quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Resposta proporcional?

"Resposta proporcional" é um termo utilizado pelas nações que decidem fazer ataques militares punitivos contra outras nações que tenham praticado atos hostis mas não suficientes para justificar uma declaração de guerra. Por exemplo, imaginemos um cenário hipotético em que a Líbia (estou a inventar) patrocina terroristas que fazem um atentado que tira a vida a umas dezenas de cidadãos americanos. Os EUA podem decidir bombardear um aeroporto como resposta proporcional, que serve como aviso para o futuro. Mata umas centenas em resposta às dezenas, e todos ficam a fazer figas para que o conflito não alastre mais.

Ao que se diz, o Porto contratou os desaparecidos juvenis Sambú e Cassamá, jogadores que Catió Baldé tinha afastado da academia aquando da disputa por Bruma. Em Junho o Porto já tinha contratado o capitão dos juniores do Sporting, o defesa Ricardo Tavares, que estava em final de contrato. Curiosamente Ricardo Tavares foi hoje titular na nova competição Liga dos Campeões sub-19 em que o Porto se estreou a perder por 3-0 com o Áustria Viena.

Contratação de Sambú e Cassamá: o que nos diz sobre o Porto

Das duas, uma: ou esta ação é considerada como uma declaração de guerra do Porto ao Sporting, ou então é apenas uma resposta proporcional ao corte de relações unilateral do Sporting e às acusações dirigidas a Adelino Caldeira. 

Se é a guerra total, podemos assumir que o que o Porto queria mesmo era Bruma, mas a missão não foi concluída com êxito. Como não puderam afundar o porta-aviões, tiveram que se contentar com dois submarinos, o que mostra que começa a haver muita pólvora seca para os lados da torre do Dragão (não me estou a referir ao desempenho sexual ou aos problemas de gases do seu líder quase centenário).

Se é uma resposta proporcional, isto significa que o Porto não valoriza por aí além a honra e dignidade do seu dirigente Adelino Caldeira, o que não é surpreendente atendendo ao que já conhecemos sobre a estatura moral, ética e criminal da classe dirigente daquele clube.

Perda de Sambú e Cassamá: o que nos diz sobre o Sporting

Nada que não soubéssemos já desde que Bruma deixou de aparecer nos treinos. O Sporting é um alvo fácil para a generalidade dos clubes, árbitros, sindicatos, empresários, opinion makers pouco isentos e outras figuras. Este estado de coisas não muda de um dia para o outro, mas tenho confiança que os passos necessários estão a ser tomados. 

Perder juvenis promissores é triste, mas temos que ter consciência que a única coisa que mantém juvenis ligados a um clube é pouco mais que a sua palavra e a consciência do que será bom para a sua carreira. Não havendo possibilidade de estabelecer contratos que os blindem contra estes aliciamentos, não há muito que se possa fazer se os rapazes não tiverem cabeça.

Mudança de Sambú e Cassamá: o que nos diz sobre Sambú e Cassamá

Continuo a ficar siderado com a falta de bom senso que estes jovens demonstram. O Sporting é a única equipa em Portugal que dá condições aos jovens de terem uma formação de elite e hipótese de alinharem muito novos na equipa principal. Trocar isto por uma equipa que só dá tempo de jogo a jovens se forem sul-americanos e se tiverem custado uma fortuna, é claramente estarem a privilegiar uns trocos a mais que lhes entram no bolso no imediato contra rendimentos (desportivos e financeiros) muito superiores que uma gestão de carreira ajuízada lhes poderia proporcionar.

Sambú e Cassamá podem ter muito potencial. Mas potencial encontra-se em dezenas de jogadores em todas as camadas de formação. Aquilo que acontece entre os 16 e os 20 anos é determinante para transformar grandes promessas em jogadores de valor real, e só uma minoria é que acaba por ver isso acontecer. Esta decisão, na minha opinião, não lhes irá trazer grandes benefícios.

Como devem reagir os sportinguistas

Fala-se em Paim como exemplo. Eu prefiro dar outro. Rabiú foi contratado pelo Sporting por €450.000 quando tinha 16 anos. Era uma promessa de nível mundial pronta a explodir, mas isso nunca chegou a acontecer.

Rabiú acabou por rescindir com o Sporting em 2010, quando tinha 19 anos. Falou-se no interesse do Liverpool que nunca se concretizou, e foi fazer testes para o PSV. Foi contratado e fez 2 jogos. Um ano depois rescindiu. Foi fazer testes para o Celtic e acabou por ser contratado. Fez 1 jogo, e passado um ano rescindiu. Em Janeiro de 2013 assinou pelo Kilmarnock, que foi 9º classificado (em 12) do campeonato escocês. Desde esse dia Rabiú fez 6 jogos.

Já agora, querem saber que outros jogadores jogavam com Rabiú nas camadas jovens do Sporting e de quem se pensava que não tinham o mesmo potencial? Cédric, Adrien Silva, André Martins e Wilson Eduardo.

Todos os jogadores que estão nas camadas jovens do Sporting têm potencial. O Sporting tem uma academia de elite, e não há lugar para jovens que não o tenham. De todos eles só uma pequena percentagem terá uma carreira que lhe permitirá ser titular indiscutível no Sporting, e muito menos ainda poderão ambicionar a uma carreira internacional de primeira linha. É normal que assim seja, é a ordem natural da vida.

Por isso os sportinguistas devem esquecer Sambú e Cassamá rapidamente. Podem vir a ser estrelas? Sim, podem. É provável que isso aconteça? Nem pensar. Existem outros jovens na academia que se poderão chegar à frente para suprir estas saídas? Podem ter a certeza.