbrios, não finaliza em condições. Ontem defendeu a passo, deixando várias vezes Thierry completamente exposto no nosso flanco direito. Diaby foi Diaby. Mais um jogo sem qualquer ação positiva de registo, mais um momento para os apanhados que deixou meio estádio a rir quando se atrapalhou ao tentar fazer um nó a um adversário, e não há uma alma à face da Terra para além de Keizer que consiga entender como é possível que, depois de tão consistentes demonstrações de incapacidade, o maliano continue a fazer parte das contas do onze. Ou que tenha um minuto de utilização que seja. 

Treinador às aranhas. É verdade que Keizer não tem muitas alternativas de qualidade disponíveis. Camacho e Plata estão verdes e alguma coisa está mal na construção do plantel quando Raphinha, que tem apenas 22 anos e um ano de experiência a este nível, é o extremo de referência da equipa. A 11 dias do fecho do mercado, temos apenas dois pontas-de-lança, um dos quais jogava na segunda divisão há meses, e em que o outro foi contratado para substituir Bruno Fernandes. Mas isso não justifica tão pouco futebol e o problema não está apenas nos jogadores. Keizer diz que gosta de Dost mas não foi capaz de tirar rendimento do holandês, não é capaz de dar jogo a Luiz Phellype, não vê a mobilidade e técnica de Vietto como solução, e aparentemente também acha que Slimani não é o ponta-de-lança ideal. Perante quatro tipos de avançados de características bastante diversas e nenhum serve para o treinador… então quem servirá? 

Recados à estrutura. Na conferência de imprensa, Keizer deixou soltar um desabafo sobre a forma como (não) foi consultado sobre a saída de Dost, lamentando-se da sua saída. Depois dos comentários anteriores sobre Matheus Pereira e Vietto, fica mais ou menos claro que não existe entendimento entre o treinador e a estrutura de futebol sobre as movimentações de jogadores. Se não se entendem sobre quem sai, se não se entendem sobre quem entra… então como podemos nós, os adeptos, acreditar que existe um fio condutor, consistente e lógico, na preparação da época, na construção do plantel e na globalidade do trabalho realizado? 

Se, se, se. Reencontrámos as vitórias, mas os sinais de preocupação não se dissiparam. SE Rosier trouxer mais estabilidade ao flanco direito, SE Doumbia começar a compreender melhor as compensações que tem de fazer, SE Wendel conseguir aguentar mais de 60 minutos, poderemos ter condições para atenuar o caos defensivo que temos observado. SE conseguirmos manter Acuña a lateral, SE contratarmos um extremo a sério para entrar no onze ou SE conseguirmos começar a tirar algum rendimento de Camacho e Plata, SE contratarmos um ponta-de-lança que encaixe no quer que Keizer idealiza para o nosso jogo, poderemos ter condições para sermos um conjunto verdadeiramente ameaçador em ataque continuado e em contra-ataque. SE o treinador conseguir desembrulhar a confusão que parece ter no cérebro, SE a estrutura estabelecer as prioridades certas para a época… pode ser que se consiga fazer alguma coisa desta época.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Balanço da época, nº 3: GR e defesas



Renan Ribeiro: ** 

Chegou no final da pré-época a pedido de José Peseiro para lutar por uma posição que já estava bastante preenchida. Acabou por ganhar o lugar após a lesão de Salin em Portimão, já na fase terminal do ex-treinador. 

Sem estar ao mesmo nível, Renan replica as qualidades e defeitos de Rui Patrício: forte entre os postes e no um contra um, mas com carências nos cruzamentos e no controlo da profundidade. A época de estreia em Alvalade foi definitivamente positiva, sobretudo graças aos dois títulos que ajudou a conquistar em três séries de penáltis, mas também pela qualidade e regularidade das suas exibições ao longo da época. Cometeu os seus erros, é certo, mas não me recordo de Renan nos ter custado quaisquer pontos. Ao invés, os seus reflexos e agilidade ajudaram a segurar vários resultados. 

Aceito que se diga que o Sporting deve ambicionar ter como titular um guarda-redes mais completo, mas, havendo tantas carências no plantel, diria que o reforço da baliza está longe de ser uma das prioridades para este verão. 


Salin: ** 
2017/18: - 

Iniciou a época como titular após a inesperada lesão de Viviano no aquecimento em Moreira de Cónegos, acabando por perdê-la também por lesão em Portimão. A partir daí, teve uma utilização esporádica, dividida pelas várias competições. Distingue-se pela positiva em relação a Renan ao nível do controlo de profundidade – muito mais rápido a ler a situação e a sair dos postes –, mas falha ao nível da regularidade. Ainda assim, cumpriu sempre que chamado, e teve o seu momento alto da época na enorme exibição realizada na Luz. 

Salin dá garantias suficientes para assumir o papel de segundo guarda-redes, mas suponho que a sua continuidade esteja dependente dos planos que a estrutura tiver para Max. 


Viviano: - 

Um dos mistérios de 2018/19. Tinha currículo, demonstrou qualidade na pré-época, teria sido titular na jornada inaugura não fosse a lesão no pescoço… mas acabou por não realizar um único minuto oficial que fosse no Sporting. Não foi opção nem para Peseiro, nem para Tiago Fernandes nem para Keizer, pelo que o seu empréstimo em janeiro acabou por não surpreender. 

O elevado salário que aufere faz da sua saída um dado praticamente adquirido. Resta saber se o clube conseguirá recuperar parte ou a totalidade do investimento feito há um ano. 


Luís Maximiano: - 

Não jogou, mas devia ter jogado – nem que fosse um ou dois jogos no campeonato, em Alvalade, a partir do momento em que o terceiro lugar na classificação ficou definido. 

Não pode continuar no Sporting no papel de 3º guarda-redes. Ou passa a 2º ou tem de ser emprestado para jogar. 


Bruno Gaspar: * 

Um erro de casting. Não só por ser macio a defender e inconsequente a atacar, mas, sobretudo, pela incapacidade demonstrada em coisas tão básicas como fazer a receção de um passe ou medir a força com que deve adiantar a bola em condução. Depois do que fez em Guimarães, não me parece que seja um jogador tão mau tecnicamente como pareceu ser durante esta época, pelo que suponho que tenha havido algum fator psicológico a afetar (seriamente) o seu rendimento. 

