Manuel Fernandes foi O meu ídolo de criança. Os golos do Sporting tinham um sabor extra quando eram marcados pelo meu capitão. O dia em o Sporting ganhou 7-1 ao Benfica com 4 golos do Manel é daqueles momentos em que nunca me esquecerei o local onde estava e o que fazia à medida que ia ouvindo pela rádio o avolumar do resultado. Já passaram quase 30 anos e consigo reproduzir fotograficamente na minha memória momentos daquela tarde. Ao mesmo tempo, sou capaz de não me lembrar do que jantei ontem.
Depois de abandonar a carreira de jogador, e enquanto treinador de outras equipas que defrontavam o Sporting, o Manel nunca caiu do pedestal em que o coloquei. Sempre fiquei muito contente por vê-lo regressar ao Sporting, fosse enquanto treinador ou enquanto dirigente.
Ontem, no novo programa da SIC Notícias, Manuel Fernandes falou de forma amargurada por se sentir injustiçado. Ganhava €20.000 por mês, aceitava continuar por metade, mas o Sporting só ofereceu €1.500. Compreendo perfeitamente que não tenha aceite, mas compreendo ainda melhor que o Sporting não lhe quisesse pagar uma fortuna numa altura em que os custos estão a ser cortados de uma forma brutal. O que não compreendo é que lhe tenham oferecido uma fortuna para o papel que foi contratado, mais uma medida de gestão aterradora de Godinho Lopes.
O Manel falou amargurado, mas mesmo estando amargurado e sentindo-se injustiçado, foi correto na forma como expôs a sua versão da história, quer com Virgílio, quer com Inácio, quer com Bruno de Carvalho, e acima de tudo com o Sporting. Como sempre, um exemplo.