O Porto é um clube onde se trabalha bem em todos os aspetos que possam ter influência no sucesso da equipa.
Um desses aspetos é a contratação de jogadores, em que o Porto é um modelo para toda a Europa. O velho continente fica de boca aberta perante a capacidade dos portistas descobrirem jogadores desconhecidos, comprando mais ou menos barato e vendendo por dezenas de milhões passados uns anos.
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Por exemplo, o Porto foi pioneiro no filão colombiano. Primeiro com Guarín em 2008, Falcao em 2009, James em 2010, Jackson em 2011 e Quintero em 2013, com o aproveitamento que se conhece.
Com 5 anos de atraso, o Sporting lá percebeu o bem que se trabalha no Porto e foi buscar Montero, com os resultados que temos testemunhado.
A fórmula colombiana do Porto seguiu-se a uma outra fórmula que foi explorada durante anos por Pinto da Costa e seus pares: o filão argentino.
O filão argentino teve o seu início na sequência da época desastrosa de 2004/05, que veio na ressaca das conquistas de Mourinho. Meia equipa campeã europeia foi vendida e o Benfica de Trapattoni acabou por ganhar o campeonato sem saber ler nem escrever.
Com as contratações bem sucedidas, no princípio de 2005/06, de Lucho González e Lisandro Lopez (o bom, não me refiro a defesas centrais que fizeram escala em Lisboa), o Porto retomou a hegemonia do futebol português que perdera brevemente no ano anterior.
A partir daí, a sagacidade dos dirigentes do Porto levou-os, nos anos que se seguiram, a concretizar uma série de outras contratações na Argentina. Ficará na história do Porto o legado deixado pelos ilustres argentinos que foram chegando ao clube, como Lucas Mareque (2006), Ernesto Farías (2007), Mariano González (2007), Mario Bolatti (2007), Nelson Benitez (2008), Tomás Costa (2008), Andrés Madrid (2008), Sebastien Prediger (2009), Fernando Belluschi (2009), Diego Valeri (2009), e que terminou com Otamendi (2010) e Iturbe (2011). Cerca de €30M foram gastos nestes 12 jogadores, com todo o proveito desportivo e financeiro que sabemos que o Porto daí retirou. Otamendi parece um pouco deslocado nesta lista, mas só custou €4M.
Mais recentemente, o departamento de futebol do Porto, sempre à frente dos outros, descobriu um novo filão. No mercado de inverno de 2011/12, o Porto recuperou Lucho González, que se veio a revelar uma peça fundamental para a conquista do campeonato desse ano.
A inteligência prática dos responsáveis do Porto gerou um novo paradigma: a contratação em Janeiro de jogadores experientes, com conhecimento do clube e/ou do campeonato português, a custo zero, pode dar um contributo decisivo para colmatar falhas no plantel, e sem desequilibrar as contas.
Daí que, no mercado de inverno de 2012/13, o Porto tenha tirado dois coelhos da cartola que deixaram o futebol português rendido à astucia dos dirigentes azuis e brancos. Liedson e Izmailov foram jogadas de mestre que tantos dividendos trouxeram ao Porto, e que simultaneamente tiveram o mérito de expor a péssima forma como se trabalha no Sporting.
Para já não passam de rumores insistentes, mas não espanta que se fale agora no regresso de Ricardo Quaresma ao Porto. O Harry Potter parece ser o extremo desejado para uma posição que nem Ricardo nem Licá nem Josué nem Varela nem Kelvin conseguem preencher. Isto apesar de Quaresma não jogar desde Maio, de ter sido operado ao joelho em Junho, e de ter tido a última época de sucesso em 2008. Quaresma promete ser o próximo número de magia da mais fantástica e infalível estrutura de futebol que a Europa já conheceu.
A confirmar-se, trabalha-se bem no Porto.