Seja como for, não tem lugar no plantel em 2019/20. Esperemos que a SAD consiga recuperar uma boa fatia dos 4,5 milhões investido. 


Stefan Ristovski: ** 
2017/18: ** 

Uma época marcada por três expulsões injustas que custaram quatro pontos ao Sporting e deixaram o jogador de fora das duas mãos da meia-final da Taça com o Benfica e da final da Taça com o Porto. Titular indiscutível sobretudo por causa da falta de concorrência, correspondeu de forma satisfatória ao que dele era exigido. 

Salvo alguma surpresa, permanecerá no plantel da próxima época – desejavelmente, mais no papel de alternativa do que no de titular. 


Thierry Correia: - 

Bons indicadores dados nas duas ocasiões em que foi utilizado na Liga Europa. No entanto, não me parece que o Sporting fique suficientemente apetrechado em 2019/20 apenas com o jovem Thierry e com Ristovski. Parece-me que o mais benéfico para todos será a sua cedência a um clube da I Liga para ganhar muitos minutos. 


Jefferson: * 
2016/17: * 
2015/16: * 
2014/15: ** 
2013/14: ** 

Só mesmo José Peseiro para achar que Jefferson tinha qualidade para estar no plantel e – pior – para ser titular. Não tardou até que Peseiro se apercebesse do erro: ao fim de quatro jornadas saiu do onze, apenas voltando a ser opção em caso de indisponibilidade de Acuña e, mais tarde, de Borja. 

Tem mais um ano de contrato, mas é muito pouco provável que continue. Ao fim de seis épocas no clube, seria bom para todos que a boa exibição na final da Taça, alinhando fora de posição, fosse a imagem final com que os sportinguistas fiquem de si. 


Cristián Borja: ** 

Boa contratação de inverno. Precisou de pouco tempo para a posição, libertando Acuña para o seu lugar original. Forte defensivamente, quer na capacidade de antecipação quer na utilização do físico para controlar os adversários, acabou por ser uma solução inesperada para jogar como 3º central. Sabe sair a jogar, mas falta-lhe acutilância ofensiva. O Sporting continua a precisar de um lateral esquerdo capaz de criar desequilíbrios e competente a cruzar. 


Lumor Agbenyenu: - 
2017/18: - 

Voltou a não ser opção. Fez apenas 90 minutos nos Açores, assinando uma boa exibição, e fez 28 minutos na derrota caseira com o Estoril que ditou o despedimento de Peseiro. Tem mais três anos de contrato, pelo que será mais um problema para Hugo Viana resolver durante o defeso. 


Sebastián Coates: *** 
2017/18: ** 
2016/17: *** 
2015/16: *** 

Numa época em que a consistência defensiva foi um problema, não se pode apontar o quer que seja a Coates. O uruguaio foi muito mais vítima do que culpado: teve que ser demasiadas vezes bombeiro de serviço para resolver os problemas que a nossa lateral direita lhe criava e para compensar as dificuldades de adaptação de Gudelj para o papel de médio defensivo. Com Mathieu ao lado, formou uma dupla de centrais muito sólida – provavelmente o setor mais forte da equipa na globalidade da época. Para além da importância defensiva, viu-se muitas vezes “obrigado” a tentar criar desequilíbrios na frente face à ausência de um meio-campo que o fizesse. 

Com a contratação de Neto e a renovação de Mathieu, a continuidade de Coates não estará 100% garantida, mas acredito que só mesmo uma proposta irrecusável poderá levar o uruguaio a abandonar o Sporting. 


Jérémy Mathieu: *** 
2017/18: *** 

Só não foi o MVP do plantel porque Bruno Fernandes fez uma época estratosférica. Aos 35 anos, o francês esteve a um nível absurdamente elevado: a classe com que defende e constrói e a superior mentalidade competitiva coloca-o ao nível dos melhores centrais que já vi atuar no Sporting. Curiosamente ou talvez não, o pior período da época do Sporting coincidiu precisamente com o período em que Mathieu esteve indisponível por lesão. Um líder em campo e um esteio da equipa que, com toda a justiça, viu o contrato ser renovado e será integrado no grupo de capitães na próxima época. 


André Pinto: * 
2017/18: ** 

Época irregular quer ao nível de utilização quer ao nível da qualidade das exibições. É um central perfeitamente fiável em determinadas circunstâncias – nomeadamente quando a equipa é forçada a jogar em bloco mais baixo -, mas não é daqueles jogadores capazes de compensar as carências dos jogadores que o rodeiam. 

As suas características e salário tornam muito improvável a sua continuidade em 2019/20. 


Marcelo: -

Não conseguiu mostrar qualidades que justificassem a sua contratação. Vendido sem surpresa no mercado de inverno.


Tiago Ilori: * 

Contratação surpreendente e mal acolhida pela maior parte dos adeptos. Foi a jogo apenas por oito vezes, e não foi por Ilori que o Sporting perdeu pontos. Bom timing de corte fazendo uso da sua velocidade, pecou sobretudo por um ou outro lapso de concentração quando tinha a bola nos pés. 

O que fazer agora com Ilori? Parece-me insuficiente para titular, e presumo que seja demasiado caro para ser 3º/4º central. Havendo Coates, Mathieu e Neto, e estando Ivanildo e Domingos Duarte no ponto para serem a 4ª opção, não vejo que lugar haverá para Ilori continuar em Alvalade. 

quinta-feira, 4 de abril de 2019

A Lei de Bruno

Observar a época de Bruno Fernandes e dizer que o capitão é o abono de família do Sporting é um eufemismo. Bruno não é apenas o abono de família. Bruno é o salário que cai na conta no final do mês, Bruno é o subsídio de férias, Bruno é a moeda de 1 euro que se encontra no passeio, Bruno é o valor devolvido no IRS após entregue a declaração anual. É a raspadinha e é a lotaria. É muito bonito dizer que o futebol é um desporto coletivo, mas se o Sporting carimbou a presença no Jamor, deve-o, sobretudo, ao génio que tem carregado e continua a carregar esta equipa às costas. 

Numa noite em que, apesar de as bancadas se terem apresentado demasiado despidas para a importância da ocasião, os presentes - começando por uma curva sul muito mais bem composta do que tem sido norma esta época - proporcionaram um excelente ambiente que ajudou a equipa do princípio ao fim a agarrar-se com unhas e dentes ao último objetivo da época. Com todas as limitações que se conhecem, há que fazer justiça a todos os jogadores pelo esforço e ao treinador pela estratégia montada: viu-se um Sporting muito agressivo e pressionante sem bola que conseguiu se bastante eficaz a impedir o Benfica de executar as suas temíveis transições - jogar ao ritmo de uma partida por semana tem a óbvia vantagem de proporcionar uma maior disponibilidade física que pode fazer a diferença em momentos destes.

