É conhecido o pouco apreço que Luís Sobral tem por Bruno de Carvalho. Não se trata de nenhum segredo, pois o diretor do Maisfutebol vai fazendo questão de o referir frequentemente -- umas vezes subtilmente, outras de forma bem mais clara.
Nas últimas semanas tem sido particularmente evidente a aversão que Luís Sobral demonstra pelo presidente do Sporting e pelo seu discurso. O seu meio preferido para difundir essa repulsa é o Twitter, onde podemos encontrar comentários como estes:
Comentário no final do Marítimo - Sporting |
Sobre o balanço feito pela Lusa sobre o 1º ano de mandato de BdC |
Não foi a primeira vez que Luís Sobral criticou a Lusa no Twitter, pois umas semanas antes já tinha feito um comentário de natureza semelhante.
Confesso que até achei interessante a invasão (no bom sentido) de egípcios ao facebook do Sporting, principalmente por mostrar a força globalizante do futebol em mercados à primeira vista menos evidentes. Não me parece errado que alguém na Lusa tenha pensado o mesmo. Mas voltemos a Bruno de Carvalho:
Sobre as declarações do presidente da APAF sobre as declarações de BdC |
Sobre as declarações de BdC na CI no dia a seguir ao Sporting - Porto |
Orgulhando-se de o MF não dar relevância à CI de BdC após jogo c/Setúbal |
Após as queixas do Sporting sobre o atraso do Porto na Taça da Liga |
Existem mais tweets de Luís Sobral sobre o presidente do Sporting que vão no mesmo sentido. Luís Sobral não gosta que se ataquem os árbitros, considera o erro de arbitragem algo que faz parte do jogo, pelo que critica todos aqueles que fazem acusações contundentes contra os homens do apito. Por exemplo, analisemos pormenorizadamente os tweets de Luís Sobral em que se insurge contra as duras declarações de Luís Filipe Vieira sobre a arbitragem após o Belenenses - Benfica:
Pois, Luís Sobral devia andar ocupado com outras coisas na altura.
A verdade é que a animosidade de Sobral é real e não tem apenas a ver com as críticas do Sporting à aos árbitros. Antes de Bruno de Carvalho ter feito qualquer comentário sobre arbitragens, já Luís Sobral o criticava abertamente -- como neste artigo, que foi escrito duas semanas após a tomada de posse como presidente do Sporting:
"A conferência de imprensa de Bruno de Carvalho esta tarde foi um exercício inédito de pressão sobre a banca.", escreveu neste artigo de opinião. E concluiria da seguinte forma: "Já quanto ao estilo o estado de graça terminou, pelo menos para mim. A conferência de imprensa com adeptos é uma prática antiga, própria de dirigentes inseguros e organizações que não sabem comunicar.".
No Sporting, o apreço pelo jornalista também não é coisa que abunde. Pouco tempo após o Benfica - Sporting para a Taça de Portugal, o Jornal Sporting escreveu uma peça apontando o dedo à falta de isenção de diversos jornalistas, nos quais se encontrava Luís Sobral. O que o Jornal Sporting escreveu na altura foi isto:
Não gostei de ler, pois achei esta iniciativa bastante deselegante. O facto de um jornalista desportivo ser benfiquista não é nenhum pecado. E a frase de Sobral que foi colocada também não tem nada de condenável. No máximo pode ser considerada de ingénua -- ou hipócrita, no caso de não ser sincera.
O que é condenável nas atitudes de Luís Sobral é o facto de não dar tratamento igual a situações idênticas protagonizadas por presidentes de outros clubes. É certo que já criticou Vieira e Pinto da Costa no passado, mas normalmente fê-lo de forma bem mais genérica e empregando um grau de acidez bem menor. Bruno de Carvalho tem defeitos, tem um estilo agressivo e pouco popular para quem não está do seu lado, mas não merece que lhe dispensem um tratamento bem mais agressivo da parte de quem não concorda com ele. A soma das atitudes de Bruno de Carvalho que possam ter contribuído para a suspeição da indústria do futebol fica a milhas de tudo o que de mau Pinto da Costa e Vieira já fizeram.
Pode ter sido por necessidade, mas Bruno de Carvalho foi o primeiro presidente a cortar de forma radical um orçamento em nome do saneamento financeiro, e de definir um rumo que passa pela aposta nos jovens da formação, com todos os benefícios que daí advirão para a seleção nacional e para o futebol português.
Comparar a seco Bruno de Carvalho com João Loureiro, que foi uma figura com ligações a uma rede de corrupção e tráfico de influências que desvirtuaram o futebol português durante anos a fio, e que acabou por levar o Boavista à falência, apenas expõe de forma evidente o ódio visceral que Sobral sente pelo presidente do Sporting.
Luís Sobral costuma acusar pessoas como eu de serem fanáticas, por só quererem saber do clube que apoiam e não gostarem realmente de futebol. Admito que possa ter razão. Mas o que é facto é que o próprio Sobral revela algum fanatismo nestes ataques incondicionais que vem fazendo, demonizando todos os atos de um presidente e ignorando ou criticando ao de leve os atos de outros. Se calhar não somos assim tão diferentes.