A FC Porto, SAD apresentou um lucro de 20,3 milhões de euros para o exercício de 2012/13. São números notáveis, atendendo à conjuntura económica.
Estamos a falar de um ano em que o Porto realizou vendas sem precedentes: 40 milhões de Hulk, 10 milhões de Álvaro Pereira, 45 milhões de James e 25 milhões de João Moutinho. Ou seja, só nestes 4 realizaram vendas de 120 milhões de Euros.
R&C do 1º trimestre que reporta vendas de Hulk e A. Pereira |
No entanto, no exercício anterior de 2011/12, a SAD do Porto apresentou um prejuízo de 35 milhões de euros, mesmo tendo vendido Falcao ao Atlético Madrid por 40 milhões de euros.
Vendo bem, não me parece que sejam contas muito saudáveis, porque dependeram em grande medida de vendas de passes de jogadores. Se retirarmos essas vendas, e mesmo considerando as compras milionárias pouco habituais que o Porto fez com base nos grandes encaixes que fizeram (Jackson, Reyes, Danilo, Alex Sandro e Herrera são os últimos exemplos), estamos perante contas completamente desequilibradas.
É extraordinário como é que o passivo do Porto está quase ao nível do passivo do Sporting, considerando o nível de receitas que um e outro clube têm conseguido nos últimos dez anos.
Isto também nos pode levar a questionar o rigor dos números de vendas que o Porto costuma anunciar. Quando Hulk foi vendido ao Zenit, o Porto falou numa venda total de 60 milhões, dos quais o clube recebeu 40 milhões relativos a 85% do passe. Ora, se 40 milhões são 85%, então 100% foram 47 milhões (e não 60). E desses 47 milhões ainda têm que se tirar os 5% do mecanismo de solidariedade e comissões da transferência. Vejam como foi detalhada a venda de Falcao. São fatias atrás de outras que vão parar a outros bolsos que não os do clube vendedor.
Outra curiosidade: o Porto vendeu Rúben Micael no pacote Falcao. Segundo esta notícia, eis o que foi comunicado à CMVM:
5 milhões por Rúben Micael. Mas se olharmos para a imagem que coloquei mais acima do 3º trimestre de 2011/12, o que vem nas contas do Porto é:
"A alienação dos direitos desportivos e económicos sobre os jogadores Rúben Micael (...) não geraram resultados significativos."
Rúben Micael custou 3 milhões ao Porto, por 60% do passe. Atendendo que houve amortização do passe ao longo do ano e meio que o jogador esteve no Porto, não se percebe bem como é que o conjunto das mais-valias da venda dos passes ou percentagens de passes de Rúben, Djalma e Iturbe só tenham gerado €950.000 de mais-valias (podem ver no quadro do 3º trimestre de 2011/12 que o total das mais-valias deste período foram de €21.121.14, dos quais €20.170.000 dizem respeito a Falcao).
Há qualquer coisa que não bate certo. Ou as vendas que saem nos jornais (e aparentemente comunicadas à CMVM) não correspondem à realidade, ou alguém anda a meter muito dinheiro ao bolso. Aliás, desde que se falou nos 10% de Mangala oferecidos pelo Porto à Robi Plus, não é novidade o facto de existirem figuras obscuras a ganhar muito dinheiro à custa do Porto.
Voltando às contas do Porto, podemos concluir que não são de todo equilibradas. Estão a ver o que aconteceria se o Porto tivesse dois anos maus, sem conseguir ir à Liga dos Campeões e sem conseguir valorizar jogadores de forma a continuarem a fazer as fantásticas vendas dos últimos anos? Pensem no que aconteceu ao Sporting no tempo de Godinho Lopes e multipliquem por dois.