Grande jogo de Acuña - como peixe na água neste futebol mais lutado de que jogado -, o trio de centrais composto por Mathieu, Coates e Borja - e Ilori, mais tarde - esteve sempre num excelente nível, e Gudelj fez um dos melhores jogos desde que está no Sporting. Mas, claro, o grande destaque tem de ser dado a Bruno Fernandes: depois de nos ter mantido vivos na 1ª mão com a bomba de livre direto, Bruno resolveu ontem a eliminatória com um missil ao ângulo... com o pé esquerdo.


Bem pior esteve o árbitro Hugo Miguel, que não assinalou um penálti por braço na bola de Rúben Dias e aplicou um critério disciplinar errático que irritou os jogadores das duas equipas.

É uma vitória importante que ajudará a equipa a manter-se focada até ao final da época. Psicologicamente, também me parece importante termos conseguido vencer o Benfica após dois jogos em que o nosso rival foi claramente superior. No entanto, continuamos apenas com uma Taça da Liga ganha. É fundamental que continuemos a época em crescendo até final de forma a chegarmos a 25 de maio nas melhores condições para conquistar o segundo troféu da época.

domingo, 10 de março de 2019

Uma questão de prioridades

Ontem, no Bessa, havia três pontos para ganhar e os três pontos foram conquistados. Apesar de a "luta" pelo 3º lugar ser algo que não aquece nem arrefece, é importante ir amealhando todos os pontos em disputa de forma a não agravar a crise desportiva que atravessamos. Nesse sentido, a vitória de ontem, apesar de sofrida, foi uma missão cumprida. No entanto, ir ganhando não é suficiente. É fundamental aproveitar os jogos do campeonato que nos restam para ir lançando, na medida do possível, a próxima temporada - desenvolvendo jogadores, ambientando os reforços às particularidades do futebol português, e evitar a utilização daqueles que já se sabe que não farão parte do plantel de 2019/20.

Infelizmente, parece faltar ao futebol do Sporting uma estratégia a médio prazo face à ausência de objetivos relevantes a curto prazo. Ou - igualmente preocupante - a estrutura de futebol do Sporting poderá ter uma estratégia definida nesse sentido, mas, nesse caso, Keizer não estará a colaborar na sua implementação. Seguem-se dois exemplos.

Primeiro, Gudelj. Foi novamente titular e, para não variar, foi uma espécie de elemento neutro no coletivo: não só defende sofrivelmente como não acrescenta nada ao ataque, ao ponto de Coates e Mathieu terem sido mais úteis e incisivos na manobra ofensiva. João Pinheiro fez-nos o favor de amarelar o sérvio num lance que não justificava qualquer cartão, assegurando, assim, que ficará de fora por suspensão contra o Santa Clara. Ao invés, Doumbia - que, em teoria, veio em janeiro para reforçar o nosso meio-campo defensivo - teve uns míseros quinze minutos para mostrar serviço. Mais uma vez aproveitou-os bem, deixando-me (e seguramente a muitos outros sportinguistas, nos quais, aparentemente, não se inclui o treinador) com vontade de o ver mais tempo em campo.

Segundo, as opções de ataque para o Bessa. Dost ficou em Lisboa por lesão. Luiz Phellype foi titular à força e ficámos com Diaby como primeira opção de banco para ponta-de-lança e extremo. Esta última frase, de tão deprimente que é, demonstra bem a falta de soluções que temos na frente. Para mim, é inconcebível que Diaby - um flop caríssimo - fique no Sporting na próxima época e que Luiz Phellype seja mais do que uma terceira opção para ponta-de-lança. Em Portugal, a receita para o título obriga à existência de dois avançados titulares que valham 15 ou mais golos por época e, neste momento - considerando o fosso psicológico em que Dost está metido - o Sporting não tem nenhum. Mas não faria mais sentido ter-se levado ontem um ponta-de-lança dos sub-23 para o banco, em vez de lá termos dois centrais (André Pinto e Ilori)? 

Voltando ao jogo. Mesmo jogando com menos dois (e menos três a partir dos 75'), o Sporting fez mais do que o suficiente para ganhar ao Boavista e justificou a vitória. Depois de se ver a perder desde praticamente o início do jogo em mais um lance digno dos apanhados, a equipa de Keizer dominou a partida por completo e criou variadíssimas oportunidades para marcar. A indefinição no marcador até ao fim apenas se explica pelas tais carências no ataque: o Sporting fez 22 remates, 15 dos quais dentro da área, o que significa que chegou com muita facilidade à área de Bracalli mas que falhou redondamente no momento da finalização. Frente a um Boavista tão frágil, não deveria ter sido necessário recorrer ao tempo de descontos para consumar a reviravolta no marcador.

Em relação às exibições dos nossos jogadores, destaques positivos para Acuña (a raça pode ser uma qualidade valiosa quando a falta de confiança emperra os processos coletivos), Coates (foi capaz de desequilibrar em condução, à falta de médios que fizessem o mesmo), Raphinha (a espaços, é certo, mas foi decisivo no resultado), Mathieu (que falta nos fez a sua classe nas últimas semanas), Borja (mais um bom jogo, confirmando que é reforço) e Doumbia (no pouco tempo que esteve em campo).

O penálti que nos deu a vitória é polémico. Eu não o teria assinalado - não vi intensidade suficiente no toque de Edu Machado sobre Raphinha -, mas também não teria assinalado uns seis ou sete lances idênticos a meio-campo que João Pinheiro considerou falta. O árbitro manteve o (mau) critério que seguira até então e o VAR não tinha poder para reverter a decisão. Dispensa-se, no entanto, o rasgar de vestes dos indignados que, aparentemente, andam distraídos e não têm reparado nas inqualificáveis arbitragens que têm prejudicado o Sporting de novembro para cá.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Entrincheirados

Entrincheirados. Contra uns gunners de reserva, Tiago Fernandes demonstrou ambição e arrojo ao apostar em Miguel Luís em vez de Petrovic no lugar que era de Battaglia. Queria uma linha média capaz de trocar a bola e estabelecer-se no meio-campo adversário, procurando sair com a bola jogável. No entanto, a realidade sobrepôs-se às boas intenções do técnico interino: a pressão alta do Arsenal anulou facilmente as nossas iniciativas com bola, acabando a história do jogo por se resumir a um Sporting enfiado na área sem capacidade para ameaçar a baliza de Petr Cech. Valeu-nos a disciplina tática e o espírito de sacrifício dos jogadores, que nos proporcionaram um resultado indiscutivelmente positivo face às circunstâncias. Ou seja, resumindo: foi mais um jogo à Peseiro, mas sem a parte do pé-frio.


