A forma como decorreu o jogo do Porto com o Zenit não podia ter corrido melhor, do ponto de vista do Sporting enquanto próximo adversário dos azuis e brancos.
Aos 6 minutos já Herrera caminhava no sentido dos balneários após ver dois cartões amarelos, o segundo dos quais numa infantilidade que raramente se vê em jogos deste nível. Isto obrigou o Porto a jogar com 10 durante mais de 90 minutos, atendendo aos 7 que o árbitro deu de compensações na segunda parte. Isto teve reflexos na resistência física de alguns jogadores, como Lucho e Jackson, que no final já se arrastavam em campo.
Vendo-se em superioridade numérica, o Zenit mandou no jogo, como era sua obrigação. No entanto, mesmo com 10, o Porto teve um jogo bastante conseguido, essencialmente à base do esforço e voluntarismo dos 10 jogadores que ficaram em campo.
No entanto, esse voluntarismo acabou por não ser suficiente, e aos 86 minutos o Zenit marcou o golo da vitória, representando um enorme balde de água fria para todos os portistas. Isto deixa o Porto com uma tarefa muito complicada para conseguir o apuramento para a próxima fase. E psicologicamente deverá deixar marcas.
O que podemos retirar deste jogo:
- Perante o esforço suplementar que este jogo exigiu, é possível que alguns jogadores se ressintam nos últimos 20/30 minutos do jogo com o Sporting
- A equipa do Porto vive um período de grande instabilidade emocional, que se traduziu num número anormal de erros individuais (em que os principais foram a expulsão de Herrera e uma entrega de bola de Otamendi a Hulk que destronaria o passe de Secretário a Acosta no top dos disparates, caso Helton não tivesse defendido brilhantemente o remate de Hulk)
- A exibição de hoje do Porto pode ser considerada boa devido à atitude demonstrada pela equipa em inferioridade numérica; as deficiências coletivas que o Porto tem demonstrado esta época não foram visíveis única e exclusivamente porque o Porto não tinha a obrigação de assumir o jogo com menos um jogador
É possível que voltem aquelas declarações de jogadores e responsáveis do Porto a dizer que o Sporting é que vai pagar a fava. Se disserem isso, é tudo treta. Os níveis de auto-confiança do Porto neste momento, estão num nível baixíssimo. Não convencem sequer os seus adeptos e jogadores, treinadores e dirigentes têm consciência disso. Ai e tal que o Porto ganhou todos os jogos oficiais em Portugal com exceção de um? Sim, é um facto, mas desses só convenceram realmente em dois ou três, e nunca em 90 minutos. Tirando na supertaça, só jogaram bem no máximo durante 45 minutos.
Por isso, atendendo à forma de Sporting e Porto, tenho a convicção que pela primeira vez em muitos anos podemos ir ao Dragão jogar para ganhar independentemente do homem do apito. Neste momento, o 11 do Sporting é superior ao 11 do Porto fisicamente e psicologicamente. O treinador do Sporting tem um modelo de jogo montado de forma muito mais consistente que o treinador do Porto.
Isto não quer dizer que o Porto não seja uma equipa perigosa. Jackson é um enorme jogador, Lucho enquanto tem pernas é um senhor, o Varela que jogou contra o Zenit mete respeito e não é nem de perto nem de longe o coxo que Miguel Sousa Tavares constantemente aponta, Quintero pode fazer a diferença apesar da sua juventude, Danilo e Alex Sandro dão uma profundidade nas laterais que vão exigir toda a nossa atenção.
Mas nós, neste momento, somos uma equipa mais perigosa.
P.S.: quantos árbitros portugueses se atreveriam expulsar Herrera aos 6 minutos, no Dragão, por sair da barreira antes de tempo? Dos atuais, nenhum. Dos antigos árbitros que me lembro de ver apitar, talvez Jorge Coroado e eventualmente Pedro Henriques. Mais ninguém.
P.S.2: o mesmo se aplica para jogos do Benfica na Luz.
P.S.3: o facto de acreditar que o Sporting tem condições para ganhar no Dragão não é equivalente a acreditar que nos possamos considerar candidatos ao título. Isso é outra conversa.