Há cerca de dez dias o Sporting comunicou o despedimento dos restantes trabalhadores que eram responsáveis pela publicação do jornal do clube, e ao mesmo tempo anunciou que os vários canais de comunicação (atuais e futuros) serão geridos por uma empresa chamada YoungNetwork Group.
Um despedimento é sempre um drama pessoal que nunca se deseja a ninguém, e muito menos quando isso se passa no nosso clube do coração, mas a verdade é que o Sporting vive tempos de dificuldades que, infelizmente, tornam situações inevitáveis.
Também inevitável era a redefinição da forma como a comunicação do clube estava a ser gerida. A presença nas redes sociais era sofrível (ou pouco mais que spam no caso do Twitter). O site do clube tem uma navegação pouco clara e é pobre do ponto de vista de conteúdos. O jornal fazia o seu papel de forma aceitável, apesar das inúmeras gralhas. É preciso no entanto sermos justos: era impossível exigir um serviço de excelência na sequência dos despedimentos realizados ao longo do último ano.
A escolha da empresa YoungNetwork Group para gerir as várias plataformas de comunicação do clube também não está livre de dúvidas, devido ao facto de terem trabalhado com Bruno de Carvalho na campanha eleitoral. É natural que a confiança seja um fator fundamental na escolha de uma empresa para qualquer parceria, mas é legítimo que quem esteja de fora possa questionar até que ponto esta ligação tenha sido estabelecida pensando única e exclusivamente no interesse do clube.
O facto de a equipa da YougNetwork Group ser liderada pelo antigo jornalista Bruno Roseiro, que acaba de publicar um livro sobre Bruno de Carvalho chamado "O Presidente Sem Medo" também não me deixa nada confortável. Para transformar a comunicação do clube em propaganda ao serviço do líder vai um passo pequeno, e detestaria que Bruno de Carvalho decidisse avançar por esse caminho. Para Bruno de Carvalho continuar ser um presidente popular basta-lhe continuar a defender os interesses do clube da forma competente e intransigente que tem feito desde que assumiu o cargo.
De qualquer forma, seria uma injustiça da minha parte não dar o benefício da dúvida a um presidente que até agora tem tido um desempenho praticamente sem manchas.
Voltando à mudança na estratégia de comunicação, trata-se de algo que era imprescindível. É importantíssimo envolver os sócios e adeptos à volta do clube, que é algo que não tem estado a ser feito de forma competente. Por exemplo, não utilizar as redes sociais de forma consistente e efetiva é um pecado que não podemos continuar a cometer. Nos últimos dias assistimos ao um renascimento da presença do Sporting no Twitter (@Sporting_CP), o que é de saudar.
A edição desta semana do jornal Sporting também já foi da exclusiva responsabilidade da nova equipa. Para já não notei grandes diferenças, mas creio que existem algumas coisas que podem ser melhoradas. Para além da abolição das gralhas (continuam a ver-se algumas na edição desta semana), seria interessante abrir mais espaços de opinião (livre) a sportinguistas ilustres que não se importem de escrever numa base regular (mensal, quinzenal ou mesmo semanal) sem custos para o clube. Faz sentido continuar com as entrevistas semanais aos jogadores do clube e, principalmente, com os artigos de fundo que, para mim, têm sido o principal foco de interesse do jornal nos últimos meses.
No caso do jornal em formato digital há muito por onde melhorar. A navegação é mais complicada do que devia, e não há qualquer tentativa de aproveitar as capacidades multimédia desse meio. Coisas simples como ligações a resumos dos jogos, vídeos das entrevistas, e infografias dinâmicas acrescentariam valor à publicação.
Finalmente, uma palavra sobre a Sporting TV, que é uma necessidade inadiável para todos os sportinguistas. Não faz sentido absolutamente nenhum que em 2014 ainda não tenhamos forma de assistir aos jogos da equipa B, das camadas jovens, e das modalidades, quando já existem tantos meios para o fazer de forma pouco onerosa. De qualquer forma, o presidente já garantiu que a televisão do clube será uma realidade a curto prazo, pelo que aguardo ansiosamente novidades sobre o assunto.
Como é evidente, a abertura e gestão de todos estes canais de comunicação com os sócios e adeptos tem que ser realizada de forma integrada, e sem loucuras do ponto de vista financeiro, pelo que se compreende a reestruturação anunciada pela direção. Esperemos que as mudanças decididas correspondam às expetativas dos sportinguistas no sentido de melhorar o acompanhamento do dia-a-dia do clube.