Disciplina na resistência - o jogo teve um único sentido. Mesmo sendo verdade que o Arsenal não carregou demasiado na procura do golo, dominou claramente o jogo e encostou o Sporting à sua área. Ainda assim, foram poucas as situações realmente aflitivas: a disciplina tática e concentração dos nossos jogadores permitiu-nos anular quase todas as iniciativas inglesas. Destaque para Coates e Mathieu - que mesmo na expulsão esteve bem, evitando um mal maior -, e para a tranquilidade de Renan dentro e fora dos postes.

Coragem debaixo de fogo - a aposta em Miguel Luís faz todo o sentido numa perspetiva de futuro imediato. Querer sair a jogar em vez de recorrer ao chutão para a frente, também. Não resultou porque não há tempo de treino suficiente que anule os meses de vícios peseiristas, e há que reconhecer que o nível do adversário não ajudava ao sucesso da estratégia. Tiago Fernandes preferiu arriscar em vez de perder mais tempo, e fez muito bem. Mereceu a felicidade do resultado alcançado.

Invasão de Londres - absolutamente incrível o apoio dos sportinguistas que se deslocaram ao estádio. Foram enormes!



Cessar-fogo unilateral - 0 remates à baliza em 180 minutos contra o Arsenal é uma estatística aterradora que demonstra bem o estado atual do futebol do Sporting. Contam-se pelos dedos das mãos as vezes que conseguimos fazer 5 passes no meio-campo inglês. O momento mais angustiante foi vivido no único canto que conquistámos: em vez de tentarmos aproveitar a presença de Dost, Coates e Mathieu na área, optámos por marcá-lo de maneira curta, com passes sucessivos para trás até chegar ao círculo central, de onde bombeámos para... um fora-de-jogo. Ou seja, mais uma vez fomos completamente inofensivos e o empate acaba por ser um prémio que, do ponto de vista ofensivo, nada fizemos por merecer.

Missing In Action - ninguém pode pôr em causa o esforço dos jogadores durante os 90 minutos, mas não podemos ficar satisfeitos apenas com o empenho. A verdade é que, esforço e disciplina tática defensiva à parte, houve vários jogadores que foram uma completa nulidade. O flanco direito formado por Bruno Gaspar e Diaby funcionou terrivelmente - ofensivamente não me lembro de nenhuma incursão que chegasse ao último terço adversário, e defensivamente foi o local por onde o Arsenal conseguiu encontrar mais facilidades -, Bruno Fernandes continua a léguas daquilo que sabe fazer e teve a agravante de ter feito o atraso disparatado que provocou a expulsão de Mathieu -, e Montero foi incapaz de segurar uma bola e de utilizar os (poucos, admito) apoios que iam aparecendo. Tudo junto, não admira que tenhamos passado 90 minutos enfiados na nossa área.



O empate acaba por ser um excelente resultado, não só pela conjuntura atual do Sporting, não só pela forma como a partida decorreu, mas também pelo vitória surpreendente do Qarabag na Ucrânia, que nos coloca com pé e meio na fase seguinte da Liga Europa.

domingo, 26 de agosto de 2018

Tranquilidade debaixo de fogo

Já há alguns anos que não nos deslocávamos à Luz com um grau de favoritismo tão reduzido. Começando com a diferença de andamento entre Sporting (dois jogos oficiais e uma pré-época coxa) e Benfica (cinco jogos oficiais, incluindo três para as pré-eliminatórias da Liga dos Campeões), as lesões de Dost e (principalmente) de Mathieu, a indefinição na baliza após a lesão de Viviano em Moreira de Cónegos, e acabando nas fracas exibições que realizámos até agora em oposição a um rival capaz de chegar às balizas adversárias com relativa facilidade, tudo apontava para um final de tarde bastante complicado.

Felizmente o jogo acabou por não ser tão difícil quanto julgava à partida. Ainda que o Benfica tenha estado por cima do jogo durante mais tempo, o Sporting fez uma exibição bastante competente do ponto de vista defensivo e soube ser venenoso nas poucas vezes que conseguiu ter espaço para atacar a baliza de Vlachodimos e, inclusivamente, chegar à vantagem no marcador. Infelizmente, e à semelhança do que aconteceu na época passada, não conseguimos segurar a vitória, sofrendo perto do fim um golo que o Benfica fez por justificar.




Herói improvável - esperava que José Peseiro entregasse a baliza a Viviano ou Renan após o erro de Salin na jornada passada, mas o treinador acabou por manter o francês no onze. Em boa hora teve essa coragem, porque Salin fez uma exibição irrepreensível apesar do muito trabalho a que foi sujeito. Se o Sporting trouxe um ponto da casa do rival, deve-o à prestação de um guarda-redes a quem há umas semanas tinha dado guia de marcha. Ironias da vida.

O onze escolhido por Peseiro - José Peseiro já estava obrigado a mexer na equipa devido às ausências de Mathieu e Dost por lesão, mas decidiu ir mais além: colocou André Pinto ao lado de Coates, puxou Acuña para o centro do terreno, colocando Nani na esquerda e Raphinha na direita no apoio a Montero. As opções resultaram. A dupla Battaglia/Acuña funcionou bastante melhor do que as apostas anteriores em Petrovic e Misic, sendo que os extremos conseguiram dar o apoio defensivo necessário aos laterais. É justo referir que Jefferson esteve bastante concentrado e Ristovski, fora o lance do golo em que foi batido por João Félix, realizou uma excelente exibição. Bruno Fernandes foi também importante no equilíbrio defensivo, acabando por sacrificar muita da habitual influência ao nível ofensivo. Mesmo nunca tendo dominado, o Sporting raramente se deixou controlar até ao golo de Nani. Depois disso, no período em que o Benfica efetivamente encostou o Sporting à sua área, o melhor indicador de todos: a equipa revelou um nível de estabilidade emocional que me surpreendeu, mesmo nos momentos de maior pressão.

