COMPREENDO:
- A chamada de jogadores com pouca utilização ao longo da época, mas que fazem parte da mobília, como Nani, Vieirinha, e Hélder Postiga: Paulo Bento sempre defendeu um núcleo duro de jogadores, e é leal com esses jogadores até às últimas consequências. Parece-me uma boa forma de assegurar um bom ambiente no balneário.
- Que André Martins fique fora da pré-convocatória: Teve uma época em que se destacou mais pela raça e pelo empenho colocado em campo do que com o brilhantismo das suas exibições.
- Que Carlos Mané fique fora da pré-convocatória: Começou a época na equipa B e só passou a ser utilizado com frequência a partir de janeiro. Teve excelentes momentos mas falta-lhe consistência, o que é perfeitamente natural atendendo à sua idade.
NÃO COMPREENDO:
- Que Cédric fique de fora da convocatória: Cédric foi, na minha opinião, o melhor defesa direito do campeonato. Foi preponderante no jogo ofensivo do Sporting, e melhorou imenso defensivamente. Tem um pulmão inesgotável, e uma característica muito preciosa nos laterais: sabe cruzar com os dois pés.
- Que Adrien fique de fora da convocatória: Adrien foi dos melhores jogadores do campeonato. Intensidade máxima durante todo o jogo, enorme técnica, capacidade de passe, e um trunfo nas bolas paradas.
- Que se utilize o argumento da polivalência para se justificar a convocatória de alguns jogadores: Percebe-se que a polivalência seja um fator de peso numa desgastante época de clubes, em que se sucedem as lesões, castigos, e variações de forma que obrigam a soluções de recurso. Em épocas com 40/50/60 jogos, há lugar para jogadores que não sendo opções de raíz para um determinado lugar, acabam por ser uma solução conveniente em vários períodos da temporada. No entanto, num mundial a importância da polivalência é muito mais reduzida, pois não só jogarão um máximo de 7 jogos (se tudo correr como desejamos), como o treinador pode ter no banco 12 suplentes, ou seja, qualquer um dos 23 jogadores é opção em qualquer momento do jogo. Para além disso, há vários jogadores com lugar natural nos 23 que poderão fazer várias posições em casos de extrema necessidade, como Miguel Veloso (LE), Rúben Amorim (LD), Ricardo Costa (LD), Pepe (MDef) ou Fábio Coentrão (EE). Não há necessidade de convocar jogadores só porque são polivalentes.
- Que só haja um lateral direito de raíz nos 30, mas muitas opções de adaptação: Vamos supor que João Pereira leva um amarelo contra a Alemanha e contra os EUA, o que não é totalmente descabido. Previsivelmente, seremos obrigados a conseguir um bom resultado no último jogo com o Gana. Cabe na cabeça de alguém que não exista um lateral direito de raíz para substituir o titular? Quem faria mais sentido numa situação dessas? Cédric, lateral de raíz, capaz de fazer o corredor inteiro, ou André Almeida, Ricardo Costa, ou Rúben Amorim, adaptações que apenas assegurarão a parte defensiva dessa posição?
- Que Adrien fique de fora, mas se convoque João Mário e André Gomes: Até ao golo que marcou contra o Porto na taça, os benfiquistas eram quase unânimes a dizer que André Gomes não tinha intensidade de jogo para ser opção no Benfica. Depois do golo passou a ser mais uma divindade a andar no meio de mortais. Quanto a João Mário, fez uma boa segunda metade de época no Setúbal, mas ainda não está ao nível de Adrien. Tem tempo para lá chegar.
- Que Mané fique de fora, mas se convoque Ivan Cavaleiro: O benfiquista teve exatamente o mesmo percurso que Mané, mas sem alguma vez ter atingido o nível de brilhantismo do sportinguista. Enquanto que Mané teve uma evolução gradual até ser opção regular na equipa A, Cavaleiro foi colocado a jogar por pressão mediática após ter feito uma mão cheia de golos na equipa B, mas rapidamente acabou de deixar de ser opção para Jorge Jesus, acabando por ser utilizado essencialmente em jogos de prioridade secundária.