segunda-feira, 10 de março de 2014

O benemérito do futebol português

in record.pt

Na passada semana ficámos a saber, por ocasião da reunião de clubes em Fátima, que Vieira usa o Benfica como se tratasse de instituição bancária e empresta dinheiro a um clube concorrente da I Liga. Ninguém acredita que tenha sido uma ação de caridade genuína, já que os €320M que o Benfica deve à banca custam algumas dezenas de milhões de euros em juros todos os anos. Foi a troco de quê, então? 

Já sabíamos que o Benfica usa o seu canal de televisão para adquirir direitos televisivos de clubes concorrentes. Hoje é apenas o Farense, mas deve ser uma questão de tempo para o fazer também com um ou mais clubes da I Liga. Conflito de interesses, anyone?

Era conhecido de todos que o os jogadores emprestados pelo Benfica a outros clubes da I Liga acabam por não ser utilizados contra os encarnados, apesar de isso estar expressamente proibido nos regulamentos da Liga.

Na semana passada descobrimos também que o Benfica cedeu gratuitamente um jogador a outro clube da I Liga, mantendo 90% dos direitos económicos do atleta e estabelecendo um acordo verbal de "cavalheiros" com o clube que o recebeu, que impede o jogador de ser utilizado nos jogos contra os nossos vizinhos da 2ª circular.

Também é do conhecimento público, pelas escutas do apito dourado, que Vieira não tem problemas em escolher árbitros para jogos do Benfica.

Estes são alguns dos casos conhecidos, e só podemos imaginar que mais coisas do género se passam e que nunca chegam a conhecer a luz do dia.

Significa que o Benfica é pior que o Porto na tentativa de condicionar adversários diretos e de os manter debaixo da sua asa através de dependências extra-desportivas? Claro que não. O Porto tem décadas de experiência em montar redes que condicionam ativamente a competição futebolística em Portugal, alimentadas por um conjunto de práticas altamente censuráveis.

Mas é indiscutível que o caminho do Benfica é cada vez mais semelhante ao do Porto. Os métodos podem diferir e serem menos condenáveis, mas não duvido que é apenas por uma questão de falta de oportunidade do que falta de vontade. Atendendo aos exemplos que dei, alguém duvida que se estendessem de mão beijada a Vieira e ao Benfica uma rede de corrupção e tráfico de influências semelhante à do Porto, a oportunidade não seria agarrada com as duas mãos?