Boas indicações - Raphinha teve a sua estreia a titular e fez bom uso dos poucos momentos com bola que teve. Peseiro decidiu levar os talentos de Acuña para o centro do terreno durante os 90 minutos, e o argentino não se deu mal. André Pinto teve uma exibição bastante eficaz ao lado do imperial Coates (que jogo do uruguaio!), fazendo com que os sportinguistas não se lembrassem de Mathieu durante os 101 minutos da partida. 

Arranque acima das expectativas - um conjunto de circunstâncias faziam com que este arranque de época fosse previsivelmente penoso: a sangria que sofremos com as rescisões, o plantel desequilibrado, a pré-época aos soluços com um nível de competitividade muito aquém do necessário, reforços para lacunas importantes a serem concretizados com a época oficial já em andamento, a que se juntaram ontem lesões em jogadores-chave numa partida de elevado grau de dificuldade contra um adversário com um ritmo competitivo bastante superior em virtude do dobro dos jogos a doer que já realizaram. Ao nível exibicional, o arranque da época foi efetivamente penoso, mas, felizmente, os resultados não têm sofrido do mesmo mal: sete pontos nas primeiras três jornadas incluindo uma deslocação à Luz é um arranque que tem de ser considerado positivo face a tudo o que referi anteriormente. Resta agora a receção ao Feirense para terminar este primeiro ciclo de jogos. Sendo quase certo que a qualidade de jogo não irá melhorar significativamente até sábado, a verdade é que se conseguirmos mais três pontos, ficam criadas as condições ideais para que Peseiro aproveite as três semanas seguintes sem campeonato para integrar os jogadores recém-chegados e trabalhar os processos coletivos, que nos permitam depois atacar os desafios de outubro e novembro com uma equipa bastante mais sólida.



A substituição - Peseiro apenas mexeu na equipa aos 78' retirando o apagado e desgastado Bruno Fernandes para meter Petrovic. Percebe-se a vontade em segurar o resultado, mas o efeito da troca foi convidar o Benfica a instalar-se no nosso meio-campo. Não foi por culpa direta de Petrovic, mas a verdade é que resistimos apenas 6 minutos após a substituição. 

A CG na tribuna presidencial da Luz, as declarações exclusivas da CG à BTV, e a conferência de imprensa improvisada de Cintra no final do jogo - para já fica só a nota sobre os momentos degradantes e humilhantes que vivi ontem enquanto sportinguista. Falarei mais em detalhe sobre isto nos próximos dias. 



MVP - Salin

Nota artística - 2

Arbitragem - Bom trabalho de Luís Godinho. Cometeu alguns erros de menor importância, mas esteve muito bem no penálti assinalado e teve um critério disciplinar consistente. Os seis minutos de descontos (que depois se converteram justificadamente em onze) foram exagerados, considerando que não houve muitas paragens e que o Sporting apenas realizou uma substituição até ao momento em que a placa do 4º árbitro foi levantada.



Mais uma vez, o resultado foi melhor do que a exibição - mas a verdade é que se me tivessem oferecido este resultado antes de o jogo ter começado, teria aceitado sem hesitações. E, claro, é bem melhor estar a escrever isto do que a lamentar-me de que merecíamos um melhor resultado face a uma boa exibição realizada. A bem das aspirações que temos para o campeonato, há muitas coisas que têm de ser corrigidas... mas há tempo para isso, e é muito mais fácil fazer essas correções em cima de bons resultados.

De qualquer forma, foi um bom sábado: não estava nada à espera que o Sporting passasse a noite como um dos líderes do campeonato. 

domingo, 19 de agosto de 2018

À falta de quem jogue, haja quem seja decisivo

Costuma dizer-se que quando se mantém determinada fórmula, é irrealista esperar resultados diferentes. A frase nem sempre se pode aplicar ao futebol devido às muitas variáveis que existem (nível do adversário, incidências do jogo, local da partida) mas, no caso de ontem, serviu que nem uma luva. Peseiro apostou num onze muito semelhante ao de Moreira de Cónegos e, mais uma vez, arrancou uma vitória suada apresentando uma qualidade de jogo paupérrima.

Foto: José Cruz / Jornal Sporting




À falta de quem jogue, haja quem seja decisivo - num jogo tão fraquinho, em que é difícil destacar qualquer exibição individual, a figura tem de ser, inevitavelmente, o jogador que marcou os dois golos. O primeiro num remate venenoso de fora da área, o segundo num cabeceamente fulminante a concluir uma excelente jogada coletiva que envolveu também Acuña, Bruno Fernandes e Jovane. Por falar em Jovane, mais uma vez entrou e não tardou a ser decisivo (mais uma vez). O cruzamento que fez para Nani saiu com o nível de tensão certo para ser só encostar a cabeça e apontar a direção. Mais uma vez, aproveitou muito bem a oportunidade que teve.

Pau para toda a obra - perante os equívocos na formação do onze (ver mais à frente), Mathieu e Coates têm de ser centrais e médios de construção. Em ataque organizado (ok, se calhar organizado é termo que não se aplica) chegaram à área mais vezes do que o par de médios que está estacionado à sua frente. Que se mantenham saudáveis ao longo da época, porque está visto que a sua atitude e compostura serão fundamentais para a equipa.

O ambiente em Alvalade - a assistência foi melhor do que esperava, considerando a queda das vendas de Gameboxes, e não houve episódios relevantes de divisão, o que era sempre um receio justificável sendo o primeiro jogo oficial em casa. Tirando alguns assobios de impaciência em determinados momentos pelo mau futebol praticado, foi uma noite com um excelente ambiente de apoio à equipa.




Equívocos e mais equívocos no onze - temos um miolo (seja com Petrovic, Battaglia ou Misic) que não constrói, sem capacidade de passe e sem capacidade de transportar bola perante um adversário próximo, acabando por ser os centrais a tentar compensar essa lacuna; faltam-nos extremos velozes e desequilibradores, encostando um Nani que pode render muito mais no meio e um Acuña (que está no bom caminho para se transformar no Bruno César do Sporting 2018/19) que muita falta nos faz como lateral; por falar em lateral esquerdo, Jefferson fez mais um jogo pavoroso. Nada que não se tivesse visto na jornada anterior mas, ainda assim, perante o nosso público e um adversário teoricamente inferior, Peseiro decidiu avançar com a mesma abordagem conservadora, que se aceita num jogo como o da próxima jornada, mas é incompreensível em casa contra o V. Setúbal. Mas o pior é que essa abordagem conservadora se enquadra num cenário de anarquia tática em que pouca gente parece saber aquilo que tem para fazer. Ganhámos na semana passada e ganhámos ontem porque temos melhores jogadores. Mas ou as coisas melhoram muito, ou não tardará que comecemos a perder pontos com demasiada frequência. 

