Na sexta-feira vi um filme chamado "The Damned United", que fala sobre a carreira de Brian Clough nos tempos em que foi treinador do Derby County, e dos atribulados 44 dias em que Clough treinou o Leeds United, no ano de 1974.
Clough ganhou fama ao conseguir, no espaço de 5 anos, levar o Derby County da segunda divisão até ao título de campeão inglês, alcançado em 1972. Durante esse período foi pública a rivalidade entre Clough e Don Revie, treinador bicampeão do Leeds, crónico candidato ao título da altura.
Clough acusava Revie e o Leeds de praticarem jogo sujo e duro, chegando mesmo a pedir à Federação Inglesa que tomasse medidas contra os métodos anti-desportivos utilizados em campo. Daí que tenha sido um choque quando, em 1974, Clough foi contratado pelo Leeds para treinar o clube, após Don Revie ter sido nomeado selecionador da Inglaterra.
No filme, há um momento crítico passado nas vésperas da segunda-mão das meias finais da Taça dos Campeões Europeus de 1973, em que o Derby County defrontava a Juventus. Após um empate em casa por 0-0 com os italianos, o presidente do Derby pediu a Clough que poupasse a equipa na partida para o campeonato que antecedia o decisivo jogo da 2ª mão em Turim. Acontece que esse jogo para o campeonato era precisamente com o Leeds. O orgulho de Clough levou-o a recusar o pedido do presidente e pôs a carne toda no assador contra o Leeds. Vários jogadores importantes do Derby saíram lesionados nesse jogo e não puderam ser utilizados contra a Juventus, que venceria o Derby na 2ª mão por 3-1.
Não conhecia esta rivalidade até ter visto o filme, mas parecem existir várias imprecisões na forma como o filme (que se baseia num livro com o mesmo nome) conta esta história. A rivalidade entre Clough e Revie existiu de facto, mas desconheço se esta chacina praticada dentro de campo pelo Leeds em vésperas do jogo com a Juventus realmente aconteceu. O que se sabe que realmente aconteceu (e que não aparece no filme), é que Clough, ao ser eliminado, apelidou os italianos de "cheating bastards".
Entre o que é realidade e o que será ficção, a verdade é que há aqui muitos paralelismos para aquilo que será o Benfica de logo contra o Porto, nas meias-finais da Taça da Liga e nas meias-finais contra a Juventus.
Em cima da mesa estará um conflito de interesses que qualquer benfiquista terá equacionado: o Benfica deverá poupar no jogo de logo para descansar peças fundamentais para o jogo com a Juventus, ou deverá alinhar na máxima força para espetar mais uma estaca no coração do Porto? É que duas vitórias do Benfica sobre o Porto nos jogos que faltam é material para infligir ao rival um daqueles traumas que demoram anos a ultrapassar. Não só o Porto entraria com a auto-estima em baixo em 2014/15, como já entraria em campo meio derrotado quando defrontasse o Benfica.
No entanto, parece-me que as questões de orgulho irão ficar para segundo plano perante o jogo bem mais importante que o Benfica tem em Turim. Esta época, Jesus tem sabido muito bem estabelecer prioridades, pelo que me parece que apostará em vários jogadores que não fazem parte do melhor onze do Benfica. E bem, na minha opinião. A abordagem pragmática parece-me ser a mais sensata.
Quanto aos "cheating bastards" e o jogo com a Juventus, bem, ninguém ficaria muito surpreendido se isso acontecesse daqui a uns dias, pois não?
Quanto aos "cheating bastards" e o jogo com a Juventus, bem, ninguém ficaria muito surpreendido se isso acontecesse daqui a uns dias, pois não?