quarta-feira, 1 de junho de 2016

Evolução dos custos com pessoal

Os relatórios das SADs referentes ao 3º trimestre de 2015/16, divulgados na noite passada, não trouxeram novidades significativas em relação à rubrica dos custos com pessoal - que engloba as remunerações fixas e variáveis das administrações, equipa técnica, jogadores e estrutura em geral. Os valores dos quadros abaixo estão em milhões de euros:



Em comparação com os primeiros 9 meses da época passada:



Sporting

A quase duplicação dos encargos salariais confirma a tendência que já se conhecia desde que foram publicados os resultados do 1º semestre de 2015/16. Esta subida de custos era previsível com a chegada de Jorge Jesus e a contratação de jogadores como Ruiz, Teo, Aquilani ou Barcos, e as renovações de contrato de Jefferson, Carlos Mané, Slimani, João Mário, William, Adrien e Patrício. 

Há que dizer, no entanto, que a subida dos custos é sustentada: as receitas operacionais, mesmo sem o dinheiro da Liga dos Campeões, subiram significativamente em relação a 2014/15. Mas isso será detalhado num futuro post.

Os 17,1M de prejuízos apresentados explicam-se, em grande parte, pela derrota no caso Rojo. Sem os €14,4M que o Sporting foi condenado a pagar (despesa que não se voltará a repetir no futuro), o prejuízo das contas da SAD seria de €2,7M. Isto significa que os custos estão bem ajustados às receitas. De lembrar que, para o ano, o Sporting aumentará consideravelmente as suas receitas das competições europeias, lugares de época, bilheteira, e já terá o patrocínio das camisolas durante toda a época (em 2015/16 apenas houve patrocínio a partir de janeiro).

Como o Sporting não pode apresentar prejuízo no final da época - por causa do acordo estabelecido com a UEFA no âmbito do Fair Play Financeiro -, certamente que será vendido um jogador titular até ao final de junho.


Benfica

Em dezembro, o Benfica era o único dos grandes que tinha baixado os custos com pessoal em relação à época anterior. No entanto, no 3º trimestre os custos subiram a ponto de superar os valores de 2014/15. Parte deste aumento explicar-se-á com os prémios pagos a jogadores e equipa técnica pelo apuramento na fase de grupos da Liga dos Campeões. 

Independentemente disso, fica provado que a tal mudança de paradigma, anunciada no final da época passada, ficou na gaveta. É caso para dizer que valores mais altos se levantaram.

O prejuízo reportado de €7M não é significativo, pois ainda não estão contabilizados o prémio de apuramento para os quartos-de-final da Liga dos Campeões e a venda de Renato Sanches ao Bayern. É previsível, portanto, que o Benfica feche o ano com os melhores resultados financeiros dos três grandes.

Uma curiosidade: o Benfica voltou a ter capitais próprios negativos (-8M), ou seja, voltou a estar em situação de falência técnica (tal como o Sporting). Isto, por si só, não é muito relevante, mas será interessante ver como reagirão determinados comentadores que, há 3 meses,  martelaram, de forma incessante, no facto de o Sporting ter €11M de capitais próprios negativos. 


Porto

A ligeira redução em relação a 2014/15 explica-se pelo esforço de contenção que o Porto fez após a eliminação da Champions - nomeadamente através das saídas de Tello, um dos jogadores mais caros do plantel, Osvaldo e Imbula.

No entanto, esse esforço está muito longe de ser suficiente. No período compreendido entre janeiro e março de 2016, o Porto registou um prejuízo de €20M - e isto já inclui os €3,8M de mais-valias com a venda de Imbula. No conjunto dos 9 meses desta época, o Porto apresentou um assustador prejuízo de €38M, o que significa que a SAD terá que vender uma grande quantidade de jogadores para tapar este buraco.

Ficámos também a saber que o Porto pagou €3,8M por Marega, €1,5M por Suk e, possivelmente (porque não está discriminado), 0,8M por Sá. No entanto, o Porto pagou um adicional de €2M em comissões, elevando o valor das aquisições do mercado de inverno para um total de €8,1M.