O erro de Salin - esteve mal no golo do V. Setúbal, ao largar uma bola fácil que acabaria por ir parar aos pés de Zequinha, complicando um jogo que até tinha começado bem. Será importante que Viviano recupere para o jogo da Luz.

A lesão de Dost - que não seja grave e que regresse rapidamente. Montero não entrou mal (pelo menos ajudou a ligar setores), mas pode ser muito problemático se perdermos o único finalizador que temos no plantel.



MVP - Nani

Nota artística - 2

Arbitragem - Os jogadores não complicaram e Manuel Oliveira também não. Sem erros graves e sem influência no resultado. Fosse sempre assim.



Essencial: seis pontos em seis possíveis. A corrigir ASAP: zero exibições decentes em duas possíveis, contra adversários de nível inferior. Preocupação: visita à Luz na próxima semana; a jogar assim, vamos precisar de ter a mesma sorte que tivemos na época passada... caso contrário arriscamo-nos a passar uma noite muito complicada.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Balanço de 2017/18: GRs e Defesas


Rui Patrício: *** 
2016/17: **
2015/16: *** 
2014/15: *** 
2013/14: ***


Melhor época de sempre. Não seria tarefa fácil compilar os melhores momentos de Rui Patrício ao longo deste ano, tantas foram as ocasiões em que impediu golos que pareciam inevitáveis. Imperial entre os postes e no 1 contra 1, conseguiu desenvolver suficientemente o seu jogo de pés e a saída aos cruzamentos para os deixarmos de ver como fraquezas. O único ponto fraco do seu jogo que resta é o controlo da profundidade, mas isso não invalida que seja neste momento um enorme guarda-redes. A infelicidade na Madeira que acabou com as ténues esperanças que ainda existiam para acabar em segundo lugar e a desoladora saída em lágrimas no Jamor foram um final tremendamente injusto face à quantidade de vezes que nos salvou ao longo da época. É possível que a sua história no Sporting tenha chegado ao fim, o que torna tudo ainda mais amargo - não só pela forma como tudo acabou, mas também porque o segundo jogador mais utilizado na história do Sporting merecia sair com um campeonato no palmarés. Que seja feliz e que consiga conquistar aquilo que não conquistou connosco. Merece o melhor.


Salin: -

360 minutos de utilização distribuídos equitativamente entre confrontos de exigência reduzida na Taça de Portugal e na Taça da Liga são demasiado escassos para podermos avaliar se Salin é a pessoa certa para o papel de segundo guarda-redes. Se tivesse que arriscar, diria que não -  caso contrário, Jesus ter-lhe-ia confiado a baliza em bastantes mais ocasiões. Uma coisa é certa: nunca senti o mesmo conforto que sentia quando havia Beto no banco.


Cristiano Piccini: **

O mundo sportinguista - incluindo yours truly - torceu o nariz quando viu Piccini ser apresentado em Alvalade. Apesar de ser um desconhecido para a maior parte dos adeptos, o italiano foi rotulado de flop no dia da sua apresentação por causa da sua fraca estatística de cruzamentos - qualidade que todos julgavam ser prioritária havendo Dost para servir. E, de facto, nesse sentido, os receios eram fundados, pois Piccini não convenceu do ponto de vista ofensivo. Mas é justo dizer que não tardou a demonstrar ser um exímio defensor, com uma fantástica capacidade de posicionamento e antecipação. É um jogador talhado para os grandes jogos. Depois há a outra face da moeda: as suas insuficiências ofensivas fazem com que perca grande parte da sua utilidade contra adversários que se fecham na defesa - ou seja, estaremos a falar de 70% dos jogos das competições nacionais. Não sendo o lateral ideal para o campeonato português, é um lateral que interessa ter no plantel.


Stefan Ristovski: **

De início parecia a antítese de Piccini: de vocação bem mais ofensiva e sempre disponível para explorar o espaço no seu corredor, mas com alguns problemas para controlar os extremos adversários em tarefas defensivas. Ainda assim, as suas primeiras exibições foram prometedoras a ponto de se estranhar a falta de oportunidades concedidas por Jesus. Passou depois por um período de menor fulgor, parcialmente justificável por ser utilizado de forma muito esporádica, mas conseguiu acabar a época em bom plano, mostrando melhorias ao nível do posicionamento defensivo e confirmando capacidade para criar desequilíbrios no ataque.



Fábio Coentrão: ** 

A chegada por empréstimo de Coentrão levantou muitas dúvidas nos sportinguistas por causa dos conhecidos problemas físicos, psicológicos e (para alguns, nos quais não me incluo) do passado no Benfica e as juras de amor feitas ao rival. Os primeiros jogos foram algo angustiantes por causa da evidente falta de confiança que tinha na sua condição física - quando Coentrão caía no relvado, o estádio inteiro sustinha a respiração com medo do pior. Mas com o tempo foi recuperando a confiança e acabou por conquistar das bancadas com a sua garra e vontade de vencer. O Coentrão que tivemos está longe do lateral explosivo de há muitos anos, mas não deixa de ser um jogador que sabe sempre o que fazer em campo. A meio gás, foi, confortavelmente, o melhor lateral esquerdo que tivemos em muitos, muitos anos.


Jonathan Silva: *
2015/16: *
2014/15: *

Conforme se esperava, voltou da Argentina sendo o mesmo jogador que era quando saiu de Portugal. Acumulou bastantes minutos no primeiro terço da temporada devido à gestão física / lesões de Coentrão, e deu para ver que manteve as qualidades que tinha e, sobretudo, os defeitos. A raça sul-americana não consegue disfarçar as gritantes insuficiências defensivas. Não surpreendentemente, foi dado como dispensável. Surpreendentemente, a Roma veio buscá-lo. Não surpreendentemente, pouco jogou e na próxima temporada cá o teremos de volta, provavelmente por pouco tempo.


Lumor Agbenyenu: -

Reforço de inverno, não poderia ter tido pior receção do que aquela que Jesus lhe dispensou, pois o primeiro comentário do treinador não podia ter sido mais humilhante. Acabou por ir a jogo mais vezes do que se esperaria, mas apenas numa ocasião jogou mais do que 25 minutos. Nas oportunidades que teve, não se destacou (o que era difícil) nem comprometeu (o que já não é mau). Ou seja, estamos na mesma em relação a janeiro: continua a dúvida sobre se poderá ser uma boa solução para o lugar.


Sebastián Coates: **
2016/17: ***
2015/16: ***

Depois de uma época em que foi uma espécie de pronto-socorro de uma defesa demasiado instável, Coates teve, finalmente, a possibilidade de jogar ao lado de um central de créditos firmados e de laterais que sabem o que fazer no momento defensivo. Estranhamente, esta acabou por ser a época mais irregular do uruguaio desde que chegou ao Sporting: protagonizou demasiadas situações de desconcentração ou excesso de confiança em relação ao que nos tinha habituado. Ainda assim, a época foi globalmente positiva - convém relembrar que foi dos jogadores mais utilizados (54 jogos) e que teve influência decisiva em alguns deles (como nas meias-finais da Taça, em Tondela ou em Vila da Feira).


Jérémy Mathieu: ***

Chegou como um central velho, lento, propenso a lesões e, ainda por cima, fumador - apesar de haver dados suficientes para desmentir a parte do lentidão e das lesões -, mas precisou apenas de dois jogos para conquistar Alvalade, quando, contra o Setúbal, com o jogo empatado a 0 e o tempo a aproximar-se do fim, decidiu fazer duas arrancadas como se de um extremo esquerdo se tratasse para abanar os companheiros da apatia em que tinham caído. Classe imensa, velocidade, espírito vencedor. Ah, e também sabe bater livres. Mais uma época destas, se faz favor.


André Pinto: **

Cumpriu muito bem o papel de terceiro central. André Pinto teve o primeiro teste a sério da época em Vila do Conde quando teve que substituir o lesionado Mathieu à passagem da meia-hora e a defesa não se ressentiu. Continuou a estar globalmente num bom nível nos vários jogos de dificuldade elevada que se seguiram (Juventus, Braga e Olympiakos). Considerando a utilização irregular que teve (já que Coates e Mathieu tiveram épocas muito consistentes), creio que não seria justo exigir-se mais a André Pinto.


Tobias Figueiredo: -
2015/16: *


2014/15: **

Foi com alguma surpresa que ficou no plantel, acabando por participar em apenas quatro jogos. Pode ter sido pouco tempo, mas foi suficiente para perceber que a confiança não abundava - de Tobias em si próprio e da própria equipa e público em Tobias. A sua saída para Inglaterra acabou por ser um desfecho natural.

segunda-feira, 19 de março de 2018

Fechando o ciclo em alta

Não se poderia desejar melhor forma de terminar um ciclo absolutamente infernal. Menos de 72 horas após ter disputado uma eliminatória da Liga Europa com direito a desgaste suplementar de um prolongamento, era natural que se temesse complicações adicionais de um adversário que sabe jogar, mas a realidade acabou por ser bem diferente: o Sporting fez uma excelente exibição e venceu de forma incontestável. A partida acabou por ser relativamente tranquila porque a equipa soube adaptar-se ao que o jogo ofereceu, e qualquer incerteza que tenha havido em relação ao resultado deveu-se, única e exclusivamente, à infelicidade no momento da finalização.




A exibição - pressão alta, velocidade de execução mais elevada do que tem sido norma e maior insistência na verticalização e no aproveitamento de toda a largura do campo para desmontar a defesa adversária. Tudo isto resultou uma das melhores exibições da época, com futebol agradável em largos períodos de tempo e na criação de um elevado número de ocasiões para marcar, ao mesmo tempo que se controlou quase sempre bem as iniciativas ofensivas adversárias.

Gelson - O (excelente) golo e a assistência para Dost foram, obviamente, os momentos altos da exibição de Gelson, mas não se limitou a isso. Para além da habitual disponibilidade defensiva, esteve também na origem de várias outras situações iminentes de golo, como a combinação com Coentrão na jogada em que o lateral rematou (intencionalmente) ao poste. O melhor em campo.

Dost de volta aos golos - regressou aos golos depois do jogo menos feliz realizado em Plzen, e assistiu Gelson com um amortecimento de bola açucarado. No entanto, há que dizer que não começou bem o jogo do ponto de vista da finalização, permitindo defesas a Cássio em duas situações em que, isolado, poderia e deveria ter feito melhor.

O Patrício é para as ocasiões - a única oportunidade do Rio Ave em todo o jogo surgiu no final da primeira parte, com um remate que embateu em Mathieu e, traiçoeiramente, mudou de trajetoria na direção da baliza junto ao poste. Remate que ia com selo de golo e que apenas não o foi devido a uma extraordinária parada da luva direita de Rui Patrício. Que. Época.

Outras menções honrosas - Piccini e Coentrão consistentes na defesa e atrevidos no apoio ao ataque; trabalho de Coates no segundo golo; muito William na segunda parte; mais uma boa exibição de Rúben Ribeiro; Bruno Fernandes a ser Bruno Fernandes; e, claro, a participação do apanha-bolas no primeiro golo.

Estatística interessante - há uma volta em que o Sporting não sofre golos em casa para o campeonato. A última equipa a marcar golos ao Sporting em Alvalade foi o Braga, o nosso próximo adversário.




Ferros e Cássio - mais uma vez, foi a finalização que não nos permitiu acabar mais cedo com as dúvidas no resultado, mas há que dizer que, desta vez, não houve muitos falhanços escandalosos. Muito mérito para Cássio, com várias defesas de grande categoria, e o excesso de pontaria aos ferros: quatro, divididas entre Fábio Coentrão e Bruno Fernandes.

Acuña a menos - entrou complicativo e poucas coisas lhe correram bem. O Sporting acabou por perder com a sua entrada, já que Rúben Ribeiro estava a fazer um bom jogo.



MVP: Gelson Martins

Nota artística: 4

Arbitragem: Rui Costa não tem jeito para isto. Um penálti por assinalar sobre Bruno Fernandes - há um toque subtil no seu pé, igual a muitos outros toques subtis noutras zonas do campo em que o árbitro marcou falta -, e várias faltas mal assinaladas. Nada que não se esperasse, infelizmente.



Finalmente, uma pausa na competição. É certo que metade do plantel vai estar ao serviço das seleções, mas mesmo esses interrompem a sequência ininterrupta de jogos de 3 em 3 dias. Um ritmo competitivo que causou mossas mas que não nos retirou de nenhuma das competições. Em abril há mais.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Vitória hardcore

Começa a ser uma ciência: quando o Sporting ganha à tangente, pode-se aferir a importância da vitória e o nível da azia dos rivais pelo tempo que o presidente do clube adversário passa na sala de imprensa após o final da partida. Nesse sentido, considerando que defrontávamos uma espécie de Benfica C (sendo que o Braga é o Benfica B e o Benfica B é o Benfica D), o jogo de ontem não poderia ter terminado de forma mais apropriada para testar a teoria acima exposta. Golo marcado nos descontos dos descontos dos descontos que deu direito a um presidente na sala de imprensa a mostrar fotos de mazelas de jogadores em lances perfeitamente limpos e a barafustar com a compensação de tempo demasiado esticada por João Capela (aqui com alguma razão, admita-se). Sendo esse presidente um benfiquista assumido que tem o condão de contagiar esse benfiquismo aos treinadores e jogadores que lidera sempre que a sua equipa defronta um grande - principalmente quando o adversário é o Benfica - é fácil compreender a sua a frustração - não tanto pelo ponto perdido - que não lhe deverá fazer particular falta, considerando que o objetivo da manutenção está bem encaminhado -, mas sobretudo pela mala que voou e pela impossibilidade de um certo rival do seu adversário poder assumir o segundo lugar isolado na classificação. Há dias assim.

Foto: Vítor Parente / Kapta+ (zerozero.pt)



Até ao fim - as circunstâncias eram bastante desfavoráveis: havia o desgaste acumulado durante a semana com duas viagens intercontinentais e uma partida exigente, e, para piorar, um dos poucos jogadores poupados a esse esforço foi expulso, deixando a equipa em desvantagem numérica durante meia-hora. Jesus preferiu não mexer na equipa e colocou William como central improvisado. Como seria de esperar, o Sporting não foi capaz de fazer um final de partida tão esclarecido como seria desejável, mas nem por isso deixou de criar ocasiões para marcar. Foi um daqueles jogos ganhos com o coração, graças à superação de esforço de todos os que estavam em campo. Vitória hardcore, mas inteiramente merecida.

A importância de ter Dost - marcou mais um golo que foi só encostar, correspondendo a um magnífico cruzamento de Acuña, mas o holandês teve participação decisiva na construção da jogada, fazendo a ligação com Bruno Fernandes (que depois faria o passe para Acuña) com um precioso toque em habilidade. Não marcou o segundo golo, mas também teve um papel fundamental na jogada ao servir Doumbia com um toque de cabeça em esforço. Ricardo Costa antecipar-se-ia ao costamarfinense desviando a bola para o poste, e Coates faria o resto. O regresso de Dost não podia ter corrido de melhor forma.

A resposta ao golo do Tondela - boa reação da equipa, que aumentou a velocidade de execução e a pressão sobre o adversário, encostando o Tondela às cordas. O golo de Dost surgiu com naturalidade, e a equipa poderia ter perfeitamente chegado ao intervalo em vantagem.



Equipa hardcore - Pepa prometeu e a sua equipa não o desiludiu. A partir do momento em que o Sporting começou a mandar no jogo, o Tondela entrou em modo castanhada e conseguiu superar largamente a média que faz deles a equipa mais faltosa da liga. 24 faltas, algumas delas bastante duras e que não nem sempre foram punidas em conformidade, que ajudará a subir a média de 18 faltas que tinham até esta jornada. Curiosamente, Pepa ainda não explicou em que ilha deserta ficou perdida a equipa hardcore no dia do jogo contra o Benfica, partida que apenas cometeram... 8 faltas. Uma equipa pouco séria, que tem por hábito ser das mais duras do campeonato, mas que estende a passadeira quando o adversário ao Benfica. A rábula do presidente do Tondela após o final do jogo foi a cereja no topo do bolo. Se há uma equipa que merece perder desta forma hardcore, o Tondela é seguramente uma delas.

(via @paravertudo)



A arbitragem - João Capela fez uma excelente arbitragem... até ao tempo de descontos da primeira parte. Deu apenas um minuto adicional (quando houve uma assistência que, sozinha, durou quase dois minutos) e nem deixou marcar um canto conquistado antes desse minuto adicional se ter esgotado. A segunda parte foi muito fraca, com erros para os dois lados. O mais falado é, obviamente, a extensão do tempo de descontos da segunda parte, que foi exagerado (apesar de não tão exagerado como se diz por aí, pois houve imensas paragens após os 90'). Mas, por outro lado, os quatro minutos de descontos, numa segunda parte que teve muitas paragens e substituições, foram compensação demasiado curta. Mathieu foi bem expulso, mas Pedro Nuno devia ter visto também ordem de expulsão - segundos antes tinha simulado uma falta sem ver amarelo, e a varridela a Rúben Ribeiro foi alaranjada. Pareceu-me haver um penálti por assinalar sobre Coates aos 73', mas infelizmente o VAR não fez a revisão desse lance. O amarelo a Murillo por simulação não faz sentido: apesar de não ter havido penálti, o desequilíbrio é natural face à pressão que estava a sofrer de ambos os lados. Coates devia ter visto amarelo por tirar a camisola nos festejos. Arbitragem obviamente negativa, mas não tão inclinada quanto os Benfica Press's da vida quererão fazer crer.

A expulsão de Mathieu - segundo amarelo bem visto, numa asneira pouco compreensível num jogador tão experiente. Esteve muito perto de comprometer decisivamente a conquista dos três pontos.



Nota artística: 4 até à expulsão, 3 no geral.

MVP: Bas Dost



Vitória hardcore, obtida no final de um tempo de descontos hardcore, contra uma equipa que prometia ser hardcore e foi efetivamente hardcore. Curiosamente, foi uma espécie de reedição do jogo de estreia do Tondela na I Liga, em casa emprestada... contra o Sporting, que também terminou em 2-1, com o golo da vitória a surgir aos 98'. Três pontos absolutamente fundamentais.